A Dor da Perda, Esmaga

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Saiuni grita em agonia e despenca no chão, sem forças para aguentar seu corpo, sua respiração volta a exaltar e Dinesh pega-a nos braços, não queria ter que reanimá-la novamente, não passaria por aquela dor e desespero uma segunda vez, não se pudesse impedir.

— Saiuni! Fala comigo! — Ele pede encarando os olhos que tanto ama piscar sem foco. — Nosso filho está te esperando, não caia agora! Aguente mais um pouquinho. — Saiuni busca a voz do namorado e tenta controlar a respiração. — Tales precisa de você, amor! — Ele murmura a encarando e então Keid grita em desespero. 

Saiuni volta a si quando escuta o nome do filho e o desespero de seu irmão. Suas mãos ainda tremem quando Dinesh lhe ajuda a levantar-se, seus olhos correm pela sala e vê Elton sem reação no canto da sala, murmurando palavras baixas e com os olhos arregalados. Saiuni fecha as mãos em punhos com a raiva tentando lhe dominar. 

— Matei ela… Eu matei minha esposa! — Saiuni ignora seu pai e segue para Keid que chora copiosamente em cima do corpo de Chantal. 

— Mãe! Não! Por favor! Mãe! — Ele murmura esquencendo da própria dor e se afundando na dor emocional, na dor de perder quem ama, a dor massacrante de perder uma mãe. Seus braços amparam o corpo e o sangue lhe suja. Ele ergue a cabeça e se depara com Saiuni, seus lábios tremem e ele morde o lábio inferior. — Saiuni… O que a gente faz?

Saiuni respira fundo e funga engolindo seu choro, ela passa o punho sobre os olhos e enxuga suas lágrimas puxando ar para seus pulmões, a loira se abaixa e fecha os olhos da mãe enquanto Dinesh murmura para Keid, em pé ao seu lado. 

— Nós vamos embora, Keid! Sinto muito mas não temos tempo… — O moreno responde o loiro e puxa seus braços. 

Keid olha para o lado e vê o helicóptero parado não muito longe e então só quando ele vê os cabelos negros de Bo, ele se ergue e caminha à  passos largos, antes de embarcar na aeronave ele se vira somente para ver sua mãe uma última vez e é amparado pela namorada, porém sem derramar nenhuma lágrima, Keid sentia que não conseguiria chorar nunca mais! 

Saiuni sentia quebrada, como ela imaginaria que sua mãe entraria na frente de uma bala para proteger o filho? Logo a sua mãe! Apesar de tudo ela queria poder ter impedido! Enquanto o helicóptero decolava e Saiuni via Elton desaparecer, pedia forças para conseguir tirar uma vida, queria ter o sangue frio de seu pai para tirar a vida dele, tirar a vida que ele não merecia ter! Poder fazer jus à todas as vidas que ele havia tirado de forma brusca e sem aviso prévio. Tinha à matado ali, bem ali, matou sua mãe bem na sua frente e ela nem pode fazer nada! Como ele pôde? No fim das contas ele tinha conseguido se vingar, pedia para nunca mais vê-lo porque não conseguia pensar em uma forma de melhor morte para seu pai, para Saiuni, tudo parecia pouco demais para tudo que ele tinha feito, nenhuma tortura seria pior do que matar a própria esposa e a loira começou ali, naquela fuga aérea, pedir com toda a sua força que Elton nunca esquecesse que ele havia matado a própria esposa, matou Chantal e tinha que sofrer com isso mesmo que ele não queira!

— Mamãe? — Saiuni escuta a voz fina e preocupada de seu filho, seus olhos se enchem de lágrimas pesadas. Pensou que nunca mais iria vê-lo e então o abraça fechando os olhos e deixando que as lágrimas enfim caíssem. Não queria nunca que seu filho a visse morrer daquela forma tão brutal! — Mamãe? Por que tem barulho de polícia? 

— Porque os policiais estão atrás de um homem muito mal e difícil de pegar! — Dinesh murmura acariciando os cabelos do filho, sentia seu coração pesar vendo Saiuni despedaçada mas ele não podia fazer nada, era melhor que ela chorasse tudo que podia do que guardar as emoções para si. 

A sirene vai ficando distante e ele lembra do plano, que quase falhou. Trazer a polícia de tão longe não foi fácil, ainda mais que ele precisou mudar o local do ataque em cima da hora. Entregar Elton e alguns de seus crimes em troca de sua liberdade no começo era algo a se pensar, mas, depois que ele esfaqueou sua mulher bem na sua frente, Dinesh engoliu todo o seu esforço e pesar e fez uma grande e pesada pasta com crimes, provas e tudo que Elton escondia e mandou para o detetive que há anos lhe procurava, era uma troca justa, ele se repetia todo dia. Chegar antes da polícia e sua cavalaria foi tão difícil e em cima da hora como quando fazia seus assaltos, ele nunca pensou que Chantal fosse ser assassinada quando a soltou mas se soubesse tinha feito igual, nada iria mudar o fato de que naquele dia ela tinha salvo seus dois filhos e pago com a vida, foi uma escolha de sua sogra e uma dor que sua namorada e cunhado iriam carregar para a vida. 

— Parece que a coisa lá dentro foi intensa! — O piloto murmura olhando brevemente para Dinesh, o moreno encara seu amigo e sorri, pela presença e não por seu comentário. 

— Escuta Samuel, segue até a praia que a gente vai descer. — Dinesh murmura apoiando sua mão no ombro do piloto em forma de agradecimento. — Obrigado por me ajudar hoje! 

— Você sabe que pode contar comigo para qualqer fuga, maluco! — Samuel murmura e encara os outros passageiros. — Para quem vinha buscar o filho, o restante é brinde!

— Assunto para outro momento… — Dinesh murmura acariciando os cabelos de Saiuni. Dois pares de olhos azuis o encaram e ele sorri. Saiuni olha brevemente desconfiada para Samuel e depois para o seu namorado. — Foi dele que te falei, Sah. — Ele à acalma, Saiuni acena e abraça Tales que olha pela janela sorrindo. 

Momentos depois, quando Samuel pousou perto da praia e todos começaram a desembarcar, ele segurou Dinesh pelo braço e murmurou em tom de confissão e desculpa. 

— Cara… — Samuel torceu a boca em desagrado e passou a mão livre pelos fios longos acobreados e bagunçados, tirando o fone e pendurando no pescoço. — Sinto muito mas o seu pai veio junto…! 

Dinesh o encara de boca aberta, surpreso, chocado ele passa a língua pelos dentes, desacreditado e lentamente tira a mão de Samuel de seu braço. Suas mãos se fecham em punhos apertados e ele respira fundo, sentia desgosto e se perguntava o que o velho Jackie estava novamente se intrometendo em sua vida. 

— Cara? — Samuel chama e cutuca o ombro do amigo. — Din? Dinesh!? Fala alguma coisa paspalho! 

— Será que ele não entende que eu não o quero por perto? — Dinesh explode e soca o estofado do banco. — Se ele pensa que vai levar o meu filho pra longe de novo, está muito enganado! 

🤜🏾💣💣💣🤛🏾
Ainda tem chão!

E então? Quem se lembra de quando o pai de Dinesh foi citado na história?

Eu lembro🙋🏾‍♀️ e vocês?

Boom... beijocas💋

Colecionadores de VidasOnde histórias criam vida. Descubra agora