Saiuni abre os olhos, nada, a escuridão lhe dá olá. Seus próximos movimentos também são interrompidos, sua tentativa de mover as mãos para retirar o que tapa seus olhos são em vão, estava amarrada! A loira segura o grito de raiva e revolta dentro de si e respira fundo tentando aguçar seus outros sentidos. Seu olfato flagra um cheiro de mofo e ela torce o nariz em desagrado, seu paladar não sente nada, sua boca seca só a deixa impossibilitada de gritar e pedir ajuda, ainda que seja em vão. Então, o último de seus sentidos dá sinal de presença e Saiuni escuta, passos, muitos passos, portas sendo abertas e fechadas mas nada perto de si. Um grito de raiva é explanado pela casa e ela reconhece a voz.
— EU TE ODEIO ELTON! — Keid grita em um andar acima e ela paralisa, um tiro é disparado e se faz silêncio. Seria o silêncio da morte? Ela implorava em silêncio que não. Seus olhos se enchem de lágrimas e elas molham a venda, ele não podia ter matado seu irmão, podia? Arfavava e chorava em agonia por não escutar mais nada, pedia para que Keid desse sinal de vida.
Ela engole o choro quando escuta passos e a porta e escancarada com brutalidade, perdeu tempo chorando quando tinha que procurar algo pra se soltar.
— Está chorando princesinha? — O cheiro de desinfetante chega primeiro que a voz do homem. — Seu filho nem vai sentir falta de uma mãe melindrosa vadia como você!
— Como você sabe do meu filho? — Ela pergunta sentindo a impotência lhe invadir.
— Como eu sei de seu filho? — O homem responde rindo e se move, Saiuni sente o local onde está, afundar e então já sabe que está amarrada em uma cama, o homem senta ao seu lado e passa os dedos por seu braço estendido, suas mãos se fecham em punho e ela segura a respiração. — Aquele pirralho com os pés podres? — O homem passa as mãos pelas pernas de Saiuni até chegar aos pés, ela sente a respiração bater contra sua pele. — Você vai me pagar por me deixar cego e se eu não me sentir satisfeito, vou atrás do seu precioso garoto, sua vaca!
Saiuni morde a boca com raiva e segura a corda que lhe prende para impulsionar seus pés pra cima e chutar o rosto do homem, ela escuta o homem gemer de dor e surpresa e cair pra fora da cama. Ela solta os dentes dos lábios e sorri.
— Conseguiu voltar a enxergar agora? — Ela caçoa e logo fecha a cara. — Nem pense em chegar perto do meu filho, seu verme desprezível! — A loira grita descontrolada. — Se eu morrer, volto dos mortos pra te buscar e acabar com a sua raça!
A gargalhada atinge em cheio a ousadia da mulher, que se cala e espera o próximo ataque. O homem a surpreende quando pula em cima dela e agarra seu pescoço, aumentando a pressão constantemente, Saiuni engasga.
— Todo valentão! — Saiuni sussurra junta fôlego pra provocar. — É um covarde! Medroso!... — Ela murmura com ódio e falta de ar. — Te dei uma surra... e você não teve alternativa... ao não ser me prender! — Saiuni tenta buscar oxigênio enquanto perde as forças e começa a tossir quando volta a falar. — Vou morrer!... Mas... pelo menos eu te deixei uma marca!... Seu escroto!
Os olhos de Saiuni estão fechando quando ela escuta seu nome ser pronunciado, mas o ar não entra mais em seus pulmões e tudo o que ela devolve, é um suspiro e um pensamento em seu filho e em seu namorado.
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— Chegou a sua hora, Keid!
O loiro tenta não mostrar seu terror e então decide rebater os insultos de seu pai.
— Pensei que você fosse mais corajoso! — Ele diz sorrindo e observa o homem encapuzado ficar perto da porta e Elton se aproximar. — Precisou me apagar pra me prender e aí que está, me prendeu pra tentar me matar! — Keid balança a cabeça com dificuldade pela posição, mas, nega, desaprovando. — Só não bato palmas porque um corno, me prendeu! Quem foi o felizardo? Você ou a marionete ali atrás?
— Corno? — Elton pergunta pegando um alicate na mesa ao lado de Keid, o homem encara o outro pendurado e sorri, um sorriso frio e sem emoção, como o do helicóptero. — Sua mãe chegou a me trair assim?
— Larga de ser surtado! Seu louco! — Keid grita puxando os braços. — Minha mãe te ama! Infelizmente ela é cega pra não ver o psicopata que você se tornou, não é mais o cara com quem ela se casou mas ela te endeusa!
— Mentiroso! — Elton exclama e com uma agulha ele espeta na coxa direita de Keid. — Porque você defende a sua mãe até na hora da morte? Ela não irá te salvar! Vou deixar você morrer sem sangue de tanto que vou te furar, por ter me traído!
— Até eu estar morto, quem importa de verdade já vai estar longe! — Keid murmura tentando segurar a dor de estar sendo perfurado por agulhas. — Eu vou morrer mas vai ser pagando pelos meus crimes! — Ele abre os olhos e diz com urgência. — Quando você morrer e for pagar pelos seus crimes, vai precisar de outras cinco vidas para pagar! Porque você é inteirinho sujo, você vive pela maldade e como eu sei que não irá se arrepender, o fogo vai ser pouco para exonerar o mau de você!
— Do que está falando? Com quem pensa que está falando? — Elton grita, a agulha medicinal em sua mão perfura Keid novamente. — Eu já cuidei daqueles três impecilhos! Por causa deles que a minha família desandou! Eu sou Elton Hensley! Ninguém vai me fazer cair!
— Tem razão, a sua queda vai ser uma das piores já vistas! Eu não estarei presente em corpo, mas, vou com certeza mexer meus pauzinhos pra onde eu for e assistir de camarote sua grandeza ruir de seus dedos. — Keid murmura cansado e se rendendo a dor, fechava os dedos entorno da corda e apertava os olhos, não iria demonstrar fraqueza! — E eu tenho certeza que Dinesh já levou Bo e Tales pra longe de você! Saiuni vai ficar orgulhosa!
— Só em seus sonhos mais belos! — Elton gargalha e o homem no canto o acompanha. — Dinesh não vai salvá-los! Dinesh está mais amarrado que você! E a sua irmã? — Ele aprofunda sua gargalhada e o encara centrado. — Saiuni felizmente ou infelizmente, depende do ponto de vista, está pagando por sua língua, ousadia e desobediência de todos esses anos! A sua irmã deveria aproveitar, vai morrer... — Elton se vira e encara o mascarado, para que complete seu discurso.
— Bem gostoso! — A voz sai abafada pela máscara mas se percebe que ele está sorrindo.
— Você não tem vergonha? — Keid esbraveja com ódio. — Não tem escrúpulos? É a sua filha, Elton! Mandou que a violentasse? Mas você é um porco mesmo! — Keid cospe as palavras e puxa as cordas, desejando poder salvar sua irmã e novamente não cumprindo com sua palavra! Como pôde deixar chegar aquele ponto? Não servia pra proteger e defender nem a sua irmã, o mundo não ia sentir falta de alguém como ele. — EU TE ODEIO ELTON! — O loiro grita e encara o homem inabalado em pé à sua frente. — Com todas as minhas forças, eu queria nunca ter tido um pai como você!
Elton revira os olhos e empunha sua pistola, destrava e aponta para o rosto do filho.
— Chega, não aguento mais você! — Elton murmura e balança a arma em descaso. — Suas últimas palavras?
— Vá pro inferno!
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BOA TARDEE!!Capítulo de hoje, Keid vs Elton! Apesar de Keid estar preso foi um diálogo um tanto quanto libertador...
Saiuni lutou bravamente e mesmo assim, faltou-lhe ar...Digam me o que acharam! Quem morre? Quem vive?
Até o próximo capítulo, beijocas!
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Colecionadores de Vidas
RomanceTudo o que Saiuni e seu irmão Keid, mais querem, é serem livres! Poderem escolher e decidir por conta própria e correrem seus próprios riscos, conforme seu destinos prescreveu. A situação famíliar de Saiuni já não está muito estável, quando ela sai...