Um Tempo Juntos

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Dinesh prende uma toalha em volta da cintura e se olha no espelho, uma ferida aberta no ombro esquerdo, um olho roxo, um corte superficial na batata da perna direita. Sua mão se ergue para arrumar o cabelo e sente uma dor na lateral do corpo, sua visão se abaixa e uma mistura de vermelho, amarelo e roxo se encontram na região da sua costela. O moreno cerra os dentes quando constata que tem uma ou duas costelas quebradas.

— Maldito Hensley! — Esbraveja fechando as mãos em punhos. Sua mente trabalha avidamente em uma boa vingança.

Batidas na porta do banheiro o faz desviar sua concentração, ele se move até a porta e a abre, Saiuni o encara sem graça e estica um cabide com roupas, evitando a todo momento olhar para suas definições; ela nunca foi de ficar envergonhada com qualquer coisa mas namoros seria uma coisa que ela não tinha praticado ao longo dos anos, Saiuni sempre disse para si mesma que para esta época o seu cinto de castidade sempre foi Elton! Beijos e amassos ela já tinha conseguido em seu tempo de estudante do colegial e universitária, mas, além disso, Elton estava sempre em sua cola.

— Porém, seria muito mais fácil e prático se eu fizesse os curativos enquanto você estivesse assim! — Ela diz momentos depois tentando ignorar sua vergonha.

— Está querendo dizer, para que eu fique, só, de toalha para você poder mexer no meu corpo com mais facilidade? — Dinesh brinca e para a sua surpresa a loira o encara seria e concorda, ele abre um sorriso sugestivo.

— Espera! — Saiuni exclama após segundos. — Não foi isso que eu disse! Não nesse sentido! Está distorcendo minhas palavras!

Dinesh sorri mais ainda, não gostava nenhum um pouco dos Hensley mas brincar e conversar com Saiuni, o deixava mais leve e tranquilo e isso não era bom, precisava focar-se em seu plano e ir embora o mais rápido possível! Aquele lugar se tornava cada vez mais sufocante.

— Certo Lôra, se você vai me ajudar com os ferimentos é melhor ser aqui dentro, já que eu acredito que você não falou com a criança sobre mim. — Dinesh dá um passo para o lado, indicando que Saiuni adentre o banheiro, mas, ela não move nenhum músculo, só o encara séria para depois cruzar os braços em frente ao busto. — O que é?

— Primeiro, eu não te dei intimidade pra ficar me dando apelido. — Faz cara de deboche revirando os olhos. — Eu sou tão desconfiada quanto o louco do meu pai, e isso significa que ainda tenho os dois pés atrás com você! Portanto, não abuse da sorte! — Ela exclama gesticulando com os braços e apontando para o homem. — E segundo, eu não escondo nada do meu filho! Por qual motivo eu esconderia você dele? Você não seria louco de fazer nada com ele de qualquer forma, morreria antes mesmo de pensar em fugir!

Dinesh volta a ficar em sua frente e ao em vez de discutir, ele franze a testa e com uma expressão de preocupação que desarma totalmente Saiuni. Desconcertada, ela descruza os braços e olha em volta sem conseguir olhá-lo nos olhos. Aquela expressão de preocupação só foi lhe designada, durante a sua vida toda, por seu irmão e mais tarde por Tales. Normalmente, quando ela falava o que queria e quando queria, sempre saia no meio de discussões e brigas.

— Por que está me olhando dessa forma? — Saiuni pergunta estalando os dedos, ansiosa.

— Queria entender essa sua reclusa e desconfiança toda, você é assim com todos? — Dinesh pergunta depois de alguns pensamentos indecisos.

Olhando para um retrato na parede, uma foto dela e de Keid pequeninos tomando sorvete e sorrindo, foi o única dia em que eles foram crianças, Saiuni sussurra:

— Quando você cresce em uma família naturalmente instável, você acaba claramente se tornando instável e desconfiando até mesmo da sua sombra… — Uma lágrima solitária faz caminho até sua boca e ela seca antes mesmo que chegue ao seu destino. Dinesh encara com compaixão a loira a sua frente e quando ela se vira pra ele, o mesmo desvia o olhar se obrigando a não ligar para os sentimentos alheios, principalmente sentimentos de um Hensley. Saiuni coça a garganta, tentando disfarçar o clima estranho que tinha se formado. — Bom, chega de conversa sem sentido e vamos logo fazer seus curativos.

Alguns minutos depois...

As mãos de Saiuni percorrem o abdômen de Dinesh, até que a mão esquerda da loira se apoia na coxa esquerda do homem e se concentra em passar um relaxante muscular em sua pele sobre as costelas. Dinesh ainda sentado sobre a cama observa a mulher ajoelhada e cuidando de suas feridas, lembranças felizes tomam seu eu e ele sorri.

— É a primeira vez que vejo alguém sorrindo por cuidar das feridas e cortes, na maioria das vezes a dor é tanta que nem conseguem abrir a boca. — Saiuni murmura confusa e o homem fecha lentamente a boca, a imagem de sua mãe passando merthiolate em seu joelho ralado vai desaparecendo e Saiuni volta a aparecer em sua visão. — Está tudo bem?

— Saiuni, não precisa se preocupar comigo! — Dinesh murmura a encarando e logo se arrependendo, quando a mulher fecha a cara e se ergue para pegar o iodo, agulha e linha. — Aonde vai usar essas coisas?  

Saiuni sorri maldosa e aponta para o corte em seu ombro. Tales resolve abrir a porta naquele exato momento e vê a cara de preocupado do homem, estranho e desconhecido para com sua mãe.

Saiuni se vira e sorri para o filho.

— Oi meu amor, o que houve?

Tales responde brevemente que queria ver o porquê de tanta demora, depois olha para Dinesh e segue a passos cambaleante para mais perto. Sua mão se ergue e ele aperta a mão do mais velho, em completo apoio ao que ele pensa ser incontrolavelmente doloroso.

— Moço, minha mãe sempre me disse para tando estiver com dor é só sedurar a mão de aldém tonfiável que passa. — O pequeno garoto murmura e Dinesh precisa desviar o olhar para longe, longe do garotinho que lhe trouxe lágrimas aos olhos. Sua emoção era tanta que ele não sabia como evitar as lágrimas. Tales arregala os olhos preocupadíssimo e grita por sua mãe que está suturando o ombro do homem. — Mãe! Ele tá chorando de dor! —  E então, em tom de segredo ele sussurra, na intenção que só escute Saiuni. — Dá um remédio pra ele!

Saiuni sorri, seu último sorriso antes de tudo ser revelado, último sorriso antes de tudo acontecer.

— Filho, faz um favor? — Pergunta e Tales acena, Dinesh a olha alarmado não querendo perder contato com a criança.  — Vai ali no banheiro e pega uma caixinha dentro da gaveta da pia, é uma caixinha preta do tamanho da sua mão.

— Taixinha preta? — Tales pergunta confuso e Saiuni concorda. — Na daveta?

Saiuni concorda novamente, Tales se prepara para levantar da cama e largar a mão do homem, mas, Dinesh segura o pulso da criança antes mesmo dele se soltar. Saiuni para o que está fazendo, pela quinta vez desde que começou, e com estranheza ela vê o desespero nos olhos de Dinesh, um aperto desconhecido no peito a faz morder os lábios. Tales confuso, ergue a mão para se soltar do aperto daquele homem, porém, o garoto levanta a cabeça e encara aquele rosto, aqueles olhos, aquele toque… Sua boca se retorce em um pré choro, queria dizer a sua mãe que o homem de seus sonhos tinha enfim chegado para buscá-lo!

🤜🏾💣💣💣🤛🏾
Oiie gente!!
Perdão pela demora! ❣

Dinesh... O que pensar sobre este homem?
Kkkkk

Esse final de semana eu posto mais um!

Beijocas💋

Colecionadores de VidasOnde histórias criam vida. Descubra agora