Paixão? Desejo? Loucura?

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Saiuni abre os olhos assim que a luz do sol entra pela brecha de sua cortina, suspirando ela olha para o teto branco e vê as marcas de mãos coloridas. Três pares de mãos, um par azul de quando Tales fez um ano de idade, outro par laranja de quando ele tinha dois anos e um outro par verde, três anos. Os três anos em que ela foi mais feliz, três anos que ela realizou o sonho de ser mãe, um sonho que ela nem ao menos conhecia.

Ela vira o rosto e funga, rinite atacada, olha para o porta retrato com a foto de Tales e ela sorrindo na cachoeira, coçando o nariz ela olha pra baixo e se depara com ele, o outro motivo por sua falta de sono, Dinesh dormindo no colchão ao lado de sua cama.

— Até dormindo ele é bonito. — Ela acaba sussurrando enquanto se senta na beirada da cama e se espreguiça, bem na hora em que Dinesh enruga o nariz. — Muito amador, não sabe nem disfarçar que está com um canivete embaixo do travesseiro. — Saiuni levanta e passa uma perna pelo corpo do homem e em seguida a outra, desejava que pular seus obstáculos fosse fácil assim.  

No caminho para o banheiro ela vê o homem se mexer no chão, sorrindo ela nega com a cabeça e fecha a porta, um minuto depois enquanto ela pentea o cabelo, Dinesh abre a porta, entra e encara ela pelo espelho.

— Como você sabia que eu estava com o canivete embaixo do travesseiro? — Pergunta chocado, Saiuni sorri.

— Você é muito óbvio, em uma semana que você está aqui e eu já conheço suas manias. Você nem tentou esconder, Dinesh, fácil demais! — Ela declara e se vira o encarando, ele segue o movimento do braço dela enquanto se penteia. — Já sei que você é tão desconfiado quanto eu, mas, isso não é de hoje, você dorme na mesma posição toda noite e não se mexe, contudo, tem um sono leve que qualquer barulhinho te acorda. — Saiuni dá três passos até ele, pega a mão do mesmo e coloca a escova em sua mão. — Alguma coisa você teme mas você não precisa me contar, eu vou descobrir!

— Você se acha tanto! — Dinesh reclama revirando os olhos. — E nem percebe que você também é bem óbvia.

— Quê? Eu? Está louco?! — Saiuni se diverte e gira a pasta de dente entre os dedos. — Diz uma coisa aí que você descobriu de mim, quero ver!

— Fácil! Você tenta demonstrar superioridade e esperteza para o seu pai, porque ele não te dá atenção. Tô errado? — Dinesh pergunta a encarando com deboche. — Seu pai não queria ter uma filha, por algum motivo que eu ainda não sei mas você vai me contar, e, você nasceu e ele nada pode fazer e tudo de bom que ele tem, o que é bem pouco e temos que concordar, ele concentra somente no seu irmão e você faz de tudo para chamar a atenção de Elton pra você, você tenta agradar o seu pai porém como nunca alcança o seu objetivo aí você explode e age rebeldemente, o que também não está mais funcionando, acertei?

Saiuni desvia o olhar, o tubo da pasta é esmagado em sua mão e ela se apoia na pia. Dinesh acertou no ponto que mais lhe dói, a rejeição de Elton para com ela! Mas ela já sabia o motivo, Giovana a filha assassinada de seus pais.

— Acertou. — Saiuni sussurra e encara o homem sem camisa a sua frente, àquele ponto isto nem a afetava mais. — O motivo da rejeição do meu pai é a aniquilamento da filha dele, a primogênita chamada Giovana que o seu pai, Jackie, matou!

— Quê? Agora quem está louca é você! Saiuni, meus familiares sempre foram indianos e depois mudaram para Austrália, nem faz sentido!

— O que não faz sentido é você não saber e ainda ficar negando o óbvio. — Saiuni acusa enquanto prende o cabelo em um rabo de cavalo.

Colecionadores de VidasOnde histórias criam vida. Descubra agora