Hope 04

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Eu estava imensamente feliz por ter conseguido escutar a sua voz mesmo que tivesse sido apenas aquela vez durante todo o dia, mas ainda assim conseguia relembrá-la a cada instante com o intuito de esquecer os problemas do meu passado. Obviamente trabalhar estava ajudando a manter todo o meu passado em algum buraco escuro de minha mente, já que permanecia ocupada durante todo o tempo em que permanecia na cafeteria. Em alguns momentos, anotava os pedidos e em outros limpava.

Infelizmente, não tinha muito tempo livre para tentar escutar a voz de Alexander novamente, o que era o lado ruim de ter tanto trabalho. Curiosamente, o aroma da cafeteria sempre era das flores que mantinham dentro da loja.

E assim que o final de tarde chegou, me vi ansiosa. Paul me olhava com impaciência ao retirar seu próprio avental segurando-o com força antes de me chamar para a sala dos funcionários. O segui, mas antes olhei para trás avistando Alexander nos olhando. Ele parecia curioso.

― Aula de linguagem de sinais – Falei mantendo meus olhos nos seus e então o vi assentir, como se estivesse feliz por ter descoberto o que estava acontecendo. Acenei timidamente antes de lhe dar as costas ao correr para sala dos funcionários, encontrando Paul sentado tamborilando os dedos na mesa. – Demorou – Semicerrou os olhos em minha direção.

― Desculpa – Sorri constrangida ao suspirar e sentar em sua frente sem saber como aquela aula seria. – Como vamos começar?

― Sabe alguma coisa? – Neguei ao balançar a cabeça ignorando o suspiro dele. Se ele achava tão difícil me ensinar por qual motivo se prestava a fazer isso? – Antes que de começar, o único motivo para aprender é por ser necessário para o trabalho, certo?

― Não exatamente. Quero conversar com Alexander de uma forma que não pareça que apenas eu estou sendo compreendida. – Ele me olhou sem expressar nada – Quero dizer, é fácil ser a única que não se esforça em uma conversa, mas ele está se esforçando em dobro, não? Quero que ele se sinta confortável. – Falei sem ao menos ponderar o realmente estava fazendo e quando vi Paul sorrindo, não tive reação. Ele pareceu realmente feliz.

― Bom, não acho que eu seja a melhor pessoa para te ensinar – Ele disse se levantando da cadeira – Vou falar com Alexander, ele já virá. Então espere um pouco.

Pisquei realmente confusa sobre o que fazer. Pensei seriamente em segurar o braço dele e implorar para que ele ficasse e me ensinasse, já que ficar olhando para Alexander constantemente não iria fazer bem para o meu coração, mas acabei ficando parada vendo ele sair.

― Bom, é melhor ter uma boa visão ao ser ensinada. Um professor bonito vai fazer com que eu me empenhe mais. – Sussurrei ao manter a cabeça baixa olhando para as minhas mãos, as quais agarravam o avental. Eu estava ficando ligeiramente nervosa ao imaginar ele entrando naquela sala.

Fiquei daquela forma por mais um tempo até escutar passos e o barulho da porta ser aberta em seguida. Ergui a cabeça com um sorriso no rosto ao ver Alexander me olhar. E curiosamente ao olhar para ele, percebi que segurava um livro em sua mão.

― Será melhor ler ele primeiro e depois irei ensiná-la – A sua voz fez com que eu concordasse sem ao menos tentar entender o que ele dizia. No instante em que ele se aproximou de mim, consegui sentir o seu aroma, fechei os olhos por alguns instantes antes de abrir e engolir em seco. Ele me olhava como se eu fosse uma estranha.

― Esse livro é para mim? – Perguntei tentando fazer com que ele esquecesse da cena lamentável de segundos atrás. Alexander simplesmente concordou ao estendê-lo. O segurei tentando não olhar para seu rosto. – Quando... – Parei de falar ao perceber que ele não conseguiria enxergar meus lábios. Ergui a cabeça, me levantando da cadeira em seguida. – Sobre as aulas quando podemos começar?

Ele piscou parecendo surpreso ao sorrir levemente. Um sorriso que conseguia deixar o seu rosto mais jovial.

Ele deveria sorrir mais vezes. Não, se ele fizer isso, muitas mulheres vão vir aqui somente para isso. E isso é uma cafeteria e não um bar para encontro.

― Acha que consegue ler o livro até amanha? – Ele perguntou fazendo com que eu concordasse sem nem ao menos ver quantas paginas tinha o livro. – Então amanha após o trabalho. – Ele decretou.

Eu estava realmente feliz por escutar a sua voz novamente, mas estava ainda mais feliz por saber que passaríamos um tempo juntos.

Aprendendo, apenas aprendendo.

Disse para mim mesma ao sorrir para ele mantendo o livro contra o meu peito. Eu estava agindo como uma adolescente apaixonada quando somente estava grata por ele ter me dado uma chance naquele emprego.

Sim, era somente isso. Gratidão.

― Amanhã estarei pronta para você. – Falei entusiasmada estranhando o rosto dele avermelhado novamente. Ele deve ser uma pessoa tímida. – Vou indo para casa – Falei ao retirar o avental rapidamente, peguei a minha bolsa e fui em direção a porta da sala segurando o livro com força parando no instante em que senti sua mão segurar o meu pulso. Sua mão era forte e grande. Virei para encará-lo sem saber o que falar.

― Telefone. Seu número. Fica mais fácil falarmos assim – Ele falou nervosamente ao me soltar em seguida. Eu não via problema algum em dar meu número, mas não lembrava qual era, já que tinha ele a poucas semanas. Abri a minha bolsa retirando o aparelho estendendo em sua direção pedindo para que ele ligasse para o número dele.

― Comprei tem poucas semanas. Não lembro o número – Fui sincera, não demorando em ver seus dedos digitarem com lentidão o seu número. Ele me entregou o aparelho em seguida. – Ligou para o seu número? – Ele assentiu. – Pronto, pode me ligar ou mandar mensagens quando quiser – Eu preferia que ele ligasse, mas não poderia ser tão transparente. Acenei para ele ao sair da sala antes que eu falasse alguma coisa que me deixasse constrangida. 

CONTINUA...

Como não se apaixonar por Alexander? Alguém me envia um de presente????

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