Ler o livro não foi a parte difícil, mas o desafio foi conseguir decorar pelo menos alguns sinais básicos como bom dia, será um prazer, tenha um bom dia e adeus. Eu sempre fui uma garota estudiosa com notas altas, mas aquela era a primeira vez que me via com problemas para estudar. Sempre que lembrava que ficaria com Alexander após o trabalho, sentia o meu coração bater mais rápido e meu rosto se avermelhar. Eu estava com toda a certeza do mundo nervosa.
Mas não sabia identificar o motivo exato.
Sabia que não estava apaixonada, então isso não era o problema. Contudo, a forma que seus olhos me encaravam, como sua voz fazia com que eu me sentisse bem e a forma como me ajudou sem esperar nada em troca, tornava tudo mais complicado para mim. Alexander era o tipo de pessoa que parecia viver para ajudar as outras, e talvez por isso, eu ficasse nervosa ao seu lado, já que eu era o tipo de pessoa que precisava ser salva.
Eu o admirava.
Admirava o modo como ele parecia estar sempre disposto a ser gentil, bem não era como se eu conhecesse ele muito, mas ele realmente parecia ser esse tipo de pessoa.
Entrei na cafeteria segurando o livro enquanto olhava para os lados. Eu queria conversar com ele, praticar os poucos sinais que tinha aprendido. Quando passei pela mesas e fui em direção a sala de funcionários, senti uma mão em meu ombro. Virei com um sorriso no rosto, coloquei o livro embaixo do braço e fiz o sinal que havia aprendido com muito esforço. Bom dia.
O encarei realmente orgulhosa do meu feito, e o vi sorrindo levemente ao fazer o mesmo sinal.
― Fiz certo? – Perguntei realmente empolgada e após a sua confirmação, soltei um gritinho. Quando percebi o que fiz, coloquei a mão na boca, envergonhada. – Desculpa. Acabei de gritar. – Ele apenas meneou a cabeça, como se estivesse falando que eu não deveria me importar. Ele era uma boa pessoa. – Está tudo certo para hoje após o trabalho? – Ele confirmou ao balançar a cabeça ainda mantendo o seu olhar fixo em mim. Eu precisava admitir que ficava levemente constrangida com a forma como ele me olhava. Exageradamente direto. – Vou me trocar então – Sorri ao lhe dar as costas, entrar na sala e fechar a porta.
Estava triste por não ter escutado a sua voz, mas levemente feliz por ter visto o seu sorriso.
― É melhor ser rápida – Falei ao lembrar de Paul. Não pretendia dar motivos para ele me olhar como se eu fosse estranha ou louca, além do mais, precisava arrumar a cafeteria rápido, já que logo estaria aberta. Troquei de roupa rápido, guardando as minhas coisas em um dos três armários que a sala possuía. – Ele tem cara de ser um bom professor – Sussurrei assim que olhei para o meu reflexo no espelho sem conseguir conter um sorriso em meu rosto. Sai da sala fechando a porta com cuidado e fui em direção a entrada da cafeteria, e como havia imaginado, Alexander estava regando as flores da entrada. Ele sorria largamente ao olhar para as flores.
De alguma forma, a cena a minha frente pareceu como um sonho. Ele mantinha uma face gentil ao regar as flores, as quais eram iluminadas pelo sol. Tudo era perfeito. Por reflexo, sentei em uma das cadeiras que permitia a visão dele com exatidão, e continuei o olhando. Ele não pareceu perceber que eu estava o observando, e mesmo que se percebesse, não me importava muito, já que poderia inventar alguma coisa.
Olhar para ele fazia com que eu sentisse calmaria em meio aos meus pensamentos tumultuosos.
Alexander tinha um poder fascinante sobre mim.
Ou eu poderia estar impressionada demais com a voz dele para pensar direito. Provavelmente essa era a resposta.
― Por quanto tempo pretende admirá-lo? – Paul perguntou sorridente ao se sentar na cadeira ao meu lado fazendo com que eu me assustasse ao olhar para ele. Não tinha escutado nenhum barulho. – Eu entrei pela porta dos fundos – Ele disse ao dar de ombros ao olhar para Alexander e em seguida voltar sua atenção para mim. – Poderia perguntar o motivo de olhar tanto para ele, mas realmente não me importo muito – Ele começou a falar, como se eu estivesse interessada. Paul parecia gostar de um monologo. – Mas estou feliz por você estar disposta a aprender como se comunicar com ele. Não estou dizendo que você é uma boa opção para ele, mas se continuar assim posso dar minha aprovação. – O seu tom de voz era realmente arrogante, mas algo do que ele disse fez com que eu o olhasse perplexa.
― Aprovação para que? – Pisquei confusa. Repassei tudo o que ele tinha falado em minha mente, buscando alguma pista.
― Para ficarem juntos.
Gargalhei em resposta ao negar enfaticamente que não tinha interesse romântico para com Alexander ou qualquer outro homem. Após o meu passado, duvidava que seria capaz de me relacionar com alguém normalmente.
A minha resposta pareceu decepcioná-lo, pois no segundo seguinte do que falei, ele respirou fundo e se levantou em silêncio.
Aprendi da pior forma que relacionamentos apenas traziam o que as pessoas tinham de pior em seu interior, e sinceramente, não queria ver Alexander de outra forma. Gostava de admirá-lo de longe, imaginando-o como uma pessoa perfeita e bondosa.
Parei de pensar sobre isso quando o primeiro cliente entrou. O dia na cafeteria foi mais agitado do que os outro, e quando finalmente o experiente terminou, me vi sorrindo ao perceber que não tinha me recordado do meu passado enquanto trabalhava, o que era um bom sinal. Um sinal de que estava começando a esquecer ou a superar.
Fui em direção à sala dos funcionários para trocar de roupa quando o olhei. Alexander se encontrava parado do lado da porta com os braços cruzados em frente ao seu corpo com os olhos fixos em mim.
― Alguma coisa aconteceu? – Perguntei ao me aproximar dele.
―Vou esperar você se trocar para começar a aula – Ele me informou com sua voz perfeita. Concordei sem conseguir conter o sorriso ao escutá-lo. Começava a ficar feliz por Paul ter me empurrado para aprender com Alexander. Entrei na sala, fechando a porta e troquei a roupa o mais rápido que consegui, e quando finalmente abri a porta, ele continuava ao lado da porta, me esperando. Toquei em seu ombro, sorrindo. – É melhor irmos – Disse ao se afastar da parede e seguir em direção a entrada da cafeteria. O que realmente não fazia sentido, já que ele deveria me ensinar na sala de funcionários, certo?
Descobri estar errada assim que sai da cafeteria e o vi trancando a loja. Onde iriamos? Eu não fazia ideia e esperava que ele me explicasse antes que eu começasse a pensar que ele poderia ser perigoso.
― Vamos para a minha casa – Avisou como se fosse algo bobo ao apontar para uma casa próxima a cafeteria. A casa tinha apenas um andar, um jardim repleto de flores em sua entrada e uma cerca azul. – Vai ser mais confortável, se você não se importar – Ele me olhou aguardando uma resposta, e o que eu poderia fazer quando seus olhos eram tão meigos e sua voz tão hipnotizante? Me vi concordando em ir para a sua casa sem ao menos hesitar ou pensar sobre isso.
CONTINUA....
Ela está indo para a casa do boy magia.. e agora????

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RomanceTodos fazem desejos secretos a cada segundo da vida, mas o primeiro desejo de Dana Malford realizou-se apenas quando terminou o colégio. Ao se mudar para uma nova cidade, fugiu de seu passado e de sua família restando apenas sua esperança em um novo...