Your Voice

Hope 17

O centro comunitário ficava afastado do centro da cidade em uma área calma. Havia apenas três residências no entorno e muitos imóveis comerciais. Era a minha primeira vez naquela rua, olhava tudo com curiosidade tentando não encarar o homem ao meu lado. Por algum motivo ainda sentia meu coração ligeiramente abalado sempre que recordava suas palavras.

Você pode interferir sempre que uma mulher me paquerar. Eu quero que você interfira.

Realmente não sabia o que pensar sobre Alexander, sua proposta tentadora de afastar as mulheres e do que estávamos tendo. Não éramos namorados. Não estávamos tendo um caso. Não éramos amantes. Então o que tínhamos?

Eu realmente não fazia ideia, mas ficava confortável ao seu lado. Sentia todo o medo e a angustia do meu passado desaparecerem sempre que escutava a sua voz, sentia o calor de seu corpo e o beijava. Isso era uma coisa positiva.

Isso fazia com que fosse especial.

Isso fazia com que eu sentisse que ele fosse especial na minha vida, mas tinha medo que tudo fosse destruído rapidamente. Eu queria continuar ao lado dele.

Senti Alexander segurar a minha mão ao avançarmos para a entrada do centro comunitário e no instante em que passamos pela porta, escutei sorrisos animados. Crianças estavam sentadas em uma roda conversando por linguagem de sinais e no momento em que uma delas apontou para a porta, todas se voltaram sua atenção para nós. Elas se levantaram, animadas ao irem em direção a Alexander.

Ele começou a falar em linguagem de sinais, mas infelizmente foi rápido demais para que eu pudesse entender alguma coisa. Não demorou para que as crianças me olhassem com largos sorrisos no rosto.

Fiz o sinal de "prazer em conhecê-los", sorrindo satisfeita ao ver a expressão alegre em seus rostos. Eles eram adoráveis e pareciam felizes ao me verem.

Por algum estranho motivo me senti como se ele estivesse me apresentando a sua família, o que me fez rir em seguida. Observei atenta a forma como Alexander conversava com todos com um largo sorriso no rosto sempre mantendo um brilho de felicidade em seus olhos. Aquele lugar era realmente especial para ele.

Talvez ele queira demonstrar que também sou especial para ele.

Pensei tentando ocultar o meu rosto avermelhado diante dos meus pensamentos. Por mais que não quisesse demonstrar, tinha esperanças que tivéssemos algo mais sério e que eu pudesse ficar ao seu lado. Eu poderia estar sendo egoísta, mas Alexander fazia com que eu me sentisse segura e de certa forma amada. Ele sempre era gentil e atencioso comigo. Depois de três anos vivendo em um pesadelo seria impossível não apreciar a gentileza do dono da voz perfeita.

Passei três anos implorando por um amor quando recebia apenas dor, desespero e humilhação. Como não poderia estar feliz com Alexander ao meu lado?

― Está tudo bem? ― A voz de Alexander me trouxe de volta ao presente afastando todas as memorias amargas que surgiram como um lembrete. Um lembrete de que não deveria confiar cegamente nas pessoas, mas por algum motivo, confiava nele. Confiava em Alexander, o homem dócil que me olhava com receio como se estivesse com medo que eu estivesse odiando estar ali com ele.

― Estou bem, apenas lembrei do passado ― Fui sincera ao encará-lo percebendo seus olhos emitirem um brilho estranho de confusão, provavelmente. ― Aqui é muito aconchegante e as pessoas são muito gentis. ― Sorri ao tocar em sua mão, segurando-a o mais forte que conseguia. ― Quero te contar meu passado em algum momento, mas para ser honesta tenho medo que você me rejeite ― Confessei ao manter seus olhos firmes. Não queria demonstrar fraqueza. Somente queria mostrar o meu lado mais bonito e forte para ele.