Hope 13

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Não esperava por um abraço ou um cumprimento amoroso quando cheguei a cafeteria no dia seguinte. Eu não esperava por nada, mas ainda assim fiquei surpresa ao receber apenas um olhar rápido diante do meu bom dia.

Tinha feito alguma coisa errada?

Não sabia o que responder.

Talvez seja sua forma de dizer que tudo foi um engano.

Foi o que disse a mim mesma, após me trocar e seguir para as tarefas que Paul tinha separado para mim. Trabalhei o dia todo sem escutar a sua voz nem uma única vez. Também não senti seus olhos em mim.

Rejeição sempre algo que rondou a minha vida, mas aquela era a primeira que me fazia sentir daquela forma. Foi a primeira vez em que realmente me senti culpada.

Mesmo não sabendo exatamente o que tinha feito, sentia a necessidade de me desculpar apenas para escutar a sua voz novamente.

― Qual é o meu problema? – Sussurrei ao menear a cabeça assim que fechei o meu armário ao final do dia. Já tinha trocado a minha roupa, Paul já tinha feito seus monólogos estranhos enquanto cantava algo que não entendia, e Alexander mantinha-se distante. – Eu não sou culpada. – Foi o que continuei dizendo a mim mesma ao ir em direção a saída.

E infelizmente, Alexander não estava me esperando na porta, como imaginei. Ele tinha me ignorado totalmente.

― Babaca – Gritei a plenos pulmões sem me importar com as pessoas que passavam pela rua. Eu só queria extravasar meus sentimentos sem temer que ele leria meus lábios. Respirei fundo ao erguer a cabeça antes de andar, mas parei assim que me deparei com a mesma mulher de antes. A amiga de Alexander que gostava de se jogar em seus braços. Ela sorriu, constrangida ao acenar para mim. – A cafeteria está fechada – Falei sem saber o que dizer naquele momento, mas ela sorriu ao assentir, se aproximar de mim e colocar a mão em meu ombro. Ela estava tentando me consolar? Os amigos de Alexander eram realmente estranhos.

― Alex fez uma merda, não foi? – Ela praticamente afirmou ao me olhar com compaixão. – Sabia que ele faria alguma coisa. – Pensei que ela iria tirar a sua mão do meu ombro, mas ela fez pior. Elma me abraçou. – Deveríamos beber ou comer alguma coisa e falar sobre ele. – Ela parecia uma metralhadora que não parava até atingir o seu alvo. Eu só queria voltar para o meu apartamento e dormir, mas não demorou para perceber que seria impossível. Elma se afastou, segurou em meu braço e começou um monologo sobre o problema dos homens em se relacionarem até chegar a um restaurante próximo da cafeteria.

Não conseguia falar nada, apenas olhar para a estranha mulher imersa em sua própria animação.

― Duas cervejas e batata frita – Elma falou ao olhar para o garçom assim que ele parou ao nosso lado – E o que você vai pedir? – Questionou ao me olhar. Ela ia beber duas cervejas sozinha?

― Uma taça de vinho e batata frita também – Sabia que a combinação era ridícula, mas quem se importava? Eu tinha sido rejeitada pelo meu chefe que tinha uma voz incrível e, eu nem ao menos sabia o motivo. Eu merecia aquilo. Eu merecia beber vinho e comer uma comida que me empolgasse. – Então, posso soar grosseira, mas porque me trouxe? Não somos amigas. Na verdade mal nos conhecemos.

Elma não pareceu se importar com o que eu falei, já que sorriu largamente. Um sorriso repleto de simpatia.

― Na verdade fui egoísta te trazendo aqui – Ela confessou. Pelo menos era sincera. – Conheço Alexander tem uns dez anos, talvez mais, e depois que ele perdeu a audição, a primeira vez em que eu o vi sorrir daquela forma foi com você. Ele sorriu da mesma forma como fazia antes.

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