Hope 14

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Em certos momentos da vida, nos pegamos pensando sobre nossas decisões, sobre como tudo poderia mudar a depender do caminho que tomamos, e naquele momento enquanto seus braços rodeavam o meu corpo, me vi questionando minhas decisões em relação ao homem a minha frente. Eu o conhecia a poucos dias como chefe, a longas semanas como sua cliente, mas ainda não sabia nada sobre ele.

Eu estava me entregando a alguém que não conhecia.

― Venha – Ele se afastou ao me puxar para dentro de sua casa, e como sempre não demonstrei nenhuma resistência, afinal tinha escutado sua voz novamente. A mesma voz que me encantou no inicio e continuava me encantando. Será que algum dia iria descobrir o motivo de ficar encantada pela sua voz?

De certa forma, eu esperava que não.

Queria continuar o olhando daquela mesma forma para sempre.

Ele apontou para o sofá desaparecendo na cozinha dando tempo para que eu, finalmente, respirasse fundo ao tentar ordenar meus pensamentos, os quais viviam repletos de imagens dele.

O que não é normal.

Admiti ao sentar no sofá fechando os olhos por alguns segundos, tempo suficiente para respirar fundo sentindo o aroma dele. O cheiro dele impregnava a sala.

― Deveria perguntar o perfume que usa? – Murmurei realmente tentada a fazer isso de uma forma natural quando ele voltasse, o que aconteceu minutos depois. Alexander parou em minha frente segurando uma bandeja.

― Trouxe um lanche – Ele disse sorrindo exibindo seus dentes lindos. Sinceramente, eu não ligava para o tipo de comida que tinha ali, já que para mim, o mais importante era ele. – Torta de maça, chocolate e vinho – Disse ao depositar a bandeja no chão, sentar-se e estender a sua mão para mim. Uma garota não recusa coisas assim.

Pelo menos eu não era o tipo que recusaria.

Sorri ao segurá-la, sentando-me ao seu lado.

― Por quê não falou comigo hoje no trabalho? – Perguntei assim que o encarei – Não estou te pressionando ou algo assim, só quero saber o motivo.

Ele parou de sorrir assim que seu rosto ficou avermelhado.

― Sempre que te olhava lembrava da outra noite.

― E qual o problema? – A confusão estampou o meu rosto, consegui perceber apenas olhando para ele. Alexander pareceu ainda mais constrangido como se estivesse analisando a resposta que me daria. – Vai me dizer que ficava excitado sempre que me olhava? – Perguntei brincando assim que ele me olhou, mas ele não sorriu. Ele me olhou assustado e envergonhado. – Está falando sério? – Eu comecei a ficar interessada naquele assunto mais do que deveria. – Mas não fizemos nada demais naquele dia – Tentei lembrar de cada detalhe esperando ter perdido algo, mas nada fazia muito sentido.

― Não preciso de um estimulo tão grande assim – Ele falou baixo, o suficiente para que eu escutasse – Se uma mulher bonita me beija, é obvio que vou ficar animado.

Quem deveria ficar envergonhado naquele momento? Infelizmente fui eu. Tinha um longo tempo que não era elogiada. Tinha um bom tempo que ninguém dizia que eu era bonita.

― Obrigada – Murmurei ao abaixar a cabeça. Não queria que ele soubesse que eu estava agradecendo por algo que para qualquer pessoa seria normal. Não queria que ele desconfiasse de meu passado. – Então fugiu por isso? – Perguntei assim que ergui a cabeça, ele assentiu rapidamente, fazendo com que eu sorrisse. – Isso não era um problema – Comecei a falar entusiasmada – Sempre que você fala acabo ficando da mesma forma, mas nem por isso fico fugindo por ai. Vou te dar um conselho: a melhor forma para controlar isso é ficar imaginando a cena em casa, ai quando você se encontrar comigo, já vai ter se cansado.

Alexander não disse nada. Seus olhos continuaram me encarando por longos minutos até o momento em que ele gargalhou tirando o meu ar. O som de sua risada era angelical. Seus olhos encheram de laguimas e seu rosto ficou levemente avermelhado. Ele tossiu levemente antes de falar.

― Então desde quando está interessada em mim?

― Não sei – Admiti – Pode ter sido quando escutei a sua voz ou quando te vi pela primeira vez.

Somente depois me dei conta do que tinha dito. Levei a mão até meu rosto, cobrindo-os. Sempre que ficava ao seu lado falava tudo sem nem ao menos pensar exatamente o que saia de minha boca.

― Um dia te contarei um segredo – Alexander falou ao segurar em minhas mãos tirando-os do meu rosto forçando-me a encará-lo, o que era uma bela visão – Mas enquanto esse dia não chega, posso te abraçar nos intervalos do trabalho? – A sua pergunta repleta de inocência foi realmente refrescante.

― E beijar também – Sorri largamente assim que ele aproximou o seu rosto do meu, beijando-me suavemente.

Dizem que quando sua vida está indo bem, significa que algo muito ruim vai acontecer. Somente pedia a Deus para que nada de ruim acontecesse com Alexander, o homem que conseguiu me fazer feliz após tanto tempo.

― Amanhã depois do trabalho vamos sair – Ele me notificou animado. Eu poderia negar, mas que graça teria? Queria ficar com ele o máximo de tempo possível. Assim que questionei sobre o lugar que iriamos, ele sorriu – Vamos para um lugar especial.

Assenti realmente feliz por estar ali com ele.

Provei a torta de maçã me segurando para não gemer – provavelmente fiz isso – sem conseguir acreditar que ele conseguia cozinhar tantas coisas gostosas. Um homem lindo, engraçado, gentil e que sabia cozinha, como ele ainda conseguia estar sozinho? Era um milagre ter me encontrado com ele.

― Sabia que é um milagre a gente ter se encontrado? – Falei ao levar o garfo com mais um pedaço da torta aos lábios.

― Não consegui ler seus lábios – Falou proativo ao me encarar. Parei de comer repetindo o que eu disse pausadamente. – Por que milagre? –Questionou ao me olhar completamente confuso, pelo menos foi o que imaginei diante de sua expressão. Sua testa estava enrugada e seus lábios comprimidos. Confusão ou raiva?

― Ah! Você é bonito, sabe cozinhar, é educado, gentil, gosta de flores, é alto, sabe beijar e tem esse ar de devasso, sabe? Ainda fico surpresa por você estar solteiro. As mulheres devem ser idiotas por não terem te notado ainda, por isso milagre – Pisquei vitoriosa até perceber que tinha elogiado ele e o chamado de devasso. Não era realmente como se ele fosse um santo, certo? Ele beijava como um demônio, mas abraçava como um anjinho.

― Parece que ainda não percebeu – Ele disse com a voz ligeiramente entristecida – Sou deficiente auditivo, Dana. Não é como se tivesse uma fila de mulheres do lado de fora da cafeteria esperando por mim.

Auto piedade era algo novo para mim. Alexander não parecia ser o tipo que se afogava em negatividade.

― Eu aposto que tem pelo menos uns cinco – Sorri, mas ele não fez isso. A sua expressão permaneceu a mesma como se escondesse algo. Como se escondesse alguma história triste que envolvesse uma mulher. – Se alguma te abandonou por causa disso, ela que foi idiota.

― Eu sei – Ele sorriu finalmente ao pegar um pedaço do chocolate e me dar na boca. Esse homem era realmente uma tentação. 

CONTINUA....

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