Uma caminhada deveria ser tranquila, certo? Mas não era assim que eu me sentia com Alexander caminhando ao meu lado. Ele não dizia muito desde que saiu da cafeteria, e nem eu conseguia pensar em algum assunto. Minha mente ainda estava confusa demais com tudo. Confusa em como meus pensamentos sempre eram sobre ele, principalmente.
― Está morando nessa cidade tem muito tempo? – Ele perguntou fazendo com que eu o olhasse e sorrisse. Realmente amava a sua voz, mas por mais que amasse ficava cada vez mais intrigada em como ele conseguia ser tão bonito. Respondi dizendo que tinha alguns meses, sem entrar em detalhes. Ainda não queria que ele soubesse do meu passado.
Eu realmente queria que ele soubesse do meu passado?
Acho que não.
Não queria que ele me olhasse de outra forma.
― Sempre morou aqui? – Perguntei assim que viramos em uma rua e, curiosamente, percebi que nossos passos se tornaram mais lentos dando a sensação que postergávamos a despedida.
― Tem três anos – Respondeu ao manter seu olhar em meu rosto. – E relacionamentos? – Perguntou me surpreendendo. Meu rosto deve ter ficado pálido, pois ele parou de andar fazendo uma expressão preocupada.
― Nunca tive muita sorte com namoro – O que realmente não era uma mentira. Desviei meu olhar para o letreiro atrás dele ignorando as lembranças que pareciam querer surgir sempre que mencionavam a palavra "relacionamento" ao meu lado. – Você deve ter tido muitas namoradas – Sorri ocultando meus pensamentos – Como conseguiu ficar solteiro?
A pergunta não pareceu ofendê-lo, mas de alguma forma, senti que tinha feito algo errado. A forma como Alexander me olhou foi dolorosa.
― Desculpa, se a pergunta te ofendeu ou se não quer falar, eu entendo. Todos temos nossos demônios internos – Disse ao manter meus olhos fixos nos seus. E somente então, me dei conta que pela primeira vez, escutava sua voz por tanto tempo.
― Você também tem? – Assenti ao dar de ombros. Meus demônios internos eram mais como senhores do apocalipse, mas ninguém estava comparando, mas se comparasse eu ganhava, com certeza.
Continuamos andando ainda mais devagar, o que começou a parecer estranho. Até uma tartaruga nos ultrapassaria daquela forma. Toquei em seu braço, o fazendo parar.
― Se continuarmos andando assim vamos ser multados por lentidão – Comecei sem me preocupar com mais nada – O que acha de subir quando chegarmos? Meu apartamento não é tão arrumado quanto a sua casa ou tão grande, mas ainda tem uma cama, na verdade é um sofá cama. – Me corrigi antes de perceber o rosto dele ligeiramente vermelhado e um sorriso. Não era um sorriso inocente. Era um sorriso completamente devasso.
Eu tinha falado sobre a cama?
― Eu queria dizer que tinha um lugar pra sentar. – Falei apressada fazendo ele sorrir ainda mais. – Imaginei que o motivo de estarmos andando tão devagar era para não chegar lá.
Como se estivesse respondendo ao que eu disse, Alexander, simplesmente deu um passo a frente, envolvendo minha cintura com seus braços fortes enquanto sua cabeça repousava calidamente em cima da minha.
― Você me pegou – Confessou – Não queria me separar de você ainda, e aceito o seu convite.
Continuamos abraçados por mais alguns minutos – que pareceu horas – até que finalmente começamos a andar mais rápido em direção ao meu apartamento. No instante em que abri a porta, após subir os lances de escada ligeiramente apreensiva pelo convite que fiz, respirei fundo ao dar espaço para Alexander, e quando vi a forma como olhava para tudo com curiosidade, dei de ombros.
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Your Voice
RomanceTodos fazem desejos secretos a cada segundo da vida, mas o primeiro desejo de Dana Malford realizou-se apenas quando terminou o colégio. Ao se mudar para uma nova cidade, fugiu de seu passado e de sua família restando apenas sua esperança em um novo...