Hope 15

2K 311 42
                                    


Por mais que eu pensasse no quão sortuda minha vida tinha se tornado preferia não ficar animada em excesso, por medo de tudo acabar. Por medo de ser afastada dele, principalmente. Não importasse o quanto ele me olhasse com desejo ou me beijasse com extrema devassidão, Alexander não ultrapassava um limite invisível, o qual parecia ter sido estabelecido por ele. Um limite que começava a me incomodar.

Mesmo ficando em sua casa bebendo vinho e comendo chocolate, ele não tentou me tocar de forma inapropriada – se é que esse tipo de toque existia quando duas pessoas se desejavam – e parecia ignorar quando eu tentava alguma coisa.

Talvez fosse apenas frustração sexual.

Sim, com certeza.

Acabei admitindo antes de entrar na cafeteria ligeiramente feliz por me deparar com Alexander assim que adentrei. Ele se encontrava de costas para mim enquanto lia alguma coisa. Olhei para os lados, sorrindo, ao perceber que não tinha ninguém. Era apenas nós dois naquela cafeteria.

Sem me preocupar, corri em sua direção, abraçando-o pelas suas costas, circundando a sua cintura com meus braços. Mesmo sabendo que ele poderia se assustar queria agir daquela forma ao menos uma vez. Eu queria demonstrar que gostava de sua companhia.

Alexander se assustou segurando minhas mãos com força antes de olhar para trás, sorrindo assim que me viu. Acariciou minhas mãos com delicadeza sem demonstrar raiva ou desconforto pelo meu abraço.

― Bom dia Dana – Sua voz preencheu meus ouvidos fazendo com que eu sorrisse aliviada por escutá-lo. O seu timbre de voz era suave e calmo naquele momento assemelhava-se ao mesmo tom que eu falava com a pessoa que destruiu a minha vida antes de descobrir a verdade. Antes de descobrir que sua personalidade era perversa, machista e abusiva. Meneei a minha cabeça tentando esquecer o meu passando focando no homem a minha frente. Prestando atenção ao homem com voz grossa e sorriso gentil que sempre me olhava com carinho. Infelizmente, sabia que abraça-lo na cafeteria não era realmente correto, o que fez com que eu me afastasse, o suficiente para ele se virar, estender a sua mão e tocar em meu rosto.

Bom dia. Fiz o sinal sorridente ao vê-lo se aproximar de mim depositando um beijo rápido em meus lábios em seguida.

Uma garota poderia se apaixonar por alguém assim.

E então, seu olhar foi em direção ao meu corpo, avaliando-se de cima a baixo, sorrindo devasso antes de passar a língua pelos seus lábios, deleitando-se pela minha imagem. Não era como se eu quisesse me arrumar para ele, mas iriamos sair depois, então precisava estar bem arrumada.

Foi com esse pensamento – não muito verdadeiro precisava admitir – que acabei escolhendo um dos poucos vestidos que eu tinha. Um vestido azul claro com alças finas, seu comprimento ia até o meio das minhas pernas. Por algum motivo, me sentia como uma criança travessa diante de seu olhar.

Perceber a forma como me olhava com tanta fascinação fazia apenas com que eu me sentisse constrangida e animada. Dois sentimentos confusos quando estavam juntos.

Sorri sem graça ao vê-lo se aproximar ainda mais de mim, passar seus braços minha cintura e abaixar a cabeça, sussurrando em meu ouvido.

― Você está linda – Me elogiou. Talvez tenha sido o cheiro do seu perfume, sua voz ou a combinação deles, mas antes que eu pudesse perceber o que fazia, o afastei, segurei em seu rosto, fiquei na ponta dos pés e o beijei. O beijo não foi simples e nem rápido. Queria senti-lo antes de começar a trabalhar. Eu queria sentir que Alexander era real. Queria ter certeza de que ele não era um fruto da minha imaginação criativa. O seu hálito tinha o sabor de chocolate fazendo com que eu quisesse beijá-lo ainda mais.

Your VoiceOnde histórias criam vida. Descubra agora