Hope 09

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Ansiedade era a única coisa que esperava por mim ao entrar no carro de Alexander ao retornar para a cidade onde morava. Não conseguia parar de relembrar o beijo e nem o sorriso sedutor que ele lançou. Poderia estar apenas exagerando ou pensando demais, mas uma pessoa beija a outra por gostar, certo? Se ele não gostar deve sentir atração por mim, o que seria o mais normal, já que nos conhecemos a poucos dias. Na realidade, vou a cafeteria tem mais tempo, mas ele não poderia gostar de alguém com quem nunca conversou.

Eu deveria simplesmente parar de pensar tanto. Foi a única conclusão em que cheguei quando Alexander disse para ligar o som em alguma radio que eu gostava, o que acabei fazendo, pois precisava relaxar e parar de olhar para ele. Ele era surdo e não cego. Ele poderia estar ficando cansado de ter meus olhares ansiosos em cima dele.

Se fosse eu, não saberia bem o que fazer.

Já tinha muito tempo em que alguém tentava me impressionar ou me conquistar. Nem ao menos me lembrava da última vez em que tinha sido realmente feliz no meu último relacionamento – se é que pudesse chamar assim. Um relacionamento que eu apenas sofria.

Acabei olhando para as mãos de Alexander, as quais estavam posicionadas corretamente no volante.

― Queria saber o motivo de ter me beijado – Murmurei ao manter meus olhos em suas mãos, sorrindo ao perceber que estava sendo boba. Ele não conseguia escutar e precisava prestar atenção na estrada. Em algum momento, teria coragem para lhe perguntar adequadamente.- Pelo menos espero ter – Sussurrei ao desviar minha atenção para a estrada, fechando os olhos em seguida embalada pela música calma e romântica que tocava enquanto recordava a maciez dos lábios de Alexander.

Acordei um tempo depois quando senti algo em meus lábios. Uma sensação macia e suave. A mesma sensação dos lábios de Alexander e no instante em que abri meus olhos, deparei-me com ele encostando seus lábios nos meus.

― O que está fazendo? – Perguntei sem conseguir esconder um sorriso que parecia escapar sempre que encarava seu rosto gracioso. Como eu não conseguia falar com ele seriamente?

― Te acordando – Respondeu como se aquilo fosse algo normal. Esse tipo de comportamento era realmente normal para ele? – Parei na cafeteria, mas não sei onde mora. Qual o endereço? – Olhei para a janela, desviando meu olhar por alguns segundos antes de falar meu endereço tentando não ficar vermelho diante de seu sorriso e seu olhar. De alguma forma, senti que ele se divertia ao me ver desajeitada daquela forma.

― Espere – Falei ao segurar o seu braço quando ele estava prestes a se afastar de mim. Meus olhos foram em direção aos seus enquanto engolia em seco. – Preciso te perguntar algo.

― Vá em frente – Respondeu ao manter um ligeiro sorriso em seu rosto. Mas eu simplesmente não conseguia pensar em uma forma natural de questionar o motivo por ele ter me beijado e nem as razões que fizeram ele me levar para a feira de flores. Na verdade, eu permanecia aterrorizada ao imaginar que talvez ele sentisse pena de mim ou simplesmente me visse como alguém desesperada por atenção.

― Isso pode parecer bobo para você, mas não estou acostumada a ser beijada, quero dizer, não dessa forma – Comecei a falar sem pensar exatamente sobre o que dizia e, em poucos segundos, me via complemente perdida. – Eu só...

― Está tentando me perguntar o motivo por ter a beijado? – A voz de Alexander pareceu um balsamo, mas ainda assim me via envergonhada. Qualquer mulher estaria feliz e imaginando o casamento quando se é beijada por alguém como ele, mas eu não era assim. A minha vida não me permitia ter sonhos bobos e tolos como esses mais.

― Sim. Beijar mulheres pode ser como um cumprimento para você, mas não é assim para mim. – Expliquei finalmente de alguma forma. – E por isso estou curiosa.

Alexander me olhou da mesma forma como um pai encarava uma criança ao lhe explicar algum assunto exageradamente simples, o que me fez sentir ofendida. Eu não tinha culpa se gostava das situações bem explicadas.

― O motivo foi por te achar bonita – Disse da mesma forma como um conquistador faria, e nem isso foi o suficiente para evitar que eu corasse. Alexander parecia ter algum efeito em mim, ou talvez fosse apenas a sua voz, mas tudo o que ele dizia fazia com que eu me sentisse uma garota encontrando o seu primeiro amor, como se todo o meu passado não existisse mais. Me sentir dessa forma era aconchegante e assustador.

Não queria ser enganada novamente.

Não queria sofrer.

Talvez eu devesse sair dessa cidade.

Talvez eu devesse fugir dele como fugia do meu passado.

E como se pudesse ler a minha mente, sua mão logo tocou em meu rosto forçando-me a retornar a realidade, e prestar atenção nele. Ele sorria levemente ao acariciar minha bochecha.

― Fiz errado? – Questionou me olhando ansioso.

Eu não achei seu comportamento errado, pelo contrário, tinha adorado, mas ainda assim estava em duvida de seus motivos.

― Não, não fez. Eu que penso demais – Disse, o que realmente não foi uma mentira. Passei metade do meu dia pensando na voz dele. – Só não quero que as coisas fiquem estranhas.

― Não vão. Prometo – Falou exatamente como um cavalheiro falaria. Exatamente como um príncipe faria, se existisse.

Esse homem era realmente a minha perdição. Sem pensar, segurei em seu rosto e o beijei. Não esperei que ele segurasse no meu pescoço com força, aprofundasse o beijo, enquanto sua outra mão ia de encontro a minha barriga erguendo minha blusa. Sua mão habilidosa avançava subindo lentamente, tocando cada ponto da minha barriga, esfregando-a gentilmente, apreciando cada toque e sensação. Sentia meu corpo ficar cada vez mais quente, minha respiração falhar e meu coração bater mais forte.

Um príncipe faria algo assim? Com certeza que não.

Por isso que sempre fui fã de vilões.

Os vilões são imprevisíveis e sedutores exatamente como Alexander.

Mas por mais que amasse um vilão não poderia continuar com aquilo no meio da rua.

Coloquei minha mão em seu peito, tocando-o antes de afastá-lo.

― Não é que não esteja bom, porque você é realmente incrível nisso, mas continuar isso no meio da rua é um pouco estranho. – Falei observando seu rosto esperando ver alguma reação negativa, porém ele sorriu ao assentir. Ele era realmente meigo. Não totalmente meigo porque ele era bem devasso, mas vamos dizer que ele era meigo quando precisava. E então, ele retirou a chave da casa dele e balançou na minha frente. Ele não era nada meigo. – Isso é um convite para ir até sua casa? – Ele pareceu hesitar antes de concordar.

― Talvez seja rápido demais – Acabei falando. Ao contrário do que esperava, ele concordou antes de me beijar mais uma vez, se afastar e dirigir para a minha casa. Quando nos despedimos, me beijou mais uma vez na porta de casa e somente voltou para o carro quando entrei.

Alexander parecia ser uma mistura de um príncipe com um vilão. O tipo mais perigoso para as mulheres. 

CONTINUA...

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