Hope 16

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Ser sincera com Alexander significaria contar sobre o meu passado, mas eu estava realmente preparada para isso? Não era como se eu estivesse em um relacionamento com ele, quero dizer, Alexander me beijava sempre que tinha uma chance, me abraçava com carinho e me olhava gentilmente, mas isso significava que ele gostava de mim? Eu realmente não sabia responder.

Meu ultimo relacionamento me deixou insegura sobre como me comportar diante de um homem e como corresponder as demonstrações de afeto. Eu sempre imaginei que jamais conseguiria me relacionar com alguém, pelo menos até encontrar Alexander e sua estranha cafeteria. Com sua voz impactante e seu jeito gentil, ele havia me conquistado de alguma forma.

Mas o que mais poderia fazer além de temer sua reação quando eu contasse sobre a minha vida? Como poderia contar que estava fugindo de minha própria família?

Ele poderia me odiar ou me achar uma fraca. E eu realmente não desejava ver seu olhar repleto de pena.

Eu queria que ele continuasse me olhando com carinho.

Isso era realmente um pensamento egoísta, eu sabia, mas o que poderia fazer? Queria ficar ao lado dele por um bom tempo.

Alexander foi o responsável por me fazer sorrir após um longo tempo.

― Talvez eu esteja pensando muito seriamente sobre tudo isso ― Acabei murmurando antes de olhar para a porta fechada da sala de funcionários. Após o expediente terminar fui direto trocar de roupa, ansiosa para sair com Alexander, porém assim que abri a porta, encarei Paul me olhando como se eu tivesse feito alguma coisa errada. ― O que aconteceu? ― Perguntei realmente surpresa ao ver a expressão desanimada de Paul ao me encarar. Por mais que ele gostasse de me infernizar, começar monólogos intermináveis quando estava ao meu lado e parecia querer me empurrar para Alexander, nunca o vi daquela forma antes. Talvez uma vez, quando mencionei que não queria ter um relacionamento com Alexander.

― Não o machuque ― Disse como se estivesse pedindo seriamente. Seu olhar demonstrava sua sinceridade. ― Eu sei que sempre tentei juntar vocês dois, mas não quero que machuque o meu amigo por não saber o que está sentindo por ele ou por estar saindo com ele acreditando que por ele ser surdo será uma novidade. Alexander é uma pessoa com sentimentos.

Não sabia o que tinha acontecido no passado de Alexander, mas eu tinha certeza sobre uma coisa: Paul era um bom amigo.

― Eu gosto dele ― Disse firme ao olhar em seus olhos. ― Não estou saindo com ele por algum motivo ridículo como esse, mas sim por gostar de sua companhia. Alexander foi o único que me fez ter esperança após um longo tempo. Se eu não o encontrasse, estaria fadada a acreditar que não sou feita para ser amada. ― Fui o mais sincera que consegui sem demonstrar qualquer fraqueza ou ressentimento pelas palavras que dizia. Nunca fui uma pessoa que me preocupava com a opinião dos demais, pelo menos antes de conhecer a pessoa que destruiu a minha vida, mas por alguma estranha razão tinha o desejo de explicar-me para Paul. A verdade é que eu não queria que ele pudesse destruir o pouco que eu tinha com Alexander.

― Vocês são realmente parecidos ― Ele murmurou antes de dar de ombros ao respirar fundo colocando um largo sorriso no rosto. ― Alexander está te esperando na entrada. ― Sorri ao assentir, me despedindo em seguida. Eu estava ansiosa para encontrar o homem com a voz hipnotizante e olhar dócil que parecia ser atraído pela minha loucura.

Eu realmente queria ver Alexander.

Andei rapidamente até a entrada, o encontrando parado na soleira da porta com o semblante sério.

Eu tinha feito alguma coisa errada? Foi o meu primeiro questionamento ao me aproximar com cautela.

― Algo aconteceu? ― Perguntei assim que parei em sua frente. Ele hesitou antes de assentir com o semblante sério. ― Pedirei desculpas, se eu estiver errada. ― Falei tentando soar razoável, mas sentia que algo estava errado. O olhar dele era demasiado frio como se estivesse decepcionado comigo.

Alexander demorou um pouco antes de finalmente falar o que lhe afligia.

― Não se importa que outras mulheres me toquem? ― A sua pergunta me pegou desprevenida. Pisquei algumas vezes antes de finalmente sorrir levemente. Ele estava angustiado por não ter visto qualquer reação minha quando a mulher o tocou antes na cafeteria.

― Por mais que eu queira dizer que me importo, não posso ― Comecei a falar ao encará-lo tentando não estremecer ao ver seu olhar fixo em minha. Ele era realmente bonito. ― Não somos namorados e nem temos um compromisso, Alexander. Não tenho o direito para interferir em sua vida.

O que eu falei tinha uma logica, pelo menos para mim, mas de alguma forma, ele pareceu enfadado ao desviar o olhar e respirar fundo algumas vezes. Ele estava se controlando? Nunca pareceu ser do tipo agressivo.

― Realmente acredita que não tem o direito?

Sua pergunta era irracional, certo?

― Acho que... sim ― Comecei a não ter certeza sobre minha própria logica ao escutar sua voz. Quem poderia falar algo contrario a ele? A sua voz perfeita não permitia.

― Dana ― Ele tocou em meu ombro com delicadeza ―Não beijo qualquer mulher e muito menos ataco mulheres no banheiro com quem pretendo ter algo mais serio.

Pisquei realmente surpresa pelas suas palavras. Isso parecia um pedido de casamento? Acabei sorrindo diante do meu pensamento tolo ao passar a língua levemente pelos meus lábios.

― O que quer dizer com isso? Eu prefiro que seja claro. Não quero imaginar coisas que jamais serão verdade.

― Você pode interferir sempre que uma mulher me paquerar. Eu quero que você interfira.

― Tem realmente certeza? ― Ele assentiu ao sorrir lindamente. Um sorriso sedutor com um toque de malicia. Esse homem era realmente a minha perdição. ― Então a parti de agora irei afastar todas as mulheres de você ― Disse séria, o que o fez sorrir, provavelmente ― E você também irá afastar os homens?

―Tem muitos? ― Sua voz soou mais rouca. E eu que nunca pensei que poderia ficar ainda mais apaixonada pela sua voz descubro que é possível. Aos poucos a imagem dele gemendo com sua voz rouca inundou minha mente. Eu realmente preciso parar de ter uma imaginação tão fértil.

Neguei com um largo sorriso. Alexander foi o primeiro homem por quem me interessei após fugir, mas ainda não iria revelar isso para ele.

―Para onde vamos hoje?

― Para um centro comunitário que ensina as pessoas que perderam a audição a linguagem de sinais e a ler lábios. ― O olhou admirada perguntando se ele também ajudava as pessoas, ele assentiu contente. ― Quero que conheça os meus amigos e que entenda o meu mundo um pouco.

― Será um prazer ― Disse com sinceridade, enquanto começava a pensar quando seria o momento ideal para contar sobre o meu passado. Deveria começar falando sobre a minha família para prepara-lo para o pior.

Sim, definitivamente farei isso.

Essa vez serei feliz.

Foi o que pensei assim que a mão dele segurou a minha ao sair da cafeteria. 

CONTINUA...

Para quem não viu as minhas postagens nas redes sociais ou o aviso aqui no wattpad.. sumi durante esses meses pq estava finalizando o meu tcc.. mas agora pretendo terminar tudo, então fiquem tranquilas.

Uma pessoa comentou que essa história lembra Sign, e sim... me inspirei neles (sou mega apaixonada por essa historia.. YxS forever hahahah)

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