10 - Somos nosoi! Mas eu nem ligo, vocês vão queimar!

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Central Park

Edgar

Ter o piquenique de turma interrompido por zumbis? Super normal, ninguém estava correndo em pânico no momento.
Ainda não. Todos estavam mais ocupados ficando paralisados ou tremendo de medo. Menos o nosso professor, ele encarava tudo com muita naturalidade.

E garotas malucas lançando bolas de fogo roxo nos zumbis também era super normal, muito bem, obrigado.
Essa semana já estava se tornando uma fonte de bizarrices.

Eu estava começando a perder minha calma habitual. Aquilo já estava passando dos limites.
Havia algo de muito podre na cidade de Nova York, e isso eu soube quando encontrei os malditos encanadores-monstro.

Não sei porquê vim nesse maldito passeio!
Sinto que a raiva começa a sair por meus poros. Respiro devagar e ela vai embora.
Desde muito novo tenho um problema em controlar meu temperamento, e devido a isso tive que passar por vários psicólogos e terapeutas. Mas só consegui aprender a controlar a raiva quando comecei a lutar, aos dez anos.

O Mestre Li, meu ex-professor me ensinou tudo que sei sobre artes marciais e meditação.
Passei horas meditando, por isso consigo me controlar quando mais uma bola de fogo é lançada na direção dos zumbis.

Quero parar a maldita luta, quero desaparecer deste lugar barulhento e ir para uma fonte no meio da mata, onde há silêncio.

- Como vocês ousam pisar na minha comida? - a garota, Beatrice era seu nome, olhava enfurecida para os zumbis. - Suas bestas malditas!

Outra bola de fogo atingiu a cabeça do zumbi do meio, arrancando um pouco de sua pele encouraçada.
O fogo roxo parecia consumir a pele deles, mas logo sumia, deixando apenas faíscas que queimavam os trapos em seus corpos.

- Saiam agora daqui! - a garota parecia envolta num furacão violeta, que bagunçava seus cabelos de uma maneira sinistra.

O zumbi do meio abriu a boca e dela saiu uma voz esganiçada e lenta:

- Nósssss ssssomosss nosssoi.

- O legaaado de Baco nãooo pode noss deteeer... - o zumbi da direita falou.

- Ele é fraaaco. - o da esquerda completou.

Beatrice olhava tudo com fúria nos olhos.

- Eu não perguntei quem vocês são, estão pisando na minha comida e isso já é o bastante! - a garota se aproximou mais ainda dos mortos-vivos.

Foi aí que reparei que ambos os zumbis estavam encima da toalha de piquenique, e já haviam esmagado uma grande parte da comida que estava ali.

Enquanto olhavamos o zumbi do meio abriu a boca e espirrou uma gosma amarela que saiu voando por todos os lados.

- Se abaixem, não deixe que toque em vocês. - Hannibal grita, e agarra os mais próximos dele, os jogando no chão.

Vejo que uma enorme bola da mesma gosma vai em direção de Beatrice, mas é consumida pelo fogo.

- Olhem para isso! Vocês sujaram toda a comida com essa maldita gosma fedorenta! - ela apontava para a comida, que jazia esmagada e suja de ranho.

- Eu disssse, o legado é fraaaco. - o zumbi do meio abriu sua boca e soprou uma fumaça verde, tóxica. - Nósss vamos destruir tuuudo.

- Somosss muitosss. - a criatura da esquerda também cuspiu fumaça verde. - Os nosoi vencem.

Beatrice parecia ainda mais enfurecida, e logo estava frente à frente com os zumbis.

- Trice, não! - um garoto, devia ser o irmão gêmeo dela, tentava se aproximar, mas a aura não permitia.

- Cubram os narizes! Agora! Não respirem essa fumaça! - o professor grita, e cobre o nariz com a camisa.

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