Mark
Devo confessar que estava achando aquilo tudo muito LEGAL.
Claro que a parte de ter o notebook roubado por um diabrete, ser atacado por mortos-vivos, descer pela privada e mais algumas coisas, não era legal, mas a parte dos poderes era incrível!
Sempre gostei dos super heróis que lutavam com bravura pra salvar o mundo. Quando eu era criança, queria ser todos os super heróis e sair pelo mundo lutando contra os vilões.
Quando eu cresci essa vontade não diminuiu, mas eu percebi quais eram os vilões de verdade, e infelizmente eles são nós mesmos.
Somos nós que roubamos, matamos, jogamos lixo na rua, nós que desmatamos e incendiamos as florestas.
Nós humanos somos os vilões. E isso é triste.Por isso sempre gostei de me perder nas histórias em quadrinhos, animes e mangás, eles me davam outra possibilidade. Uma que talvez deixasse o mundo melhor.
Mas agora que eu descobrira que poderia ter poderes tão legais quanto os de Luna e Gustavo, eu pudesse tornar o mundo um lugar melhor...
É, acho que isso não seria ruim...
Quando o professor abriu a porta, o ar úmido do que parecia ser uma manhã chuvosa nos recebeu. Pelas minhas contas já deviam ser nove horas da manhã em New York, o que significava que não tinhamos dormido nada desde a noite passada. Com toda aquela coisa de ataque zombie, deuses e explicações, o sono ficou esquecido.
Aquele lugar era tão grande e haviam tantas coisas a serem ditas que dormir não era importante.
— Aquilo ali é um lago? — Trice apontou para um espaço mais a nossa frente.
— Longa história. — Hannibal murmurou.
A nossa frente se estendia um imenso vale, tendo o lago e o pequeno observatório como centro, ao seu redor despontavam árvores e plantas de inúmeras espécies. Havia tanto verde que era possível se perder nele.
Puxei o ar com força, sentindo a pureza do ambiente, e segui andando, me aproximando do lago.
Uma garota passou correndo por mim, me tirando de meus pensamentos.
Não, ela não estava correndo... estava surfando... surfando no gelo!
Igualzinho aquele cara em Liga da Justiça sem Limites!Ela contornou o lago com sua onda de gelo e subiu numa linha reta dez metros acima do lago, parou encima dele e acenou para o nosso grupo.
— E aí Hannibal! Trouxe visitas? — a garota se fez ouvir lá de cima, tinha cabelos loiros e longos, que desciam numa trança pelas costas, as roupas azuis destacavam a cor quase branca das mechas.
— Tome cuidado aí mocinha. — Hannibal advertiu, dando uma gargalhada.
A garota respondeu batendo uma continência para o professor.
— Isso é pra hoje Turner? — uma voz mais grave soou saindo da floresta, e logo dois garotos saíram de lá.
Não dava pra ver direito da distância que eu estava, mas tenho certeza que a garota revirou os olhos para o que o recém chegado disse, mas logo se concentrou em outra coisa, que era nada mais nada menos que estender as mãos para o gelo e fazê-lo mudar de forma.
Também fiquei embasbacado. Ela estava mudando a forma do gelo irregular para uma escada de trampolim. Levou mais ou menos trinta segundos para a escada ficar pronta e reluzindo ao sol fraco.
Depois disso ela desceu pela escada e sorriu para mim, me convidando a me aproximar.
— E aí? Eu sou a Louisa, mas pode me chamar de Lou. — me aproximei dela e estendi minha mão, que ela prontamente pegou e bateu num high-five. Eu esperava que ela apertasse, mas tudo bem.
— Mark. — falei, com um pouco de vergonha.
Meus amigos se aproximaram e ficaram olhando para Louisa, admirados.
— Você pode controlar o gelo? — Trice perguntou, curiosa. — Igual a Elsa?
Risadas soaram atrás de nós.
Eram os dois garotos que tinham vindo pela floresta.
— Vai se acostumando com esse apelido, pequena Elsa. — um deles, o mais alto, com incríveis cabelos vermelhos e olhos cor de mel, falou.
— Só falta cantar Ler It Go. — o outro completou, tinha cabelos pretos e era muito pálido, os olhos extremamente cinzas lhe davam um ar misterioso.
— Ah é, então da próxima vez construam vocês a droga da escada! — a garota bufou, com raiva.
Mais uma vez o professor riu, e murmurou um “ Crianças” quase inaudível.
— Ei Hannibal, quem são esses? — o cara ruivo perguntou.
— Esses são seus novos colegas, Beatrice, Maurice, Mark, Edgar, Lisa e Helena. — disse, apontando para cada um de nós, respectivamente. — Espero que se dêem bem e não aprontem muito...
— E nós lá fazemos essas coisas... — o ruivo zombou, tinha uma feição de quem está sempre alegre. — Ah, perdão, me chamo Dylan, e este aqui é o Dean, e esta a Lou, sejam bem-vindos!
— Obrigado pela apresentação calorosa Dylan. — o garoto deu uma risadinha. — Sei que vocês têm muita coisa ainda pra conhecer e muitas perguntas sem respostas, mas só quero que conheçam um pouco este lugar e depois serão liberados para dormir um pouco.
“ Essa é uma reserva que está em nome da minha família, e se estende por alguns quilômetros, ela também é cercada por feitiços de proteção e câmeras de vigilância 24 horas. Então podem ficar tranquilos, aqui estarão seguros e protegidos.”
— Acho que dormir um pouco não me faria mau. — Lisa murmurou, soltando um bocejo alto.
— Se quiserem já podem ir, conhecem o lugar, peçam ao elevador e ele os levará aos seus respectivos dormitórios. — o professor instruiu. — E vocês três, nada de bagunça, vou caminhar um pouco pela trilha, qualquer coisa me chamem pelo comunicador.
E saiu andando, se embrenhando na floresta.
— É sempre confuso no começo, mas depois você se acostuma. — Dylan comentou, começando a subir na escada. — Se eu fosse vocês, iria dormir um pouco, seus cérebros devem estar cheios de informação.
— Você nem imagina. — Edgar disse, se afastando de nós e indo para a casa de observação.
— Vocês já sabem quais são seus poderes? — Lou pediu, curiosa.
— Ainda não. — murmurei, olhando de soslaio para Trice.
Ninguém havia explicado o ocorrido do Central Park ainda...
— Uh, entendo. — a garota murmurou, enquanto seus olhos se perdiam na forma de Dylan, que estava no alto do trampolim.
O garoto de repente começou a pegar fogo, todas as suas roupas estavam queimando, ele estava queimando! Dylan se preparou para saltar enquanto eu olhava, aterrorizado, sua forma queimar.
— Em chamas! — Dylan gritou enquanto descia para um salto de dez metros, e aterrissava no lago com um Splash gigante, como quando colocámos uma panela quente na água fria, só que o som foi dez vezes mais alto, e o choque fez a água se agitar e molhar todos nós.
— Exibido. — Dean murmurou, afastando os cabelos molhados da testa. — Minha vez!
E subiu a escada também, se preparando para saltar.
Eu não fiquei lá para assistir, já tinha sido encharcado por vezes suficientes aquele dia, só queria tomar um banho quente e dormir.
Acho que meus amigo tiveram a mesma ideia, já que ouvi passos atrás de mim.
Precisaríamos de um bom tempo de sono para entender aquilo tudo.
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A Peste
AdventureO que você faria se descobrisse que todas as histórias que seus pais contavam são reais? Que todos os mitos e lendas que você aprendeu na escola não são apenas mitos e lendas? Que existe um mundo escondido a nossa frágil visão humana? Um mundo que é...