15 - Ela lê pensamentos e ele aparata

21 4 30
                                    

Lisa

Aquilo tudo estava passando dos limites, quer dizer, ser atacada por um monstro na sua própria casa e depois descobrir que sou descendente de um deus ou deusa antigo.

Era um pouco demais. Mas eu sabia que era verdade.
Soube quando constatei que meu novo professor de história era o mesmo homem que vi no hotel, e que me encarava.

Confesso que fiquei com medo dele, e da explicação para aquilo acontecer, mas levando em conta os acontecimentos devo deduzir que Hannibal esteve conversando com o Sr. Carter.

Agora não sinto mais medo do professor, e sim uma sensação de saber que o que ele diz é verdade.

Ouvir a história do Bunker me deixou mais confiante, senti que realmente estava segura ali.

Tudo isso se passava pela minha mente ao encarar o casal de jovens que acabara que abraçar Hannibal. Deviam estimá-lo muito.

— Ei, nós não somos um casal! — a garota, que por sinal eu achei muito fofa, protestou, ficando ainda mais vermelha do que já estava.

— É verdade, nós não somos um casal. — o garoto concordou.

— Ainda bem que você reconhece. — ela se desvencilhou dos braços do rapaz.

— Somos almas gêmeas meu amor. — ele a puxou de volta, lhe abraçando mais apertado, e lhe deu um beijo na bochecha. — Isso você não pode negar.

Hannibal riu do casal.

Realmente os dois eram muito fofos juntos, se não eram um casal deveriam ser...

— Eu já disse que nós não somos um casal! Porquê todos nessa sala insistem nisso? — a garota, Luna, parecia mesmo irritada.

— Ei, como você sabe que todos aqui estão pensando nisso? — Rice questiona, desconfiado.

—  E não estão? — meus colegas olham para o lado, disfarçadamente.

— Eu devo explicar que nossa amiga Luna possui uma habilidade muito boa, herdada da mãe Afrodite, ela pode sentir as emoções em um ambiente e até mesmos os pensamentos. — Hannibal explica, olhando para Luna.

— Quer dizer que ela é telepata? — Mark parece estar espantado e empolgado ao mesmo tempo.

— É por aí. — a garota assente. — Consigo sentir as emoções das pessoas e captar seus sentimentos mais ocultos, nem sempre consigo sentir tudo e todos, mas na maioria das vezes sim.

— Que legal! — Mark faz a cara de quem está teorizando. — Será que eu tenho essa habilidade?

— Talvez, se você descender de um deus ou deusa do amor pode acontecer, ou não, varia bastante.

A empolgação de Mark parece ter diminuído.

— Nem é tão legal assim, ainda mais se você encontrar ou conviver com outro legado de uma deusa do amor. — Luna balança a cabeça. — No meu caso, o Gustavo aqui.

— Por isso vocês são almas gêmeas então... — Helena sussurra.

— Realmente não é nada bom saber o que as pessoas pensam, acreditem.

— E você, qual seu poder? Sendo filho de Hermes deve ser algo com...

— Se você disser roubar vamos ter problemas. — Gustavo cortou Edgar antes que este pudesse fazer qualquer comentário. — Eu, assim como meu pai posso viajar para todos os lugares sem precisar de um portal ou qualquer outro meio de viagem mágico, eu simplesmente imagino para onde quero ir e estou lá, ou podem dizer que eu só me teletransporto mesmo.

— Só se teletransporta? Isso é demais! — foi a vez do Rice ficar empolgado.

— Realmente, mas se eu estiver desconcentrado ou nervoso posso acabar entalado e não poder me mexer...

— Então, é como aparatar? — pergunto. — Como na vez que o Rony estrunchou e não consegui mais aparatar...

— O que é aparatar? — Gustavo pergunta.

— É um lanche de Harry Potter, é o mesmo que se teletransportar. — Luna responde, ainda abraçada ao garoto.

— E é claro que você saberia disso. — ele revira os olhos. — Mas seria isso mesmo, e tenho também essas sandálias aladas, presente do papai.

— Mas isso são all stars. — Edgar atesta o óbvio, apontando para os pés do garoto.

— Observe. — Gustavo diz, e logo os tênis mudam para um par de sandálias douradas com pequenas asinhas que batem loucamente, tirando o garoto do chão, este que leva Luna junto.

— Me coloque no chão! — a garota protesta e Gustavo pousa no chão novamente.

— Legal né? Tem mais, elas podem se camuflar em qualquer calçado que eu queira. — ele diz isso e as sandálias se tornam um tênis de corrida vermelho.

— Uau.  Seria bem legal ter um desses. — admito.

— Qual deus do amor é seu ancestral? — Helena pede.

— Freya, deusa nórdica do amor, da beleza, e outras coisas, é minha vovó, graças a ela posso sentir todos os sentimentos dessa belezinha aqui. — aperta Luna entre seus braços.

A garota parece um tomate de tão vermelha.

— E quais são os nossos poderes? — Edgar parece estar pensativo.

O professor balança a cabeça.

— Como eu disse, depende de seus progenitores, e pode variar muito, dos seis eu apenas sei das habilidades da Beatrice, que todos nós presenciamos.

—  E quais são nossos progenitores divinos? — pergunto.

— Mais calma crianças, vocês saberão de tudo, só tenham paciência, vamos conhecer o lugar primeiro. — Hannibal se dirige até o elevador. — Vão ficar aí?

Nos despedimos do casal que não era um casal, que ia ficar estudando na enorme biblioteca, e nos juntamos ao professor.

***

Quando as portas se abrem avistamos uma sala de estar. Deveria se chamar sala se tv, já que haviam várias tvs dispostas em todos os lugares, e três enormes sofás, sem contar mas poutronas espalhadas aqui e ali. Ao fundo podíamos ver uma mesa de acácia, grande o bastante para no mínimo cinquenta pessoas.

— Nesse andar fica a sala de estar e a cozinha, onde nós fazemos nossas refeições em grupo e onde se pode relaxar também. — o professor já estava voltando para o elevador. — Vamos conhecer tudo primeiro, depois terão tempo para se familiarizar.

O professor nos guiou pelos cinco andares seguintes, nos mostrando cada um.

Quarto e quinto andar era onde ficavam os alojamentos, feminino e masculino, respectivamente. O sexto andar era a sala das armas e munições. O sétimo e o oitavo andar eram salas de treinamento.

Possuíam ringues de luta, piscinas para natação, tatames, salas para lutas com espadas e toda sorte de objetos pontiagudos.

Quando por fim terminamos de conhecer tudo, Hannibal nos levou até a superfície.

— Um observatório? — Trice perguntou logo que as portas do elevador se abriram.

O espaço era realmente um observatório. Uma escrivaninha bagunçado adornava um lado da parede, está que era coberta de papéis e panfletos, e do outro lado havia um enorme telescópio próximo a uma janela, uma escada dava para o que seria o segundo andar.

— O que tem lá encima? — pergunto.

— Mais alguns telescópios e brinquedinhos científicos. Pode se dizer que é nosso laboratório. — o professor abriu a porta da pequena sala, revelando um belo dia de verão.

Notei que havia movimentação lá fora, e bastante barulho.
Só então percebi que não havíamos encontrado mais ninguém nos outros andares.

— Venham crianças, venham conhecer seus outros colegas.

A PesteOnde histórias criam vida. Descubra agora