13.Sábio conselho!

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- O senhor pode me dar uma carona pra faculdade pai? -Perguntou Lisbela enquanto tomava o café da manhã com o pai e a tia.
- Claro querida, mas precisamos providenciar um transporte para você. Por mais que me agrade passar mais tempo com você, o melhor é ter seu próprio carro, assim, não precisará esperar por mim toda vez que precisar sair.
- Eu sei pai, mas não precisa se preocupar com isso, sempre usei metrô, ônibus e táxi ou ia para a faculdade de carona com minhas amigas. - Garantiu Lisbela.
- Ainda assim querida, eu vou cuidar disso, quando você viajou, achamos melhor ficar sem motorista, sua tia dirige o próprio carro, o Érick e eu também, não havia necessidade de um motorista. Mas se você quizer posso contratar alguém.
- Não precisa pai, eu posso dirigir o carro da tia Olga, se ela me emprestar? - Ela sorriu para a tia.
- Claro que sim querida!
- Viu pai, problema resolvido.
- Que bom, - Mas faço questão de lhe dar carona hoje que é o seu primeiro dia. - Insistiu - Mas agora vamos terminar esse café da manhã delicioso que a sua tia preparou. - Completou olhando para Olga com muito carinho.

- Sua tia me contou que você visitou a faculdade? - Perguntou Nícolas quando estavam no carro à caminho da faculdade.
- Achei melhor conhecer o prédio assim não terei problema para localizar a sala.
- E o que achou das instalações?
- Gostei. -Respondeu Lisbela sem muito entusiasmo.
- Está tudo bem filha? -Perguntou preocupado.
- Estou bem pai, - Ela tocou no braço dele - Apenas ansiosa, ainda não conheço ninguém na faculdade e não é fácil se adaptar quando se entra em uma turma no fim do curso. -Justificou-se.
- É só isso? - Insistiu ele.
- Sim pai. - Garantiu
- Tá bem. - Nícolas achou melhor não pressioná-la, sabia que a tristeza que via no olhar da filha, desde o dia em que Érick havia levado a noiva para conhecer Lisbela e Carolina contara sobre a gravidez, se devia ao fato de que ela não esquecera aquele sentimento que nascera quando era apenas uma menina e que Nícolas acreditara que ela superaria estando longe. Os dois fizeram o restante do percurso em silêncio.
- Sei que você logo irá se adaptar à sua nova turma. -Disse após dar um beijo no rosto da filha ao chegarem à faculdade.
- Obrigada pela carona.
- Filha? - Chamou quando ela ia sair do carro.
- Sim? - Ela voltou-se para ele.
- Caso você precise conversar, eu estarei aqui para te ouvir e prometo que não vou mais tentar impor a minha vontade e respeitarei os seus sentimentos.
- Oh pai! - Lisbela abraçou-o.
- Me perdoe querida, - Pediu interrompendo o abraço -Realmente pensei que estava fazendo o melhor para você. -Lágrimas vieram-lhe aos olhos.
- Não fique assim, - Fitou seus olhos com ternura, - Te amo muito e sei que o senhor também me ama e que tudo o que fez foi para o meu bem -Balançando a cabeça forçou um sorriso, - Mas agora vamos parar com isso, eu tenho aula e não quero me atrasar.
- Você tem razão filha, - Secando as lágrimas Nícolas ajeitou-se no banco - Vá para sua aula. Boa sorte com a nova turma.
-Obrigada. - Respondeu e saiu do carro.
Lisbela permaneceu alguns segundos observando o carro se afastar e tentando se acalmar, afinal, emocionada como estava, não podia entrar em uma sala cheia de pessoas desconhecidas. Quando se sentiu mais tranquila, respirou fundo e foi em direção à entrada.

- E então o que achou? - Carlos perguntou quando saiam da sala de aula.
- Normal. - Respondeu Lisbela.
- Só isso? - Perguntou fingindo estar ofendido.
- O que você pensou que eu responderia? - Lisbela riu diante da encenação dele.
- Você poderia ter dito que gostou muito da turma.
- Carlos, é o meu primeiro dia, -Lembrou-o - mas eu gostei da turma.
- E...? - Insistiu ele.
- O que mais você quer que eu diga?
- Que tal fazer alguma referência a um colega que você considerou muito bonito, inteligente, bem humorado?
- E quem seria esse colega? -Perguntou Lisbela rindo ainda mais.
- Assim está muito melhor! -Respondeu ele.
- O quê? - Perguntou sem entender à que ele se referia.
- Você parecia triste durante a aula e não me diga que era nervosismo, - Fez um gesto com a mão para interrompê-la - Você não parece o tipo de pessoa que fica encabulada diante de estranhos, mas não quero me intrometer na sua vida e não preciso saber o motivo da sua tristeza. Apenas quero te ver sorrindo.
Como no dia em que ele a beijou no rosto, Lisbela não falou nada, mesmo que ele tivesse insistido em saber o que a estava entristecendo, não poderia falar sobre os seus sentimentos por Érick para alguém a quem mal conhecia.
- Alguém vem te buscar ou você veio com o seu carro? - Carlos perguntou mudando de assunto.
- Nenhuma das duas opções. Vim com o meu pai, mas agora ele está trabalhando e eu não tenho carro.
- Posso te levar. - Ofereceu
- Obrigada, mas ainda tenho que fazer umas compras e depois pegarei um táxi.
- Então nos vemos amanhã.
- Até amanhã.
Após se despedir dele, Lisbela se dirigiu para o shopping, que ficava à alguns metros da faculdade. Na verdade a ida ao shopping lhe ocorrera quando Carlos lhe ofereceu carona, dera essa desculpa pois não queria magoá-lo, mas também não se sentiria confortável em aceitar a carona, queria ficar sozinha e além de Carlos ser um completo desconhecido, não queria que ele penssasse que poderia haver algo mais que amizade entre os dois, mas não era má idéia uma ida às compras, estava mesmo precisando de algumas coisas e tinha que ocupar sua mente com algo para não pensar em Érick. Pegando seu celular ligou para Olga e avisou que iria almoçar fora.

Eram três da tarde quando Lisbela chegou em casa. Em seu quarto, guardou os livros que comprara e escolheu uma roupa para vestir e foi tomar um banho demorado para relaxar, depois procurou a tia, que estava na cozinha conversando com Irene.
- Boa tarde! - Cumprimentou as duas que responderam ao mesmo tempo.
- Como foi na faculdade filha? -Perguntou Olga.
- Bem tia, obrigada.
- Senti sua falta no almoço. -Como Nícolas não vinha almoçar em casa e Érick estava passando a maior parte do tempo na casa de Carolina, as duas sempre almoçavam juntas.
- Depois da aula fui comprar alguns livros que esqueci no dormitório e achei melhor almoçar no shopping.
- Conseguiu encontrar os livros que queria?
- Sim.
- Que bom, - Disse Olga - Agora sente-se aqui a Irene fez um bolo delicioso e você precisa experimentar.
- Estou sem fome tia.
- É só um lanche querida e assim você me faz companhia, por favor. - Pediu
- Tá bem tia.
Irene serviu-lhes o bolo, que realmente estava uma delícia, e enquanto comiam, falaram sobre os novos colegas de Lisbela.
- E o rapaz que você conheceu semana passada?
- O que tem ele? - Perguntou Lisbela indiferente.
- Como ele é?
- Como os outros garotos da turma tia, todos foram muito simpáticos e o Carlos até me ofereceu uma carona, mas eu recusei, afinal mal o conheço.
- E esse foi o único motivo que te fez recusar? - Olga fitou-a por alguns segundos.
- Além de conhecê-lo pouco, eu precisava comprar os livros e... -Fez uma pausa diante do olhar indagador da tia - ...Por que a senhora está me olhando assim?
- Porque te conheço querida e sei que se esse rapaz demonstrar algum interesse, você fará tudo para manter-se distante e acho até que ele já se mostrou interessado e por isso a sua recusa em relação à carona.
- Tia a senhora sabe que eu não poderia me interessar por outro rapaz... - Olhando para Irene que estava lavando alguns pratos na pia ela baixou a voz -...Acredite tia, se fosse possível teria acontecido quando eu estava longe e não aconteceu e agora que eu estou tão perto outra vez acho que não me interessarei por mais ninguém.
- Entendo que você pense assim querida, mas o tempo pode curar qualquer dor, mudar um sentimento e se não foi possível antes, talvez tenha sido porque não quisesse esquecer, afinal, quando você saiu daqui era só uma menina que estava descobrindo o seu primeiro amor, hoje, você é uma mulher e pode vir a gostar de outro rapaz.
- Já terminei tia, se me dá licença, tenho que arrumar algumas coisas. - Pediu levantando-se e saindo da cozinha.
Lisbela estava revendo algumas anotações que fizera durante a aula, quando Olga bateu na porta e abriu-a.
- Posso entrar?
- Claro tia.
- Está zangada comigo?
- Não tia.
- A única coisa que eu quero é a sua felicidade.
- Sei disso, mas a senhora não entende que o amor que eu sinto pelo Érick, está tão enraizado aqui dentro de mim, que não posso simplesmente esquecer?
- Você está enganada minha querida, entendo que um amor tão forte como esse que sente pelo Érick não pode ser esquecido, mas pode ser mudado e que isso não te impede de conhecer outro rapaz e até mesmo de se apaixonar outra vez. - Pegando as mãos de Lisbela entre as suas - O Érick vai casar com a Carolina e em alguns meses eles terão um filho, por isso você precisa seguir em frente.
- Tia... - Precisava contar á alguém e Olga era a pessoa em quem mais confiava - ...O Érick e eu... Nós fizemos amor... -Contou
- Na noite após o seu retorno. -Completou Olga.
- A senhora sabia?
- Sim.
- O Érick lhe contou?
- Não, o Érick jamais faria isso.
- Então como a senhora descobriu?
- Desconfiei que alguma coisa tinha acontecido pelo seu comportamento no dia seguinte e depois você mudou, ficou triste, calada e quando o Érick trouxe a Carolina e os pais para jantar e ela contou sobre a gravidez, sua reação não foi de surpresa, juntei tudo e cheguei a conclusão que algo muito sério havia acontecido entre vocês. - Ela tocou o rosto da sobrinha - Oh minha menina!
- Eu passei todos esses anos que estive longe sonhando em estar nos braços dele tia, naquela noite quando o Érick confessou que sempre me amou... eu não consegui resistir, nós não conseguimos e eu não me arrependo tia, foi a noite mais bonita da minha vida e mesmo que pudesse voltar no tempo, eu não faria diferente. Sei que a senhora está decepcionada comigo, eu já sabia que ele estava noivo e mesmo assim...
- Ele também não levou em consideração esse noivado e os dois primeiro deveriam ter resolvido os problemas que os impedia de ficarem juntos, ele com a noiva e você com o seu pai, -Repreendeu-a - Mas já fui uma jovem apaixonada e sei que às vezes a cegueira da paixão nos faz cometer erros, além do mais não podemos mudar o passado. Agora, como disse antes, você deve focar no futuro e deixar o passado no lugar dele.
- A senhora tem razão tia e eu estou fazendo tudo o que posso.
- Então não feche seus olhos para a possibilidade de se apaixonar por outro rapaz, -Pediu-lhe - Quem sabe o que o futuro lhe reserva?

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