Cinco dias depois da conversa com a tia, Lisbela ainda se perguntava como seguir o Conselho que Olga lhe dera, mas a cada dia que passava, ela tinha mais certeza que não conseguiria enterrar seus sentimentos deixando-os no passado e pensar apenas no que o futuro lhe reservava.
Faziam oito dias que não via Érick, depois do jantar, no qual Carolina anunciou sua gravidez, ele viera dormir em casa apenas uma vez e chegara tarde da noite e saíra tão cedo na manhã seguinte, que Lisbela só soube que ele havia dormindo em casa ao ver Irene arrumando a cama dele e ao perguntar ela lhe confirmara.
Ele realmente estava empenhado em manter a maior distância possível entre os dois.
Na faculdade, começava a se enturmar, Carlos estava certo quando dissera que ela não era o tipo de pessoa que se sentia envergonhada diante de estranhos.
Faltavam algumas semanas para a formatura e Lisbela focou nas matérias das provas finais, mas sabia que não teria dificuldade em passar, sempre conseguira boas notas, além disso, queria que o pai e a tia se orgulhassem dela. Depois de formada, trabalharia com Nícolas.
Nícolas Albuquerque era dono de uma empresa de construção, começara como funcionário de almoxarifado em uma empresa pequena e graças à sua dedicação ao trabalho, aos poucos foi sendo promovido e aos trinta anos foi escolhido para ocupar a vice presidência e dois anos depois,
ele decidiu montar a sua própria empresa e com apoio de amigos do setor da construção e principalmente da esposa, que o incetivara muito, levou alguns anos, mas conseguiu se firmar no mercado.
Nícolas tinha trinta e nove anos e Ágnes trinta e seis quando finalmente, após vários tratamentos, ela conseguiu engravidar. Os dois sonhavam com um filho desde que se conheceram e doze anos depois realizaram esse sonho. Olga sempre contara para Lisbela que Ágnes ficara radiante quando soube que estava grávida. Nícolas dizia que a esposa nunca estivera tão bela.
A gestação de Ágnes fora de altíssimo risco, mas ela seguira todas as orientações médicas, fizera todos os exames, não fizera esforços e mantivera-se em repouso. Todos esperavam pela chegada da criança e no sexto mês, um ultrassom mostrara que era uma menina, Ágnes escolhera o nome de Lisbela no mesmo momento, Nícolas contava que perguntara se ela já havia pensado no nome antes do exame e ela lhe respondera que não, que viera-lhe a mente naquele instante. Também fora nesse dia que ela comprara o urso de pelúcia.
No oitavo mês de gestação, Ágnes entrou em trabalho de parto, os médicos realizaram uma cesariana de emergência, Lisbela nasceu com um peso bom, mas precisou ficar na UTI neonatal porque não conseguia respirar e precisou ficar por alguns dias no hospital, mas Ágnes teve uma hemorragia e não resistiu.
Pensando no quão doloroso fora para o pai perder a mulher que amava e ainda ter que cuidar de uma criança prematura e que necessitava de tantos cuidados, o que ele fizera com todo carinho, Lisbela sentia mais amor por ele.
- Lisbela? - Olga a chamou pela terceira vez.
- Ah! Oi tia?
- Você não ouviu nada do que eu disse?
- Desculpe tia, eu estava pensando na minha mãe. - Respondeu com tristeza.
- Oh minha menina! Não gosto de ver você triste.
- Está tudo bem tia, - Ela levantou-se do sofá, foi até Olga e a abraçou - Eu não estou triste, mas ultimamente tenho pensado muito no amor dos meus pais, foi um amor tão forte, tão bonito!
- É verdade, foi um amor muito bonito. - Concordou Olga.
- Tia, - Afastando-se dela, Lisbela fitou-a angustiada - A senhora acha que assim como o papai, eu estou destinada a viver um amor impossível?
- O que? De onde você tirou essa idéia filha?
- Primeiro o papai se apaixonou pela mamãe e infelizmente não puderam ficar juntos, depois, ele conheceu a Eloísa e aconteceu o mesmo, com a senhora e o seu marido foi igual. E eu que amo tanto o Érick e sei que ele também me ama, mas nós nunca poderemos ficar juntos. - Explicou.
- Tire essa idéia da cabeça filha, o amor que existe entre vocês é proibido porque ele, não só, está noivo de outra mulher, mas também vai ter um filho com ela. - Respondeu lamentando ter que tocar em um assunto tão doloroso para a sobrinha. - Desculpe, mas não posso ficar calada ouvindo você dizer tais coisas.
- Eu entendo tia, mas o que a senhora queria?
- Preciso que você me ajude.
- Em quê?
- Eu acabei de fazer aquele bolo que você gosta e preciso que você prove. - Respondeu ela sorrindo.
- Claro tia. Vamos provar essa delícia!
Abraçadas as duas foram para a cozinha.
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para sempre proibido?
RomanceApaixonar-se na adolescência é muito comum, mas no caso de Lisbela, além de inesperado, o sentimento que ela nutria por Érick era considerado um erro, até mesmo por ele, pois ele era o filho da sua madrasta e via o pai de Lisbela como seu próprio pa...