18. Felicidade quase completa!

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- Amanhã venho te ver, - Falou Érick dando um beijo no rosto de Carolina - Agora vou para casa, tenho que revisar alguns detalhes do processo e como o julgamento será em uma semana, disponho de pouco tempo para preparar a defesa do meu cliente. - Justificou-se.
- Mas amor ainda são cinco horas, ficamos tão pouco tempo juntos e além disso, hoje é domingo, você pode deixar para ver esse processo amanhã e dormir aqui comigo. - Carolina pediu.
- Não posso Carol, por favor entenda, vida de advogado é assim e eu não quero te desanimar mas, mesmo depois que nos casarmos, não mudarei minha rotina de trabalho.
- Nem depois que o nosso filho nascer? - Seu tom era de desgosto.
- Vem cá, - Abraçando-a, ele tocou em seu ventre - Claro que quando o nosso filho nascer farei o possível para passar mais tempo com vocês, não pretendo deixar você com toda a responsabilidade de cuidar do bebê, quero e prometo que vou te ajudar, por isso mesmo estou me dedicando ainda mais ao trabalho, mas se você se sentir mal, se precisar de mim, pode me ligar e eu voltarei.
- Eu estou precisando de você agora, nós estamos. - Ela tocou a barriga.
- Carol...
- Tá certo, você tem que revisar seu processo e eu não vou mais te incomodar, mas prometa que irá me ligar mais tarde.
- Prometo. - Dando-lhe outro beijo, Érick foi embora.
Depois que ele saiu Carolina ficou sentada no sofá, irritada, pois sabia que o motivo pelo qual Érick fizera questão de ir embora, não era a revisão do processo. A verdade era que ele queria estar perto de Lisbela, ele estava morrendo de ciúme e pensava que estando por perto atrapalharia o namoro dela com Carlos.
Fora terrível para Carolina ver a forma como ele se mostrava incomodado com a presença do namorado de Lisbela e mais ainda com a afinidade entre Carlos e Nícolas. Lisbela parecia estar feliz com o rapaz, que era muito bonito e simpático e visivelmente apaixonado por ela, até Olga, não parara de sorrir durante o almoço. Mas a felicidade que todos eles demonstravam sentir por causa do namoro de Lisbela, incomodara Érick e Carolina sentia-se muito frustrada, pois mesmo que Lisbela estivesse se afastando de Érick, Carolina não sabia o que fazer para tirar aquela mulher dos pensamentos do seu noivo, mas era tranquilizador saber que a sua rival estava saindo da disputa pelo amor de Érick e Carolina tinha esperança que quando o filho nascesse, ele esqueceria aquele amor bobo que um dia pensou sentir pela filha do seu padrasto.

Érick levou metade do tempo que geralmente levaria no percurso da casa de Carolina até  sua casa. Sim, aquela era sua casa, via Olga como a tia querida, que se preocupava com ele e a quem amava muito e Nícolas como seu pai, seu exemplo de homem bom e honesto, que ao se apaixonar por Eloísa, acolhera o filho dela com muito amor e mesmo depois que ela morreu, continuou tratando-o como seu próprio filho, eles eram sua família, mas Lisbela nunca seria sua irmã. Quando a conheceu, até procurou vê-la como irmã, ela era só uma menina, que olhava-o com carinho e se irritava se ele a chamasse de irmã, mas Érick associava esse comportamento ao ciúme que ela deveria estar sentindo do pai. Jamais imaginara que Lisbela fosse apaixonada por ele, até o dia em que ela lhe contara.
Era impossível esquecer aquela tarde, estava sofrendo por ter perdido a mãe e encontrara apoio nos braços daquela menina que crescera sem a mãe e que não se afastara dele nenhum momento desde que souberam da doença de Eloísa. Então, do nada, Lisbela não só o beijara na boca, como também confessara que estava apaixonada por ele e perdido, sem saber o que fazer, fugira dela, nem mesmo se despedira antes dela ser mandada para um colégio interno em outro estado. Levara algum tempo para ele compreender que  se assustara tanto ao saber que Lisbela era apaixonada por ele, porque sentia o mesmo por ela.
Aos dezesseis anos, Érick era um adolescente como qualquer outro, a notícia do casamento da mãe o alegrara, nunca havia visto ela tão feliz. Ele também sentia-se feliz, mas aos poucos, percebeu que o carinho fraterno que tinha por Lisbela, não era mais o mesmo. Lisbela não era mais a menina que conhecera, ele percebia cada mudança que acontecia com o corpo dela e pior, por várias vezes se pegara admirando-a, desejando-a. Sentia-se muito mal com esses pensamentos, não entendia o que estava havendo, mas sabia que era errado, Lisbela era quase uma criança e além disso, sua irmã.  Em nenhum momento assumira para sí mesmo que era apaixonado por ela e quando ela fez isso, ficou apavorado.
"Talvez se tivesse conversado com ela, se tivesse demonstrado um pouco mais de maturidade, o que aos dezenove anos era esperado que ele tivesse, Lisbela não teria sido mandada para longe e juntos, os dois teriam compreendido seus sentimentos e até poderiam ter explicado à Nícolas, que se amavam". Saindo do carro, Érick afastou aqueles pensamentos, era muito tarde, por mais que no presente entendesse e aceitasse seus sentimentos, o passado não podia ser mudado.
- Boa tarde tia! - Ele cumprimentou Olga que estava no Jardim - Pensei que a senhora já tivesse cuidado das flores hoje! - Comentou.
- É verdade, mas quando o Carlos chegou, parei e agora estou aproveitando o fim de tarde para terminar. - Respondeu - E você querido, desistiu de dormir na casa da sua noiva?
- Tenho trabalho para fazer e ficarei em casa hoje. - Respondeu e ia entrar em casa, mas parou e voltou-se para Olga - Tia?
- Sim querido?
- O que a senhora achou do... - Era difícil até pronunciar aquelas palavras - ...Do namorado da Lisbela?
- Ele me pareceu uma ótima pessoa. - Respondeu - Por que a pergunta filho?
- Por nada tia.
- Você não gostou dele? - Insistiu.
- Na verdade não, mas isso não importa, quem tem que gostar é ela...
- É, você tem razão, - Concordou Olga - Mas nós dois sabemos que não importa se ela namora o Carlos ou qualquer outro, você nunca gostaria de um namorado da Lisbela. - Era uma afirmação.
Érick fitou-a por alguns segundos. - Tia...
- Venha sentar-se um pouco comigo. - Pediu indo até um dos bancos, obedecendo Érick  sentou-se ao lado dela no banco. Enquanto retirava as luvas Olga estudou-o por alguns segundos - Eu sei o que houve entre vocês.
- Não faço ideia do que a senhora está falando tia... - Falou tentando encerrar o assunto.
- Sim você faz, me referi ao que aconteceu na noite do retorno dela.
- Tia eu não... - Ele parou de falar quando ela interrompeu pegando em seu braço.
- Entendo que você não queria falar sobre isso e eu não quero te constranger, nem tão pouco repreender, mas você tem que entender que se a sua escolha foi casar com a Carolina...
- Ela está esperando um filho meu! - Justificou-se. 
- Acho que você fez o certo, mas  você precisa aceitar que a Lisbela também merece ser feliz, conhecer um homem bom, que goste dela e a ajude a superar toda a tristeza que está  sentindo. E o carlos pode ser esse homem.
- E a senhora acha que eu estou feliz? - Ele passou a mão pelos cabelos - Por mais que eu entenda que ela merece ser feliz e que não poderemos ficar juntos, - Deixou as mãos caírem em suas pernas - Vê-la nos braços de outro é tão doloroso que eu nem posso explicar tia.
- Oh querido! - Olga tocou em seu ombro - Como eu queria poder mudar essa situação e  apagar o sofrimento dos dois e se pudesse eu o faria, mas se isso não é possível, faça como ela, procure construir a felicidade com a sua esposa e seu filho. - Aconselhou.
- Acredite tia, eu estou tentando, mas acho que nunca serei completamente feliz.

Lisbela estava no sofá, lendo quando Érick entrou. Ela nem precisou tirar os olhos do livro para saber que era ele.
- Boa tarde! - Cumprimentou ele sentando-se ao lado dela.
- Boa tarde! - Respondeu sem desviar sua atenção da leitura.
- O seu namorado já foi?
- Já.
- E vocês vão sair mais tarde?
- Sim.
- Bela?
- O quê? - Perguntou baixando o livro. Desde a noite em que fizeram amor, ele não a chamava assim.
Érick fitou-a, "Como eu amo essa mulher!" - pensou ele. Com os cabelos presos em um rabo de cavalo, era parecia ainda mais jovem, olhando para os lábios dela, lembrou do sabor de seus beijos...
- Érick? - Ela chamou.
- O que você disse? - Perguntou respirando devagar para acalmar o desejo que o impelia a abraçá-la e beijá-la.
- Só quero saber o que você queria me dizer. - Disse ela confusa - O que você quer Érick?
- Você ainda pergunta? Hoje eu...
- Não Érick,  - Interrompeu-o - Eu não quero falar sobre isso com você. - Levantando-se, saiu da sala.

Lisbela passou o resto da tarde trancada no quarto, não queria ver Érick, a atitude dele a deixara muito irritada. Afinal de contas, ele e a noiva se casariam em algumas semanas e mesmo assim, Érick se sentia no direito de opinar sobre o seu namoro com Carlos.
Esboçando um sorriso diante do espelho, Lisbela repreendeu-se mentalmente. Aquele "namoro" era uma farsa, e mesmo que não fosse, nem isso seria suficiente para destruir seus sentimentos por Érick, mas continuaria fingindo que Carlos era seu namorado.

Em seu primeiro encontro oficial como "namorados" Carlos chegou a casa de Lisbela um pouco antes do horário combinado, estava ansioso para vê-la, queria saber qual seria a resposta dela. Ao propor que transformassem seu falso compromisso em realidade, ficara apreensivo, com medo que ela o dispensasse e não quizesse mais Vê-lo, mas para sua surpresa, além de não dispensa-lo, Lisbela ainda concordara em pensar no assunto.
- Boa noite! - Ele cumprimentou Nícolas, que sorriu ao abrir a porta.
- Boa noite Carlos, entre, sente-se, a Lisbela já deve estar descendo.
- Obrigado. - Respondeu Carlos sentando-se.
- Vocês vão sair? - Perguntou Nícolas.
- Sim senhor.
- Que bom, minha filha está precisando mesmo sair, se divertir.
- No que depender de mim, ela logo se adaptará outra vez à cidade, pretendo mostrar-lhe os melhores locais, - É claro que tudo com muito respeito. - Apressou-se em completar ao ver o olhar indagador de Nícolas.
- E onde vai levá-la hoje?
- Em um restaurante muito bonito e do qual gosto muito.  Fica no centro, próximo ao shopping. - Explicou.
- Eu... - Nícolas parou de falar e sorriu - Filha, você está linda! - Disse ao ver Lisbela.
Ela optara por um vestido lilás, com mangas, que aderia as formas do seu corpo, mas não era curto, calçara sandálias de salto alto, que a deixaram da mesma altura que Carlos e deixara os cabelos soltos.
- Obrigada pai. - Ela sorriu-lhe - Boa noite Carlos!
- Boa noite! - Ele levantou-se - Seu pai tem razão, você está linda!
- Obrigada. - Respondeu encabulada, ouvir Carlos elogiando-a na frente do pai era constrangedor. - Vamos?
- Sim. - Respondeu e voltando-se para Nícolas - Até mais.
- Até mais! - Repetiu Nícolas - Divirtam-se.
- Obrigada pai. Por favor diga a tia Olga que não precisa me esperar acordada e isso também vale para o senhor!
- Tá bem querida. - Disse feliz pela alegria que podia ver no olhar da filha.

O jantar fora tão agradável, que ao saírem do restaurante, Lisbela ainda exibia um sorriso alegre.
- Que tal darmos um passeio? - Perguntou Carlos indicando a avenida, que às nove horas da noite estava bastante movimentada, em sua maioria por casais.
- Pode ser. - Os dois começaram a caminhar.
A noite estava muito bonita, uma brisa leve bagunçava os cabelos de Lisbela. Após alguns passos, Carlos parou e ela fez o mesmo.
- Você pensou no que eu te falei? - Perguntou ansioso. Lisbela não respondeu imediatamente. Havia pensado no que ele propusera e por mais que seu coração pertencesse a Érick, estava decidida a esquecê-lo.
- Pensei.
- E então? - Carlos não aguentava mais, precisava saber a resposta.
- Sim. - Lisbela olhou para ele.
- Sim? - Perguntou ele.
- Eu aceito que o nosso namoro seja de verdade.
- Você não faz idéia do quanto estou feliz com isso. - Tocando o rosto dela, Carlos sorriu e procurou seus lábios em um beijo suave e cheio de promessas. - Minha namorada! - Disse de encontro aos seus lábios.
De mãos dadas, os dois ainda caminharam um pouco. E enquanto o ouvia, Lisbela só conseguia pensar que realmente queria que desse certo.

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