23. O fim de uma ilusão

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Lisbela deu mais uma olhada no vestido. Finalmente era o dia da sua formatura, depois da entrega dos diplomas, haveria uma recepção para os alunos, seus familiares e todo o corpo docente da faculdade. Como sempre sonhou, suas notas ficaram entre as melhores e para sua alegria e orgulho de Nícolas e Olga, Lisbela foi escolhida como oradora.
Enquanto terminava de se arrumar, tentou manter-se calma, não era falar para seus colegas e para vários estranhos que a estava deixando nervosa, mas, saber que seu pai, sua tia e Érick fariam parte dessa platéia.
Após seu discurso, Lisbela recebeu o abraço apertado do pai e da tia, ambos com lágrimas nos olhos. Érick, que ao contrário do esperado, viera sozinho, pois Carolina não estava se sentindo bem, sorriu e desejou-lhe os parabéns mas não a abraçou e sempre que olhava para ele, sua tristeza aumentava ao constatar que ele evitava encará-la.
- Você foi brilhante! - Disse Carlos abraçando-a e dando um suave beijo em seus lábios.
- Não exagere, foi um discurso comum.
- Meu amor, seu discurso inflamou a platéia, eu vi pessoas emocionadas e você o define como algo comum?!- Perguntou incrédulo.
- Tá, - Ela sorriu - Foi muito bom!
Os dois riram e ele voltou a beijá-la.

Perto de onde os dois estavam se beijando, Érick virou o rosto, sua vontade era ir embora, mas não podia, era a formatura de Lisbela e ele queria estar perto dela, comemorar com ela. Pegando o celular no bolso, verificou se tinha alguma chamada de Carolina, ela estava passando por momentos difíceis com a gravidez, mas em breve, garantia ela, isso iria passar. Como não havia nenhuma chamada, ele voltou a guardar o celular e foi sentar-se com Nícolas e Olga. Enquanto ouvia a conversa deles, que comentavam sobre o sucesso de Lisbela, ele voltou a pensar em Carolina. Em três dias seria o seu casamento, e à medida que se aproximava, Érick sentia aumentar a sensação de que iria cometer um erro.

- Filha, sua tia está cansada e eu vou levá-la para casa. - Falou Nícolas.
- Eu vou ficar um pouco mais. - Respondeu Lisbela.
- Divirta-se minha querida. - Disse Olga.
- E você Érick? - Perguntou Nícolas.
- Eu também já estou indo, quero passar na casa da Carol pra ver como ela está. - Ele levantou-se e pela primeira vez naquela noite, fitou Lisbela - O seu discurso foi incrível, parabéns! - Ele aproximou-se dela - Posso te dar um abraço? - Perguntou e olhou para Carlos que virou o rosto.
- Claro. - Seu olhar se iluminou e ela sorriu.
Érick passou seus braços em volta dela, que recebeu seu abraço fechando os olhos, ele prendeu a respiração, o calor do corpo dela se espalhando pelo dele, o contato durou pouco, afastando-se dela, sentiu uma sentiu um vázio.
- Até mais. - Disse ele.
- Até mais. - Respondeu ela sem jeito.

- Você quer ir à algum lugar para conversar ou não sei passarmos mais um tempo juntos? - Perguntou Carlos ao saírem da festa.
- Pode ser. - Respondeu Lisbela sem muito entusiasmo.
Alguns minutos depois, ele parou o carro no estacionamento de uma boate. Lisbela olhou-se no espelho retrovisor do carro. Seu vestido não era longo, mas mesmo assim, ela não se sentia confortável para dançar, principalmente, considerando os sapatos de salto alto que usava.
- A galera veio pra cá... - Explicou ele.
Ao entrarem, encontraram a maior parte da turma e enquanto era conduzida para uma mesa, Lisbela se arrependeu de ter ido. O lugar estava lotado, as pessoas se acotovelavam em meio à outras que dançavam ao som estridente de uma música que ela não conhecia. Após atravessarem a pequena multidão, chegaram à uma mesa desocupada, o que não fora difícil encontrar, pois pouquíssimas pessoas estavam sentadas, a maioria se encontrava dançando, expremidos uns nos outros.
- Você quer beber alguma coisa? - Carlos perguntou quase gritando para que Lisbela o ouvisse em meio ao barulho ensurdecedor, produzido pela musica e as conversas ao redor deles.
- Pode ser. - Respondeu ela também elevando a voz para se fazer ouvir.
Ele se afastou para buscar as bebidas, o que demorou um pouco e voltou trazendo um drink composto de bebidas de cores diferentes, que explicou, levava muito suco de frutas e pouco álcool, para ela e para sí uma cerveja.
Quase uma hora depois, Lisbela sentia-se cansada, Carlos já bebera umas quatro cervejas, mas quando ela reclamara, ele respondera que estava tudo bem, que aquela seria a última e que em alguns minutos à  levaria para casa. Cumprindo sua promessa, Carlos pediu a conta e dez minutos depois, estavam indo embora.
- Eu posso dirigir? - Ela perguntou quando ele pegou a chave do carro. As quatro  cervejas que ele tomara começavam a fazer efeito, a voz arrastada e seu quase imperceptível desequilíbrio ao caminhar, provavam isso. Nervosa, esperou a resposta dele.
- Fique calma querida, eu não bebi muito e posso perfeitamente te levar para casa. - Garantiu sorrindo.
- Não é isso, - Falou ela - Eu gostaria muito de dirigir um pouco. - Tentou parecer convincente, mas o nervosismo fazia sua voz tremer.

para  sempre  proibido?Onde histórias criam vida. Descubra agora