Depois de provar o bolo delicioso que Olga fizera, Lisbela estava no Jardim, quando Lorena, a arrumadeira que vinha três vezes na semana para ajudar Irene com a limpeza da casa, chamou-a.
- Pois não Lorena?
- perguntou levantando-se e indo até ela.
- O seu celular estava tocando e... - Ela entregou o aparelho a Lisbela - ...Eu o trouxe.
- Obrigada.
Voltando para o banco onde estava antes, sentou-se e olhou o celular, a ligação fora encerrada e o número era desconhecido. "Talvez tenha sido a Sara que me ligou de um número diferente do que eu salvei nos meus contatos" Pensou. Sara era uma garota com quem havia estudado na infância e agora também cursava administração. As duas estavam retomando a amizade e no dia anterior, Lisbela lhe dera o seu número para que pudessem se falar durante o fim de semana. O celular tocou novamente e ela atendeu.
- Alô!
- Oi, tudo bem? - Perguntou uma voz masculina.
- Carlos?!- Ela perguntou surpresa - Como você conseguiu o meu número?
- Por favor, não fique brava comigo, - Pediu - Eu ouvi quando você falou para a Sara e anotei. - Contou.
- O quê? - Lisbela não conseguia acreditar no que ele havia feito. - Como você pode?
- Desculpe Lisbela, mas se eu tivesse pedido o número você teria negado. - Respondeu envergonhado.
Lisbela permaneceu alguns segundos calada, ele estava certo, se tivesse pedido ela havia negado, desde o dia em que recusara a carona para casa, mal conversaram, apenas se cumprimentavam. Por mais que gostasse dele, não queria que ele confundisse o carinho que sentia, que não passava de amizade, com outro sentimento.
- E por que você me ligou? - Perguntou ainda zangada pelo que ele fizera.
- Não fique assim, sei que errei, mas você nem me olha, desde segunda me trata como se eu não existisse, e realmente não entendo o porque, a única coisa que eu fiz foi te oferecer uma carona e acredite, eu só queria te levar para casa, nada mais. - Justificou-se.
- Carlos, eu... - Fez uma pausa e respirou fundo - ...Não foi minha intenção te ignorar. - Completou
- Então posso te convidar para jantar? - Perguntou esperançoso.
- Carlos, - Ela ia recusar o convite, mas lembrando do Conselho da tia, respondeu - Tudo bem, podemos sair pra jantar.
- Você me dá o endereço e eu passo pra te buscar às sete.
Depois de dar o endereço à ele, Lisbela desligou o celular.- Você vai jantar fora? - Perguntou Olga.
- Isso mesmo tia, um colega me convidou.
- O mesmo que te ofereceu carona?
- O nome dele é Carlos.
- Parece que esse rapaz gosta de você.
- Somos apenas amigos.
- Querida, muitos amores começaram como uma amizade! - Olga deu-lhe um tapinha nas costas.
- Eu vou separar a roupa que usarei hoje à noite tia. - Preferiu não falar mais nada sobre Carlos, sabia que não faria diferença, a tia já via Carlos como um possível namorado para a sobrinha.
Enquanto escolhia o vestido que usaria para sair, os pensamentos de Lisbela eram ocupados pela imagem de Érick, sentia muita saudade dele, por mais que tivessem passado só uma noite juntos e depois o tivesse visto acompanhado da noiva, a saudade era maior que quando estava em outro estado. Concentrando-se nas roupas escolheu um vestido verde de alças finas, que não era curto e sandálias de salto.
Às sete em ponto, Olga veio avisar que Carlos estava esperando-a na sala.
- Já estou pronta. - Respondeu pegando a bolsa.
- Você está linda filha! - Olga abraçou-a - Divirta-se minha querida.
- Obrigada tia.
- E não volte muito tarde. - Pediu-lhe.
- Não se preocupe tia eu volto cedo e não precisa me esperar acordada.
Na sala, Carlos ficou mudo quando à viu, mas seus olhos diziam o quanto estava encantado.
- Você não vai falar nada? - Incentivou Olga.
- Claro... Você está linda. - Perguntou -Vamos?
-Vamos! - Respondeu aceitando o braço que ele ofereceu - Tchau tia.
- Tchau, divirtam-se. - Olga ficou na porta olhando os dois entrarem no carro e torcendo para que a sobrinha realmente desse uma chance para aquele rapaz, quem sabe ele conseguiria conquistar seu coração.- Gostei muito da sua tia. - Disse ele enquanto dirigia.
- Ela também gostou muito de você, - Lisbela sorriu - Ela realmente é maravilhosa, quando minha mãe... - Ficou em silêncio por alguns segundos - ...Minha tia cuidou de mim como se eu fosse sua própria filha. - Concluiu.
- Ainda assim, você sente muita falta dela.
- Sim, - Reconheceu - Agora me fala, pra onde estamos indo? - Perguntou mudando de assunto.
- Pra um restaurante muito bonito, do qual gosto muito e acho que você também irá gostar. - Respondeu sem desviar a atenção do trânsito.
Lisbela não disse nada e após alguns segundos observando a paisagem pela janela do carro, olhou para ele.
- Você ainda está chateada comigo? - Carlos perguntou.
- Não, - Rspondeu - Do contrário não teria aceito o seu convite, - Ela voltou a olhar pela janela - Mas não volte a fazer algo assim. - Pediu.
- Não se preocupe e mais uma vez me desculpe, - Desviando a atenção da estrada, ele sorriu-lhe - O que eu fiz foi uma medida desesperada.
- Medida desesperada?! - Lisbela riu - Não acredito que estou ouvindo isso!
- Mas é verdade, você passou a me ignorar e...
- Eu não estava te ignorando. - Defendeu-se.
- Então por que evitou falar comigo nos últimos dias?
- Carlos... eu não quero falar sobre isso agora.
- Tudo bem. Prometo não fazer mais isso. - Disse ele segurando o volante com a mão esquerda e levantando a direita.
- Acredito em você, agora por favor, concentre-se no trânsito. - Pediu e sorriu da expressão de obediência dele.
- Sim senhora. - Respondeu e os dois riram.
Durante o jantar conversaram sobre a infância de ambos, Lisbela contou o que sabia sobre a mãe e Carlos falou sobre seus pais e seu irmão. Aos poucos as afinidades existentes entre eles foram aparecendo e a noite transcorreu muito bem.
Passava dás dez horas quando Carlos parou o carro em frente a casa de Lisbela.
- E então, o que achou? - Carlos perguntou desligando o carro.
- Gostei muito. - Respondeu sorrindo.
- Que bom, porque eu também adorei.
- Agora é melhor eu entrar. - Disse ela destravando o cinto de segurança.
- Lisbela? - Chamou-a quando ela ia abrir a porta.
- O quê?
- Eu... - Ele tocou o seu rosto e aproximou-se devagar. Fechando os olhos ela esperou pelo beijo, à princípio, quando percebeu que ele iria beijá-la, pensou em recusar, mas não o fez.
Ao sentir os lábios de Carlos sobre os seus, tentou, mas não conseguiu corresponder e ele interrompeu o beijo.
- Existe alguém não é?
- Sim, - Respondeu ela evitando olhar para ele - Mas ele e eu não podemos ficar juntos.
- Ele não te corresponde? -
- Carlos eu não quero falar sobre isso...
- Tá bem, desculpe eu só queria entender... mas nós podemos ser amigos? - Olhou-a esperançoso.
- Claro, - Respondeu aceitando o braço que ele ofereceu - Agora...
- Já sei você precisa entrar.
- Até segunda. - Disse abrindo a porta e saindo do carro.
- Até segunda. - Respondeu ele indo embora.A casa estava silenciosa, mas havia uma Luz acesa na sala. Entrou devagar e virou-se ao ouvir barulho de passos.
- Érick?! - Perguntou surpresa e ao mesmo tempo assustada com a aparência dele.
- Então aquele era o cara com quem você está saindo? - Perguntou furioso e pronunciando as palavras de forma arrastada. Da janela vira o carro parado e permaneceu atrás da cortina observando, não conseguiu ver o que estava acontecendo dentro do carro, se os dois estavam só conversando ou se ele a beijara, mas apenas pensar em outro beijando-a, o fazia sofrer.
- Você bebeu?! - Ela nunca o vira bêbado.
- Bebi, - Respondeu envergonhado e cambaleando aproximou-se dela - Eu... - Fez uma pausa e olhou-a desesperado.
- Por que você fez isso Érick? - Aflita, Lisbela pegou-o pelo braço e o ajudou a chegar até o sofá e sentar-se e sentou ao lado dele.
Érick fitou-a por alguns segundos, buscando as palavras para explicar como se sentira perdido ao perguntar por ela durante o jantar e descobrir que ela saira com alguém, naquele momento sua vontade fora pegar o carro e sair pela cidade procurando-a, mas não podia fazer isso e passou todo o jantar calado, ouvindo a conversa entre Olga e Nícolas. Depois que eles foram dormir, fora até o armário onde ficavam algumas bebidas, que Nícolas costumava servir aos amigos, pegou uma garrafa de conhaque e um copo e sentando-se em uma poltrona no canto da sala começou a beber.
- Eu só queria esquecer que você estava com outro, eu perguntei por você e a tia Olga disse que você saiu pra jantar com um colega da faculdade. - Explicou.
- E você conseguiu esquecer?
- Nã... não, quanto mais eu bebia, mais pensava que você podia estar no... Nos braços dele.
- Érick, eu...
- Ele te beijou? - Perguntou atormentado. Por mais doloroso que fosse, precisava saber.
- Érick... - Era horrível vê-lo naquele estado.
- Claro que ele te beijou, olha... - Ele apontou para o vestido dela - ...Olha só para você, que homem não iria querer te beijar? - Ele aproximou-se dela - Você é tão linda e eu te amo! - Pegou a mão dela e tentou beijá-la.
- Érick não,- Ela virou o rosto - Nós não podemos...
- Mas nós queremos... - Falou segurando-lhe o queixo e roçando-lhe os lábios com os seus - Eu te amo Bela, por mais que eu saiba que não posso, eu não consigo resistir... Bela? - Sem esperar pela resposta dela ele a beijou.
Lisbela quiz empurrá-lo, mas ao sentir seu beijo, entregou-se. Abraçando-a Érick continuou a beijar sua boca desesperado, ele queria mais, queria tê-la em seus braços, tocar seu corpo e fazer amor com ela.
- Érick não... Por favor, não faça isso. - Pediu interrompendo o beijo e afastando-se.
- Bela por favor. Eu preciso de você.
- Não Érick, você está noivo de outra mulher, vai ser pai e eu também estou seguindo em frente. - Respondeu desvencilhando-se dele e levantou-se.
- O que você quer dizer com seguindo em frente?
- O Carlos me pediu em namoro e... - Não queria fazê-lo sofrer, mas era preciso - ...Eu aceitei. - Concluiu vendo a agonia dele.
- Você está mentindo... não é possível, nós... Por quê?
- Porque é preciso Érick.
- Você gosta dele? - Perguntou levantando e indo até ela e fazendo-a encará-lo.
- Érick...
- Gosta? - Insistiu ele.
- Você não entende? - Perguntou sem elevar o tom de voz - Eu tenho que viver! Não posso ficar trancada, sozinha, sofrendo por saber que o homem que amo está com a noiva planejando o futuro. Se não me permiti conhecer alguém antes foi porque acreditei que um dia o nosso amor seria possível, mas não é.
- Você não sabe como é doloroso pensar em você nos braços de outro!
- Você esquece do jantar no qual a sua noiva comunicou que espera um filho seu? Se eu consegui suportar, você também consegue. - Garantiu.
- Eu quero você. - Disse agarrando ela e encostando-a na parede.
- Érick... - Dessa vez o beijo foi arrebatador, enquanto seus lábios e língua cobriam e exploravam a boca dela, suas mãos tocavam seu corpo e ele a pressionava contra a parede. - Por favor. - Pediu de encontro aos lábios dele.
- Você quer tanto quanto eu. - Observou trilhando com a mão um caminho da sua perna, a coxa e continuando a subir.
- Ah! - Gemeu sentindo o calor da mão dele em sua pele. Fechou os olhos e se deixou levar pela sensação maravilhosa de estar nos braços dele, de ser tocada e beijada com tanta paixão. Agarrou os cabelos dele e o ouviu gemer alto, o que a fez pensar que o pai e a tia poderiam acordar com o barulho e descer para ver o que estava havendo. Reunindo forças colocou as mãos no peito dele empurrando, pegando-o de surpresa e fazendo-o cambalear e segurar-se no encosto do sofá para não cair. - Não, - Disse fitando-o com determinação - Nunca mais faça isso. - Dando-lhe as costas, foi para o quarto.
Érick ficou parado, apoiado no encosto do sofá, olhando atônito para a escada.
Ao entrar no quarto, Lisbela trancou a porta e encostou-se nela. Levando a mão aos lábios respirou fundo. - Fiz o certo. - Garantiu para sí mesma. - Eu não posso permitir que ele volte a fazer isso. - Mas ela sabia que pensar assim era fácil, mas agir dessa maneira, seria quase impossível.
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para sempre proibido?
RomanceApaixonar-se na adolescência é muito comum, mas no caso de Lisbela, além de inesperado, o sentimento que ela nutria por Érick era considerado um erro, até mesmo por ele, pois ele era o filho da sua madrasta e via o pai de Lisbela como seu próprio pa...