De Suícida a Psicopata.👽

capitulo 5

FERNANDA NARRANDO

Assim que abro os meus olhos percebo que adormeci no meio daquela bagunça, e estou encharcada de sangue, minha roupa está manchada.

O vermelho metálico grudou na minha pele. Preciso de um banho urgentemente.

Entro pro chuveiro, e ensaboo com calma os lugares machucados, mas o sangue não quer sair, acabo pegando a buxa e esfrego contra o meu corpo. Doeu, eu senti.
Ardeu, eu gritei.
Morri mais uma vez ali, naquele mesmo lugar.

Não consigo me controlar, e as lágrimas caem de novo.
E lá está eu, mais uma vez sentada no chão, sem me preocupar com os germes, bacterias, ou virus que possam estar alí.

Eu deixo a água limpar tudo, eu deixo ela carregar todas as minhas dores, todo aquele peso que eu carreguei, me sinto lavada, de corpo e alma.

Alguns dias depois.

Já se passaram uma semana desde a primeira vez em que eu me cortei, e desde aquele dia, não consigo mais parar.

Gosto de ver o sangue escorrendo do meu braço, gosto da dor que me traz.

Mas... Não vai, não dá, não consigo. Aquilo só preenche por poucos minutos, esqueço dos problemas e de toda a dor, por um curto momento.

Toda vez que me levanto da cama, aquele vázio se instala novamente, não consigo sorrir de verdade, não consigo comer direito, não consigo me olhar no espelho, sem me odiar todos os dias.

Eu não entendo por que eu sou assim, eu não consigo compreender o que há de errado em mim, para as pessoas me odiarem tanto. Eu tento ver essa dimensão de problemas, como algo que um dia vai passar, um dia vai terminar, mas não consigo acreditar nas minhas próprias palavras.

Eu minto para mim mesma, todos os dias, eu não consigo dizer a verdade para ninguém. Só queria que alguém me ajudasse, que estivesse disposto a me dá colo, me dá carinho, alguém que possa cuidar de mim, alguém que eu possa abraçar, quando meu mundo desmoronar.

Mas, infelizmente eu não tenho ninguém!