❝ AUTENTICAR ❞

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Já havia escutado relatos a respeito de chorar no escuro, tentando não fazer barulho em meio a queimação sufocante que alastra o peito como uma questão em branco na prova da existência. Entretanto, minha vez de atestar tais boatos não havia chegado ainda. Até ontem, quando achei que a dor arranjaria um jeito de abrir caminho pelo meu peito, sem ter espaço suficiente para continuar abrigada dentro de mim. Foi uma madrugada sofrida, uma experiência aterradora.

O pior foi não saber o motivo. Durante aquele momento de desespero em que eu encarava o teto banhado pela pouca luminosidade que vinha da avenida, não consegui decifrar a origem dos espinhos que arranhavam a minha alma. Mesmo com as lágrimas quentes escorrendo dos cantos dos meus olhos até o travesseiro, nada parecia real, concreto o suficiente para me causar tanto sofrimento. Conseguia ouvir minha angústia em suspiros velados, fazendo minha respiração descompassada criar um nó em minha garganta. Achei que morreria sufocada durante aquela provação árdua, mas ninguém notou. Estava tudo tão sereno do lado de fora quanto o caos banhava a minha mente de barulho do lado de dentro.

Uma chuva falsa molhando somente a mim.

Os galhos pútridos de questões a resolver enrolavam-se em minha postergação furada. Uma enxurrada de cenas das quais eu não queria tomar partido começaram a alcançar a tela do meu jardim e eu esmaguei as têmporas, sem querer enxergá-las. Sequências de ações de outros que, involuntariamente, atingiram-me. O enjoo por ver acontecer aquilo que ouvi aquelas mesmas pessoas negarem ou afirmarem não serem condescendentes. O medo de não conseguir ser diferente, de deixar as pragas que roem as plantações mais bonitas também alastrarem-se pelas minhas flores preferidas. O repúdio por tais hipocrisias quererem me atingir em tempos de seca, de fraqueza. Todos, furacões imparáveis.

Então, minha respiração foi voltando ao ritmo normal, pois, de modo gradativo, notei que, a respeito de mim mesma, nunca deixarei de aprender, de ser testada. Validar o que sinto será constantemente necessário; reconhecer minhas virtudes como verdadeiras será inevitavelmente difícil; admitir a autenticidade das minhas convicções será inteiramente desgastante e, ademais, podar folhas mastigadas será controversa(mente) doloroso. Dessa forma, legitimar uma pessoa não é como afofar uma muda na terra fértil; reconhecer um caráter bom não é como comprar sementes profícuas e, de fato, autenticar a pele humana não é como carimbar o papel de um documento. Ainda descobrirei diversos outros temores a respeito de mim mesma que, para alguns, soarão apenas como complexos de uma mente juvenil inutilizada, mas, no fundo, saberei a importância de cada lágrima regadora na minha história perfeita, mesmo cheia de falhas.

Chuviscos acromáticos, agridoces, molhando somente a mim.

Uma chuva verídica molhando somente os climáticos jardins.



Todos nós somos um jardim inteiro, um universo completo

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Todos nós somos um jardim inteiro, um universo completo.


Hey, amores! Como estão?

Saibam que a FASE LUNAR desta obra chegou ao fim e foi uma honra poder compartilhar pensamentos tão intensos e revoltos com vocês! Confesso que estava precisando. Aliás, gostaria de saber como está sendo a leitura deste livro e se os textos contidos aqui acolhem vocês tanto quanto me acolhem quando os escrevo. Espero, sinceramente, que estejam gostando! Agora, vamos juntos para a FASE CREPUSCULAR!

Obrigada pelo apoio e pelo carinho! Vocês são incríveis, de verdade.

Beijos de flores!

PÉTALAS SOLTASOnde histórias criam vida. Descubra agora