[❀ CONCLUÍDA] Chame de poesia, chame de poema, chame de conto ou chame do que for. A verdade é que as palavras estão vivas, crescentes e independentes. Palavras são a mais pura libertação da voz oculta. Alguns as chamam de salvação, outros, de expre...
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Deitados sobre a grama recém-aparada, após todas as frutas da nossa cesta de palha terem acabado, o cheiro da natureza tornava o ambiente pacífico e infinito, como se estivéssemos flutuando junto às nuvens no céu. Nossas respirações harmônicas não nos impossibilitava de ouvirmos o canto dos pássaros, nem a dança do vento farfalhando as árvores do nosso quintal. Os humanos estavam em silêncio e podíamos identificar os verdadeiros donos do mundo festejarem sob as sombras frescas.
Estávamos em paz.
Pelo canto dos olhos, pude captar o instante em que uma de suas mãos se ergueu, apontando para o manto azul-claro ao qual observávamos. Um sorriso brando desenhava seus lábios entreabertos. A sensação de que éramos minúsculos, partículas invisíveis sob aquela vastidão cintilante, tornava cada problema humano insignificante, terreno demais.
— Se as nuvens são o recheio do céu — sua voz não passava de um sussurro reflexivo, interrompendo meus devaneios —, qual é o recheio do ser humano?
Olhei para a flor de abóbora recheada que dividíamos e sorri, limpando o canto de sua boca com o meu indicador. Era um alimento salgado, porém, não o suficiente para nos fazer ansiar por água. Eu só ansiava por você.
— Os sentimentos. — afirmei, com os olhos fixos em seu perfil, adorando a sensação das borboletas dançantes em meu estômago. — O amor que eu sinto por você me preenche mais do que essa flor recheada, com certeza.
Com os olhos rindo junto com os lábios, virou-se para mim e beijou a ponta do meu nariz, aproximando nossos corpos. A poesia do momento embalava nossas respirações harmônicas e tudo o que eu precisava fazer era fechar os olhos para eternizar aquele carinho em minha memória.
Você não contestou a minha resposta, provavelmente, porque, assim como o nosso piquenique naquela tarde, suas dúvidas a respeito do mundo também haviam terminado, fazendo com que o mesmo recheio que me completava enchesse o seu coração com a importância do presente que compartilhávamos.
