Fale que me encontrei

48 12 10
                                    

O barco balança ao ritmo das tranquilas ondas, como uma leve valsa depreciando ainda mais aquele momento, Joshua fala baixo e pausadamente em meio há algumas lágrimas solitárias que desciam com certa facilidade que até parecia que eram bem-vindas

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

O barco balança ao ritmo das tranquilas ondas, como uma leve valsa depreciando ainda mais aquele momento, Joshua fala baixo e pausadamente em meio há algumas lágrimas solitárias que desciam com certa facilidade que até parecia que eram bem-vindas. Não esperava que Joshua me falasse sobre a sua família e nem como a perdeu em meio há um náufrago.

Escutar em silêncio sem saber o que fazer, já que nada se podia fazer a respeito de algo que havia passado. A sua voz rouca parecia presa à garganta e saia com dificuldade, mas se esforçava em dizer em como foi seu desespero para tentar abrir a porta emperrada enquanto a água começava a cobrir os ombros, em como se sentiu quando escutava a sua mulher e filhos gritar enquanto se afogavam na água gelada.

Joshua disse que foi puxado por seus companheiros e foi levado para fora até o bote salva-vidas, assistiu sem poder fazer nada quando a água já havia naufragado quase todo o navio, ele contava em como desejou morrer nos primeiros momentos, nos primeiros anos e contou todas às vezes que imaginou as varias formas de se matar até perceber que já estava morto, ele havia morrido naquele dia, junto da sua família, tudo o que ele era e foi tinha terminado ali, em meio aos gritos de socorro, em meio ao choro dos seus filhos e em toda aquela água salgada que inutilmente insistia em subir e leva-los para longe dele.

Eu não sabia o que fazer, já não existiam palavras de consolo, então apenas permaneci ali, ao seu lado em silêncio, não havia nada para ser dito e continuei a olhar para os meus próprios pés e me sentir um idiota por achar que aquele velho rabugento era apenas um viajante por aventura, apenas alguém que queria viver da forma que lhe era conveniente.

Mas eu estava errado, porque sempre estive errado.

Capitão Joshua perdeu toda a sua família e essa era a razão de viver de um país a outro, atravessando mares, não se prendendo a lembranças. Ele queria fugir para longe, para um lugar onde ele não pudesse coexistir junto comas memórias que insistiam em ficar. Consigo imaginar como devia ter sido difícil para o Capitão me contar toda sua história para me fazer entender que eu estava errado.

Fazendo-me questionar em qual momento da minha vida me tornei assim, quando foi que sai dos trilhos e enlouqueci ao ponto de deixar todos que amo pela ganância de viver da forma que queria. Qual foi o momento em que me perdi? Escutar sobre o doloroso passado do Capitão me fez questionar minha a existência, cada partícula que fazia parte de mim e que me transformou em tudo o que sou agora.

A dor de assistir alguém que você ama perder a vida sem que você não possa fazer nada é um pesadelo assustador que para Joshua foi tão real que cada pedaço dele perdeu a vida instantaneamente. E eu estava ali, sentado num velho barco, voltado para o lugar onde nunca deveria ter deixado.

Imagino o que Julian sentiu quando acordou e não me viu ao seu lado, quando procurou por mim e tudo havia desaparecido, como ele deve ter sofrido sem respostas. Coloco a mão sobre o peito quando senti meu coração se apertar me causando uma dor que não poderia ser simplesmente resolvida.

Um lugar Para o Amor Onde histórias criam vida. Descubra agora