O brilho das estrelas

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Não é fácil pensar quando precisa e quanto mais você busca por algo mais distante ele parece estar

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Não é fácil pensar quando precisa e quanto mais você busca por algo mais distante ele parece estar. Nunca alcançável. Quanto mais tento buscar por um símbolo que possa ser significativo, mais me aproximo da conclusão de que isso será impossível. E quando mais os dias passam eu penso que deveria apenas comprar uma aliança que por fim me agrade, e então seria o suficiente.

Diferente dos dias anteriores que eu apenas caminhava pelo bairro até o centro e voltava, e isso quase sempre pela madrugada, passei a gostar de observar o céu durante esse horário, era tão lindo e brilhante como todos aqueles anéis cheios de diamantes prontos para ocuparem espaço no dedo de alguém. Então eu corria algumas voltas no quarteirão e retornava para a casa de Ethan. Quando chegava todos estavam acordados, prontos para iniciar o dia, menos Ethan que ainda dormia, então meu papel principal foi faze-lo se levantar no horário certo.

Mas hoje eu levantei tarde, estava para receber meu visto então a única coisa que eu podia fazer era perambular sem destino pela cidade até dar a hora de voltar.

No final do dia quando o sol se dispersava através do horizonte eu me encontrava parado ao porto próximo ao cais, diversos barcos pesqueiros atracavam e o vento frio da noite misturando com a temperatura do mar que foi banhado durante todo o dia se misturavam, então é comum o vento frio e ao mesmo tempo quente se encontrarem causando uma sensação térmica úmida e nostálgica.

A última vez que visitei o cais foi uma despedida, mas também foi uma saudação para uma nova perspectiva do mundo e sobre mim mesmo, eu já não era o mesmo Henry imaturo de um ano atrás, ainda que eu permanecesse inconstante em meio a escolhas precipitadas.

Observar o cais me faz ter a sensação de que a qualquer momento o velho capitão iria aparecer mancando desengonçado, com aquela barba para fazer que já estava quase toda grisalha amarelada e tão descuidada que causava uma primeira má impressão, os olhos cheios de rugas e pequenas verrugas espalhadas, sempre pronto para dizer algo ríspido ou dar algum conselho admirável, um velho vivido com grandes histórias reais da sua vida para contar, gostaria de apresentar Julian para ele, não tive muita oportunidade para falar sobre ele, mas as poucas vezes que falei sobre a pessoa incrível que Julian era por nenhum instante Joshua fez pouco caso ou me olhou de forma diferente, para um velho ranzinza ele era bastante sensato.

Quando o sol já partia do seu cenário no céu e mesmo que ainda não estivesse escuro já brilhava algumas estrelas, mesmo com a poluição da cidade elas ainda insistiam em ser vistas com seu brilho, no meio do oceano isso era uma questão diferente. O céu se unia com o reflexo do mar então pareciam um só, e eu não podia imaginar que o céu era tão lindo até vê-lo tão de perto como se a qualquer instante as estrelas pudessem cair sobre nossas cabeças.

Ando pela praia, meus pés se afundam na areia e ainda que estivesse de sapatos a sensação de caminhar pelos grãos amarelados ainda é terapêutico.

Conforme a noite chega e o céu escurece o vento se torna cada vez mais frio e a hora de retornar para casa se aproxima, mas não quero ir embora, quando fecho meus olhos consigo me lembrar de cada instante da minha vida nesse último ano, ainda que não me arrependesse de partir, sinto que deveria ter feito escolhas diferentes. O mundo que vi nesse tempo é o mundo que quero mostrar para Julian e o restante dele quero que a gente possa conhecê-lo juntos.

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