─ Vamos Henry, fale. Eu não tenho todo o tempo do mundo para você ─ Sua indiferença me machuca, mas não posso culpa-lo.
─ No começo eu não entendi o que estava acontecendo. Eu nunca fiz ideia do que estava acontecendo aqui dentro, por que eu me sentia estranho toda vez que você se aproximava, mas aconteceu de alguma forma. Quando percebi eu já estava apaixonado, mas eu ainda não entendia bem o que estava sentindo, o que eu precisava fazer. Tudo o que um dia eu sonhei em fazer, em algum momento me vi de frente de escolhas difíceis e eu fiz a escolha errada, me arrependi quando era tarde.
Julian me escuta em silêncio, ele parece agoniado, seu polegar arranha a unha do indicador com força e ele evita me olhar nos olhos.
─ Eu sei que não mereço seu perdão. Eu nunca mereci você, porque você é bom demais pra mim, mas Julian eu não posso te perder porque eu te amo, e não teve um dia sequer que eu não pensei em você. Eu queria você ao meu lado, eu estava vendo o mundo, mas ainda faltava alguma coisa. Faltava você. Eu não posso ter as duas coisas?
Meus ombros pendidos, um sentimento vertiginoso me domina. Julian não reagia e não falava nada, meus olhos começavam a arder.
─ É apenas isso? Eu preciso ir ─ Se eu deixa-lo ir agora vai ser realmente o nosso fim.
Eu quero tentar reconquistar algo que já acabou, mas não sei como o fazer. Julian se afasta e eu fecho meus olhos por três segundos, quando abro ele está quase saindo então vou a sua direção e o seguro.
─ O que mais você quer Henry? Já acabou! segue sua vida e me deixe em paz! Eu não posso perdoar o que você fez comigo ─ Ele me empurra e desfere murros em meu peito gritando. ─ Se você me deixou primeiro, então me deixe ir agora. Não deveria me procurar só me deixe.
Seguro suas mãos, evitando que ele continue me batendo. Julian tem seu rosto molhado de lágrimas e posso ver seu pescoço criando manchas vermelhas pigmentando sua pele.
─ Julian, se me disser para ir eu irei embora. Te Deixarei em paz, mas se existe uma chance de nós voltarmos a existir, então eu não te deixarei. Eu irei lutar para te reconquistar.
Passo a mão em seu rosto, tomando cuidado para que ele não se assuste com o toque e me afaste. Tento secar as lágrimas, seus olhos fechados e a boca entreaberta, em seguida ele cerra os lábios, seu queixo se enrugando. Eu odiava isso, eu odiava ser quem estava lhe fazendo chorar.
─ Se você disser que não me ama mais e que não sobrou mais nada aí dentro de você, eu irei parar. E apenas pedirei seu perdão ─ Seus cílios grandes se unindo por estarem molhados, seus olhos, nariz e bochechas vermelhos. Ele me encara em silêncio. ─ Então Julian, me diz você. Dentro de você, em seu coração, mesmo que seja pouco você ainda sente algo por mim?
Minha última fala quase não sai pelas cordas vocais. Julian têm aquele olhar enigmático sondando minha alma.
─ Eu não te amo mais, não sobrou nada aqui. Então eu espero que você entenda ─ seu tom de voz blasé, mesmo que eu soubesse que a porcentagem fosse baixa, escutar isso da boca dele era pior. ─ Se é apenas a desculpa que você quer para se libertar desse peso, então eu aceito suas desculpas. Mas ainda não estou preparado para te perdoar.
Ele se vira e afasta.
─ Acha que mentir vai me fazer desistir? ─ Faço a última pergunta e ele para, mas não olha para mim. ─ Eu voltarei amanhã, e depois de amanhã e no dia seguinte e no outro também se for necessário.
Passo por ele sem olhar para trás, ver seu olho tremendo quando dizia que não me amava era a única coisa que eu precisava, sempre quando mentia o canto de seu olho tinha leves espasmos. Uma reação natural do seu corpo que era encantadora. Da mesma forma quando seu pescoço ficava vermelho quando ele confrontava uma situação estressante, em conjunto com suas mãos geladas.
E eu tornei a voltar, todos os dias depois daquele. E como esperado fui ignorado, eu esperava pacientemente do lado de fora, no frio, na neve, na chuva. Enquanto esperava por ele eu me sentia renovado. Mesmo que ele fechasse a cara e abaixasse a cabeça andando mais rápido. Seus amigos parecia me odiar, então eu não ousei me aproximar mais do que era permitido, queria que ele pudesse ver que eu estava ali, mas distante o suficiente para não incomoda-lo ainda mais.
Depois de uma semana tive uma febre forte, estava resfriado. Minha mãe me impediu de sair e fui forçado a ficar no hotel me medicando durante o dia inteiro. Não tínhamos muito tempo, nossa estadia era apenas de doze dias, tempo suficiente para os meninos voltarem antes de se mudar para suas novas vidas de universitários.
─ Henry já passou mais de uma semana, não faz sentido. Nós deveríamos voltar, apenas esqueça ele, vai ser melhor para ambos ─ Estava de frente para a janela assistindo a neve cair e cobrir as ruas. Estava sozinho com Ethan no quarto.
─ Você já amou alguém? ─ Faço a pergunta, mas não deixo de olhar a neve.
Ethan suspira e escuto ele se remexer na cama onde estava sentado.
─ Não tive a oportunidade de amar alguém ainda. Eu não sei como é esse sentimento e agora enquanto assisto você sofrer por causa disso, vejo que o amor é uma coisa ruim.
─ Amar é horrível! Mas o amor é algo magnífico também. Eu amo Julian, e quero vê-lo feliz... ─ Faço uma pausa pensando sobre o que é felicidade. Eu era feliz quando estava com Julian e sou feliz mesmo separado dele e quando o vejo sendo feliz também. Mas quando me lembro dele sofrendo por minha causa, eu sinto que não posso viver tranquilamente.
─ Eu acho que cada um pode ser feliz, separados. Ele não vai ser a única pessoa que você vai amar ─ Ethan é lacônico, eu entendo o que ele quer dizer, mas é difícil aceitar.
─ Eu sei, às vezes pode ser o momento. Talvez um dia passe ─ Esfrego a mão no rosto e tento segurar o choro preso. ─ Mas porque agora, parece tão difícil entender? Eu não quero aceitar que acabou Ethan, porque foi minha culpa e eu não consigo lidar com isso.
Se eu pudesse voltar ao passado e me fazer entender tudo mais cedo, talvez tivesse sido diferente. Mas aceitar um término não é fácil. Porém eu tenho que entender que agora eu preciso soltar Julian, para que ao menos ele possa ser feliz.
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Um lugar Para o Amor
RomanceHenry desde pequeno sempre sonhou em se aventurar pelo mundo afora, anotou em seu caderninho de planos todos seus sonhos para quando pudesse partir e seguir seu destino tudo estivesse de acordo com o que sempre planejou. Sempre calculista e nada pod...