Um Deserto Com Oásis de Amor

Capítulo 15 - Surpresa desagradável

Olá Henrique ― disse com uma voz que eu tinha certeza que já havia escutado em algum lugar. ― Lembra-se de mim?

Depois disso eu a avaliei minuciosamente para lembrar-se de onde eu a conhecia, estava bem vestida, com saltos altíssimos e com um terninho formal e cabelos lisos como uma cortina dourada e usava óculos. Ela notou minha confusão e disse:

― Laura Ferreira, a sobrinha do prefeito. ― ela disse com um sorrisinho que ao notar minha expressão de choque, deduziu que eu estava encantado que se fosse outro homem consideraria sexy, menos eu. ― não acredito que não se lembrou de mim, assim que me viu.

"Meu Deus, essa mulher de novo não, mas como eu haveria de reconhecê-la se está vestida de maneira tão formal? Se no dia da inauguração do hotel ela estava quase nua".

― Não ― disse com sinceridade. ― me perdoe por isso, estava entretido com os materiais que mandei providenciar para os alunos.

Ela cobriu o espaço que nos separava e me deu um beijo no rosto cheia de intimidade.

― Nem eu acreditei quando me disseram que o renomado senhor Frateschi viria pessoalmente para a aula inaugural. ― exclamou com um sorriso de lado.

Notei que Krysna estava nos avaliando com atenção, e quando Laura beijou-me ela mudou a expressão, seus olhos endureceram e fixaram-se nos meus. Não estávamos tão distantes um do outro e pude perceber que ela estava tensa, ou melhor, seus olhos enviavam dardos afiados mesmo com os meninos a bombardeando de perguntas.

― Sabe o que diz o ditado "Se quer algo feito da forma que deseja? Faça você mesmo." ― revidei com a expressão séria, não a deixando argumentar mais nada. ― Vamos entrar?

Ela aquiesceu e balançou o molho de chaves para mim. Ela andava na frente rebolando o traseiro, enquanto eu a seguia com várias sacolas. Krysna veio ao meu encontro pegando uma sacola que continha pouca coisa das minhas mãos, seus olhos demonstravam confusão, ressentimento, fúria, eu não soube reconhecer o sentimento certo. Mais era fato que ela não tinha achado maravilhoso aquela loira do traseiro enorme se jogando para mim. Enquanto nós a seguíamos como formigas diligentes prédio adentro, o cenário ia se transformando, as paredes estavam todas pintadas de imagens aérea dos lençóis e das lagoas mais frequentadas, do farol preguiças, dos artesanatos locais e a última imagem que mais me chamou atenção foi dos brincantes do Boi Pérola dos Lençóis. Estávamos em um grande salão e ao lado havia uma fita vermelha que deduzi que se tratava das salas de aulas. Olhei para Krysna e fiquei mais encantado do que já estava, pois seus olhos brilhavam ao contemplar tanta beleza.

― Tudo lindo. ― ela disse ao admirar o local. ― Quem fez isso? Foi você quem mandou pintar?

Ao esperar minha resposta, és que surge Laura não sei da onde e diz a ela:

― O nome do pintor está abaixo de todas as pinturas querida. ― sua voz expressava desprezo por Krysna e isso não me agradou nem um pouco. ― não satisfeita, continuou ― dê uma olhada aqui! Ela se direcionou a uma das paredes e apontou o nome do artista.

Krysna retribui-lhe a gentileza áspera de Laura com um sorriso genuinamente sincero de elegância.

― Obrigada por ser tão solicita. ― retrucou com a voz doce e melodiosa que me encantava. Foi nesse momento que me lembrei de apresentá-la.

"Meu senhor como sou desligado, fiquei olhando as mulheres trocando gentilezas sem apresentá-las".

― Krysna esta senhorita se chama Laura Ferreira. ― disse a elas, que estavam se encarando de uma forma nada amigável. ― Deduzo que ao estar aqui hoje, só pode ser professora?