Capítulo 14 - Vencendo barreiras

40 27 111
                                    

Claudio estava vindo de algum lugar por entre os carros e me deu susto.

― Que isso Henrique? Anda distraído pensando em alguém? ― disse com um sorriso malicioso.

Só não fui deselegante com ele porque ele estava certo, mais uma repreensão diria de bom grado.

― Seu grandíssimo impertinente, porque anda se esgueirando pelos carros? ― questionei com a expressão mais séria que consegui colocar no rosto.

― Se eu não te conhecesse desde que éramos crianças, eu diria que estaria em maus lençóis. ― revidou sarcástico. ― mais quer saber, eu não estou nem ai para os seus chiliques. Quem manda andar no mundo da lua. Você está precisando é namorar para aliviar a tensão.

Depois dessa sentença dele eu não resisti e acabei sorrindo, porque trabalhar com Claudio era tão fácil e dificilmente discutíamos por qualquer opinião divergente.

― Se você acha isso meu amigo não ousaria discordar. ― concordei com sua opinião e ele acabou sorrindo de mim novamente. Não sei o que deu nele para sorrir cada vez que abro a boca.

― Que bom, aliás, você já estar atrasado. ― disse olhando para o relógio em seu pulso. ― quer que eu vá apressar as senhoritas?

― Sim, por favor, elas estão no restaurante. ― ele arqueou uma sobrancelha ao ouvir o que eu havia dito.

― Então estava com elas? ― perguntou interessado.

― Sim ― respondi não entendendo sua expressão sorridente. ― vamos Claudio acelera, ou você quer que eu chegue ainda mais atrasado?

Ele saiu em disparada sorrindo do meu comportamento. Acho que ele gosta de me ver acompanhado de garotas. Não o culpo, todos esses ano resisti em mudar o status do meu coração. Mais agora ele quer mudar por vontade própria, estar se tornando um ser resili ente com suas escolhas. Sai atrás do meu carro, iria esperá-las com o motor ligado, pois já estávamos mais do que atrasados. Depois de alguns, porém longos minutos para mim, elas saíram do elevador sorrindo. Ao me verem no carro com as portas abertas e o motor ligado, elas correram com energia que somente garotas em tenra idade conseguem. Mais o meu humor não estava um dos melhores.

― Espero que você não tenha se esquecido das tapiocas? ― questionei arqueando as sobrancelhas de uma maneira que demonstrava que não compartilhava de sua alegria.

― Nossa o humor ogrês mandou lembrança. ― disse Krysna com um sorriso de me deixar sem fôlego. Apesar da minha impaciência, ela me deixava sem ar ao me repreender dessa forma.

― Me desculpe mais vocês poderiam ter um mínimo de consideração comigo ao me deixar horas esperando. ― retruquei amenizando o clima, para que elas não se sentissem intimidadas com meu humor terrível.

― Não seja tão dramático Henrique ― exclamou Sharon na defensiva. ― não demoramos tanto assim, quem manda ter um café da manhã tão delicioso, eu iria passar a manhã toda comendo. Mais como fui prometer conversar com esse terapeuta, não tive escolha, a não ser deixar Krysna me arrastar até seu carro.

― Eu sei que você é uma esfomeada ― revidou Krysna sorrindo e abraçando a amiga. ― mais é para o seu bem minha best friend.

Depois do que Krysna disse eu avaliei meu comportamento nada elegante com elas. A garota precisava de ajuda, e eu sei mais do que ninguém, como é difícil aceitar ajuda quando não estamos com desejo algum de sair de uma situação que a cada dia nos faz afundar mais. Eu acho Sharon forte, só por ter viajado com os amigos, tentar coisas novas, aceitar ajuda, ser autoastral e sempre fingir que está de bem com a vida, isso já meio caminho percorrido. Enquanto dirigia ficava pesando no meu tempo indisponível para a vida, foi realmente aterrador, até hoje me envergonho de ter sido tão fraco. Em mais uns minutos percorrendo pelo trânsito não tão dificultoso de Barreirinhas, com exceção dos buracos que é uma das minhas reclamações constantes, chegamos ao nosso destino que é o prédio no centro da cidade cedido gentilmente pela prefeitura para funcionar o curso. Mais antes tinha que deixar Sharon na clinica que ficava a uma quadra de distância.

― Tem bastante adolescente te esperando Henrique. ― disse Sharon com admiração. ― cara isso é muito legal, poder proporcionar isso para a cidade. Posso ajudar em alguma coisa? Deixamos a consulta para outro dia.

― Como é que é? ― retrucou Krysna exaltada. ― você pode ajudar em outro dia meu bem, hoje você vai conversar com o doutor?

Ela ficou me olhando do banco detrás pelo retrovisor me questionando o nome do médico.

― Cássio ― respondi no automático. Graças a Deus Claudio havia me dito antes de sair. Depois que o psicólogo da empresa teve que viajar para o exterior de uma hora pra outra, eu tive que recorrer ao doutor Cássio para as minhas consultas regulares. Porque depois que a pessoa aceita que realmente precisa de ajuda, tudo fica mais suportável, até mesmo conviver com a dor da perda.

― Obrigada! ― revidou com um sorrisinho de canto de boca que notei pelo retrovisor. Vamos Henrique não vamos perder tempo.

Chegando a clínica, desliguei o carro e elas saíram junto comigo. Ao adentrar o espaço me direcionei a recepção e disse a recepcionista que o psicólogo nos aguardava. Ela encaminhou Sharon ao consultório. Despedimos-nos dela e voltamos ao carro. Enquanto dirigia de volta ao cursinho, lembrei-me de uma pequena falta de informação:

― Você disse para ela ligar quando terminar? ― questionei a Krysna assim que ela fechou a porta do carro ao sentar no banco do carona.

― Sim ― respondeu ela com um meio sorriso que me deixava sem jeito. ― Pronto para enfrentar os adolescentes?

― Já nasci pronta gata. ― depois que disse isso foi à vez dela corar, ela ficava com uma cor linda nas bochechas, acho que a nomearia como jambo.

― Gata? ― disse ela cética e sem jeito. ― que expressão mais chula, isso é uma gíria brasileira?

Queria segurar o sorriso mais falhei miseramente. Descemos do carro e todos os garotos ficaram nos olhando como se questionassem, se seriamos os professores.

Pegamos alguns materiais de apoio na traseira da 4X4 que pedi a Claudio que providenciassem anteriormente para entregar aos alunos. Como seria pesado demais para carregar, disse a ela que eu levaria, nem que precisasse fazer mais de duas caminhadas até o carro. Fiquei entretido com os materiais e notei pelo canto do olho ela conversando com alguns garotos. Também notei como eles a admiravam pela beleza diferenciada e única. Um garoto corpulento perguntou:

― Você será a nossa professora? ― seu sorriso se tornava mais amplo a cada pergunta que eles faziam a ela.

― Depende do patrocinador do curso. ― respondeu com gentileza. ― se ele me der essa honra, com certeza farei com prazer.

― Onde nós podemos encontrá-lo para fazer esse pedido? ― ela deu um sorriso encantador, acho ela estava brincando comigo jogando indiretas.

No momento seguinte chegou um carro com quatro pessoas que deduzi que se tratava das professoras temporárias que Claudio contratou do IFMA, um instituto federal da cidade. Elas abriram o prédio e uma delas veio até onde eu estava retirando as sacolas de materiais. Eu não a notei imediatamente até ela chegar bem perto e dizer:

Um Deserto Com Oásis de AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora