Sábado, 10:45
O teto branco, que servia como tela para as sombras que a pouca luz que ultrapassava a cortina fazia, não era de fato interessante, mas ainda assim um par de grandes olhos cinzas o encarava atentamente. A respiração fácil e o corpo leve eram sinais de uma ótima noite de sono, tranquila, sem sonhos ou interrupções, talvez por aquele motivo o garoto deitado na cama de forma confortável e à vontade olhava para aquele quadrado branco como se olhasse um lindo céu estrelado de verão, embora nem via para o que, de fato, olhava. Ele só se sentia tão de bem consigo mesmo que não conseguia nem mesmo se importar ou se chatear com a falta de vida do quarto e com todo o seu branco.
Os vestígios de luz natural estavam apenas começando a invadir o lugar, mesmo que o sol já estivesse alto no céu, porém, graças à cortina, eles ainda podiam ter um pouco de escuridão; uma boa e agradável penumbra que tornava o cômodo aconchegante e a cama quase impossível de ser deixada de lado. Ethan se sentia incrivelmente leve, já fazia um tempo que não se sentia assim após uma noite de sono, pois geralmente suas noites eram conturbadas e cheias de agitação, isto é, quando ele não tinha insônia.
Mesmo sendo cedo para estar acordado em um sábado de descanso, o garoto já havia acordado há algum tempo, talvez uma hora, e mesmo que não quisesse realmente sair da cama, tinha consciência de que precisava fazê-lo e o mais rápido possível, de preferência antes que o garoto dormindo ao seu lado acordasse. Para ser honesto, ele não sabia ao certo o que fazer, pois temia que se saísse antes, podia causar a impressão errada de que havia fugido, mas se permanecesse não saberia realmente como encará-lo, afinal haviam transado noite passada e gostando ou não, eles mal se conheciam
Ethan virou de lado suspirando e se pôs a encarar o rosto adormecido de Willian como se fazer aquilo fosse lhe ajudar a achar a resposta. O garoto dormia tranquilamente, lindo como o inferno, sem nem se dar conta do conflito interno que se passava em sua mente enquanto o observava dormir. Por que diabos estava tão nervoso? Afinal, não era como se o garoto houvesse lhe pedido em namoro, fora só uma foda e não era como se fosse sua primeira aventura de uma noite ou seu primeiro amigo colorido... A única coisa nova era o fato de ser um garoto e não outra menina grudenta, que no fim, iria acabar confundindo as coisas.
Agora que se encontrava sozinho e com tempo para meditar com seu próprio eu, Ethan não conseguia encarar Willian nem mesmo enquanto este dormia; acabara de lhe cair à ficha do que ambos haviam feito na outra noite, ali mesmo, naquela cama. Os vestígios estavam por toda parte, inclusive gravados em seu corpo, que possuía mordidas e chupões por todo lugar; naquele exato momento ele olhava para um na parte interior de sua coxa esquerda, era bem arroxeado e as marcas dos dentes haviam deixado sangue pisado, já que sua pele era muito fácil de marcar, por ser muito pálida.
Ele levou a mão até ali e acariciou a pele sensível com a ponta dos dedos sentindo-a arder sob seu toque. Nem acreditava na sua ousadia ou saberia explicar o que havia acontecido com sua cabeça quando concordara com aquilo na outra noite, afinal havia passado todo o seu tempo dizendo a si mesmo que aquilo não era a sua praia e no final, por um garoto qualquer, que lhe queria por um simples capricho, só porque estava na hora e lugar certos, ele havia cedido.
Era ou não era ridículo? Sentia-se digno de pena pela primeira vez em algum tempo. Afinal o que ele esperava? Que o garoto se apaixonasse após uma noite de sexo quente? Ou que fizesse uma declaração apaixonada antes de lhe foder? Para o garoto era só mais uma conveniência, mas agora se sentia estranhamente irritado e a ideia de que havia sido "usado", de alguma forma, estava lhe levando a loucura.
Ele tinha deixado Willian lhe tocar em lugares que nem mesmo ele ousava, tinha emitido sons que não sabia que podia fazer e nem queria pensar na cara que havia feito durante o ato, porque o garoto tinha ficado o tempo todo lhe encarando enquanto lhe tocava e acariciava e não queria imaginar o quão constrangedor parecera. Só a ideia de que ele se lembraria daquilo sempre que lhe encarasse a partir daquela manhã, lhe deixava nervoso.
