42 - A tempestade que se aproxima

8 1 0
                                    

Sombras se acomodavam nos cantos do quarto quieto, a claridade pontilhava a penumbra com pequenas faíscas de sol. O dia amanhecia quieto em tons de cinza anunciando o início gelado de dezembro e do inverno. O som de pássaros e a claridade incomodava os olhos cansados de Willian, que até um momento atrás dormia como uma pedra após uma longa noite de sexo com Ethan, que estava incrível e muito mais sexy do que jamais estivera. O garoto suspirou sentindo o peso do corpo e abriu os olhos piscando, a luz os machucava e ele precisou de um tempo para se acostumar. Após uma breve olhava percebeu que aquela claridade toda entrava pela cortina que estava mal fechada e esvoaçava com a brisa que entrava pela janela aberta.

Willian baixou o olhar para ser presenteado com um Ethan adormecido, suas bochechas permaneciam coradas e seus longos cílios faziam sombras em suas bochechas. Sua expressão era serena e muito calma e ele agradecia por isso, pois na noite anterior podia sentir a tensão nele, podia ver que estava preocupado e não lhe tirava a razão, pois ele mesmo sentia-se apreensivo com o encontro nada amigável com sua mãe. Sacudiu a cabeça espantando aqueles pensamentos irritantes de sua cabeça e inclinou-se para deixar um beijo no topo de sua cabeça, então algo lhe chamou a atenção.

Um ruído familiar em algum lugar lhe sobressaltou, Will olhou ao redor para ver um celular vibrando, olhou para o lado e viu que era o de Ethan que tocava, o garoto, porém permanecia imóvel ao seu lado, dormindo calmamente enroscado em seu abraço como um gato, com a cabeça em seu ombro e uma perna em cima das suas. Não iria acordá-lo, não quando ele parecia tão pacífico em seu sono. Honestamente, estava aliviado, já que na noite anterior ele parecia tenso e Will sabia que era por estar preocupado com ele; não podia culpá-lo, afinal ele mesmo sentia-se nervoso com o encontro nada amigável com a mãe.

Sentindo o corpo protestar pelo esforço feito na noite anterior, sentou-se parcialmente empurrando Ethan delicadamente para o lado. O garoto murmurou em protesto, mas ele se esticou pegando o celular que se encontrava dentro do bolso da calça, no chão, onde haviam deixado as roupas na outra noite. Olhou a tela, vendo algumas ligações perdidas de "coroa", o que deduziu, era o pai do garoto, Edmund Fitzgerald. Willian sabia que o homem e o filho não se davam bem, então sentiu-se nervoso com a quantidade de ligações e resolveu que o melhor a se fazer era acordá-lo. Pelo menos Willian tentou, mas o garoto era realmente difícil de acordar.

Quando finalmente conseguiu, ele o encarou por um momento, talvez tentando associar onde estava, então Willian viu sua expressão se transformar de confusa para tímida e então zangada. Não podia culpá-lo, se ele se sentia cansado, imagina então o garoto, porém tinha que admitir, ele estava tão incrível que não pôde se segurar. Sem se importar com a irritação dele, aproximou-se e descaradamente o beijou vendo a incredulidade em seu rosto se transformar em ternura e então seus lábios se curvarem em um sorriso satisfeito. Willian lhe entregou o celular e ele ergueu as sobrancelhas lhe encarando.

— Estava tocando. — disse enquanto ele desbloqueava o aparelho encarando a tela. Sua expressão endureceu e ele tensionou a mandíbula — Qual o problema? Alguma coisa aconteceu?

— Não, eu não sei...! Mas tem dez chamadas perdidas... do meu pai. Isso é realmente raro, sabe? Ele me ligar.

— Então retorne, pode ser algo importante.

— Eu... não posso simplesmente retornar. Nunca fiz isso antes.

— Para tudo há uma primeira vez.

— Não, acho melhor não! De qualquer forma, não deve ser nada demais. — Willian lhe encarou.

— Ele te ligou dez vezes. Não acho que não seja nada!

Ethan lhe encarou de volta e depois de um momento apenas lhe olhando, ergueu-se jogando o celular em cima da cama. Vestia apenas uma blusa de mangas longas que tinha pegado emprestado em seu guarda-roupa. Esta deixava suas pernas expostas e Willian precisou de muito esforço para se concentrar, mas sua feliz visão foi interrompida rápido demais, pois o garoto foi até o banheiro desaparecendo por trás da porta, porém não se demorou muito e retornou já escovado, sentou-se na cama novamente e se inclinou para a frente lhe beijando.

...Onde histórias criam vida. Descubra agora