34 - Enfim, Nós Dois

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Os dias no St. Louis tornavam-se cada vez mais frios, e junto com a umidade e frieza que a neve trazia, vinha também o final de mais um ano escolar. Ethan havia escolhido continuar corajosamente frequentando as aulas como se nada tivesse acontecido, ignorando também o fato de que haviam quatro pessoas totalmente indesejadas - Willian, Matthew, Érika e Sebastian - no mesmo ambiente e que lhe olhavam como se desejassem a sua cabeça em uma bandeja. Bom, talvez apenas duas delas, as outras duas com certeza lhe preferiam amarrado em suas respectivas camas.

Após saber que Matthew também iria estudar ali, a vida escolar do garoto, já uma bagunça, tornou-se o fiasco total. Ele o evitava com todas as suas forças, e tentava fazer o mesmo com Willian, que era dez vezes mais insistente e lhe atraía como um maldito ímã muito charmoso.

Enquanto Matthew entendia perfeitamente, mesmo que não muito feliz, o que era um "agora não" e respeitava sua decisão de manter-se longe, pois parecia entender o que era precisar de um tempo para si, diferente de Willian que parecia totalmente o contrário, o que se tornava um paradoxo. Afinal, tecnicamente, era Matthew que devia ser o cara mau que quebrava as regras enquanto Willian devia ser o Sr. Certinho, o mocinho da história. Honestamente, aquilo tudo estava uma bagunça e ele preferia não pensar muito para não pirar.

A última semana havia sido uma das piores que já vivera naqueles quatro meses que estudara naquele monte de estrume que chamavam de colégio. Os estudantes, já não muito normais, pareciam completamente endiabrados e possessos por algum espírito de loucura, pois estavam mais irritadiços, loucos e apressados que nunca. A violência nos corredores quase parecia uma cena de um filme policial nos becos do Brooklin.

Apenas naquele dia, uma sexta-feira antes das provas, sete alunos haviam sido suspensos, três tinham ido parar na enfermaria e cinco estavam sob vigilância de um membro do conselho. Nem mesmo as garotas escapavam, pareciam ter tomado algum tipo de afrodisíaco superpotente, pois até dentro do bosque haviam encontrado casais se pegando. A festa que havia tido nos dormitórios femininos também não tinha passado despercebida pelos professores, que pareciam feiticeiros com poderes de ler mentes ou traficantes com olhos e ouvidos por todos os lugares do lugar. Aqueles malditos sabiam de tudo.

No meio daquilo tudo, Ethan se encontrava perdido e bastante surpreso. Sentia-se um bom samaritano, pois, incrivelmente, com todas essas coisas acontecendo, ele não havia se envolvido nem era a causa de nem um deles, e muito menos havia passado pela sala do conselho ou da diretora, Sra. Vilã da Disney. Levando em conta seu passado condenável, manter-se limpo era um feito e tanto.

Outra pessoa que não parecia estar se divertindo em nada era Willian e ele não podia deixar passar despercebido que Matthew não parecia muito mais animado que o irmão mais novo. Nas poucas vezes que vira os garotos juntos, não pareciam mais amigáveis que na casa do avô, mesmo que por trás de toda aquela raiva e hostilidade, Ethan ainda conseguisse ver nos olhos de Willian tristeza. O que era difere dos olhos de Matthew, que eram sempre frios e inexpressivos como as órbitas de um cadáver, completamente, aterradoramente vazios. Como se tivessem sido meramente esculpidos com ouro ali nas órbitas e fossem incapazes de demonstrar qualquer emoção ou sentimento.

Aquele pensamento repentino fez um calafrio subir por sua coluna e se depositar em sua nuca de forma incômoda, então o mandou para longe, mas sem conseguir se livrar realmente da tal sensação. Ethan estava ciente que as provas estavam às portas e aquilo estava consumindo todo o humor do ambiente e Willian era mais afetado que qualquer um que se encontrava ali, e por algum motivo aquilo lhe deixava apreensivo. Tentou tirar aquilo da cabeça também, mas parecia que recentemente não tinha mais controle sobre o próprio cérebro, que continuava teimosamente lhe trazendo os pensamentos que ele queria evitar.

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