Capítulo 3

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Assim que soa a permissão para sair do avião, quando se levanta do assento, Julie estica o corpo disfarçadamente, roda a cabeça de um lado para o outro, cansada da viagem longa.

Enquanto se dirige para a saída, e antes de conseguir sair, vai espreitando pelas janelas, um sorriso aflora de forma involuntária, provocado pela euforia daquela aventura que está prestes a começar.
Ao caminhar pelo edifício do aeroporto, avista uma placa com o seu nome. Desviando-se das muitas pessoas que se movimentam, aproxima-se do homem que a aguarda. Um brutamontes com quase dois metros de altura, que mais parece um armário de tão alto e largo que é, cabelo curto e loiríssimo, feições duras e masculinas.

- Seja bem-vinda, senhora Willow. - Cumprimenta com um acenar de cabeça. - Sou Carter Davies. O senhor Silverdale enviou-me para vir buscá-la.

- Olá Carter! - Estende-lhe a mão para apertar com firmeza, sem aquela mariquice da formalidade idiota dos ricos. - Por favor, só Julie. Se for possível, nada de senhora. - E sorri.

Carter franze o cenho e parece indeciso, mas dá um meio sorriso com aquela cena extrovertida. Algo lhe diz que Julie Willow lhe vai proporcionar uns belos momentos de descontração.

- Não prometo nada, porque é a maneira formal de nós tratarmos as pessoas e fazemo-lo constantemente. É algo que sai de forma automática e até me acostumar ao seu pedido, posso chamá-la de senhora. Vamos?

- Credo, por favor, nada de senhora e tu, trata-me por tu. Já que vamos cruzarmo-nos várias vezes, acho que um tratamento informal seria bem mais porreiro, não? - Ela faz uma careta. - E esse senhora faz-me sentir mesmo velha! Não sou assim tão velha...

"- Será que pareço velha?" - pensa Julie, horrorizada.

A pior coisa que pode acontecer a uma senhora é ter dúvidas acerca da sua aparência jovem, não acham?

- Pronto, pronto! Já entendi. - Gargalhou. - Tu e nada de senhora.

- Ótimo. Se for assim, vamos entendermo-nos muito bem. - Julie sorri para Carter e ele ri.

Caminham até ao SUV preto estacionado e colocam as malas de Julie dentro. Acomodando-se no carro, iniciam uma conversa animada em relação ao que traz Julie a Washington. Julie conta algumas coisas por alto e Carter ficou comovido com a realidade bem dura daquela mulher.
Em consideração pela conversa, Carter também revela coisas da sua vida. É segurança pessoal e motorista do filho mais velho de David, James, e já trabalha para os Silverdale há cerca de quinze anos. É casado e tem dois filhos. Desde que trabalha para eles, habita numa das casas para os funcionários, que estão na propriedade de Silverdale Manor, afastadas da casa principal. Ele explica que não se conseguem avistar de umas para as outras, para conservar a privacidade de todos.

Como Julie tem uma capacidade enorme de conversar facilmente com quem a rodeia, isso fez com que a viagem até à periferia de Washington fosse bastante rápida, mas, mesmo assim, Julie conseguiu captar a beleza da cidade e até perceber a paisagem mudar do urbano para o campestre.

Silverdale Manor é tão bonita. Grandiosa e bonita.

Uma mansão que se poderia considerar quase um palacete. Paredes brancas com janelas e porta escuras. Na frente, uma escadaria dava para uma vasta extensão de relvado e flores. Muitas árvores ao redor, tanto perto como mais afastadas, criando zonas distintas. Percorriam por um caminho ladeado de mais árvores e com alguns bancos de jardim à beira do estradão. Aquela vista deixou Julie maravilhada.

- Isto é lindo.

- Bem, Julie, vais ficar na casa. A senhora Silverdale já providenciou o teu aposento. Devem estar à nossa espera.

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