Capítulo 15

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Estava perto do fim de mais um turno quando James se aproxima deles. O trabalho tinha exigido a sua presença na Paramedics durante todo o dia.

- Julie? - Chama-a. - Preciso viajar para a filial de Nova York. Regresso dentro de dois dias. - Abraça-a bem apertado, assim que chega perto dela. - Se conseguir agilizar as coisas, que espero bem que consiga, posso regressar mais cedo. - Beija-lhe a testa.

- Vou sentir saudades. - Julie fala baixinho e aperta os braços ao redor do seu corpo.

- Vou fazer de tudo para tentar regressar antes. - Promete, beijando-a.

- Queres que te acompanhe ao aeroporto?

- Não, vou no helicóptero da Silverdale. - Encosta a testa à dela. - É muito mais rápido e poupo as chatices do check-in.

- Por favor, avisa-me quando chegares lá. - Sussurra-lhe.

- Prometo que te ligo, assim que pousar. - James volta a beijar-lhe a testa, antes de lhe dar um beijo de tirar o fôlego.

Julie acompanha James até o carro e despedem-se.

Poucas horas depois, sentada à secretária do seu novo gabinete, Julie trabalha com afinco, perdida no tempo e alheia ao que a rodeia. Papelada para um lado, transcrevendo, anotando...
Está tão distraída que nem percebe que alguém bate à sua porta com urgência.
Quando dá conta, tem Carter em frente à sua secretária, inclinado sobre ela e apoiado nas duas mãos, com o rosto fechado e uma expressão que transparecia preocupação, a olhar bem sério para ela, como nunca antes fizera.
Julie arregala os olhos assim que olha para ele e levanta-se, fazendo a cadeira cair.

- Carter, o que é que aconteceu?

- Julie, não tenho boas notícias.

- Desembucha, homem, já!

- O helicóptero da Silverdale saiu dos radares. Já iniciámos as buscas e ainda não conseguimos encontrá-lo.

Mais uma vez, teve aquela sensação do mundo cair a seus pés.

O coração em taquicardia, as mãos começam a suar, ao mesmo tempo que gelam, e o olhar desfocado, quando os olhos rasam de água.

- Não. Não... - Abana a cabeça, em descrença. - Não pode ser, Carter! - Implora, com as lágrimas de pânico descendo pela face. - Diz-me que é mentira.

- Julie, por favor, tenta pensar com coerência. - Ele aproxima-se e fica de frente a ela. - Não deixes o sentimento toldar-te e, apesar de tudo, não podemos ter pensamento pessimista. Neste momento, eu sei como te sentes, porque também me sinto assim. - Julie acena com a cabeça, em concordância. - Eu vim a pedido de Margot. Como podes calcular, a família está transtornadíssima e nem sabiam como te dar a notícia.

Para conseguir controlar a ansiedade que a assola, Julie tenta respirar a quatro tempos.

- Quero ir para o local onde está a decorrer o planeamento das buscas. E nem penses em recusar a levar-me, Carter.

Carter afirma com um aceno de cabeça e obedece. Com o génio de Julie, não poderia esperar outra atitude.

Ao chegar à sede da Silverdale, sobem até ao andar presidencial.
Na sala de reuniões desse piso, estão algumas pessoas com computadores portáteis à frente e outras ao telefone.
Há quadros brancos com anotações e uma tela, que mantém uma imagem da rota tomada pelo helicóptero, cartas militares em duas mesas e um ecrã de cem polegadas, com a tela dividida em vários monitores, reproduzindo imagens de vários emissores das câmaras de quem já estava envolvido nas buscas por James.

Julie tremia como varas verdes, a boca seca, e o coração continuava a galopar no peito.
Desde a equipa de segurança privada dos Silverdale, a polícia e até o FBI, estão empenhados nas buscas.
Julie começa a desconfiar que aquele acidente pode ter outros contornos. Porque é que o FBI estaria ali?
Carter encaminha-a para o responsável pela operação das buscas.

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