Capítulo 12

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Julie está sentada debaixo do salgueiro a ler, enquanto James brinca com Kevin e Daisy nos arredores.
As gargalhadas gostosas dos miúdos soam constantemente e Julie desfruta daquilo com um sorriso.

- Tia, tia! - Daisy vem a correr na direção dela. - Conta-me uma história com princesas e dragões e ratos e minhocas e... - A garota pede com entusiasmo.

- Minhocas?! Credo! Onde foste buscar essas personagens?

- Acho-as fofinhas. - Julie olha admirada para Daisy e gargalha.

Onde já se viu... Minhocas fofinhas?

- Então, era uma vez...

Entrando no espírito da coisa, Julie inventa uma história que tenha todos os personagens que Daisy pediu.

James e Kevin aproximam-se.
Kevin senta-se ao lado da prima, cruzando as pernas e apoia os cotovelos nos joelhos.
James, por seu lado, deita-se com a cabeça no colo de Julie, que começa logo a acariciar os seus cabelos e continua a história.

- Tia Julie... - Sussurra Kevin. - O tio está a dormir.

- Pois está. Sabes, acho que ele anda cansado do trabalho e aproveitou para se tornar o Soneca da "Branca de Neve".

O Kevin ri e Daisy acompanha a risada e Julie retoma a história.

- Uau! Eu gostei dessa história, principalmente dos ratos e das minhocas.

- Ó tia Julie, quando é que podemos vir para aqui contigo outra vez?

- E que tal no próximo sábado?

- Fixe! Fica combinado.

James desperta e encara Julie, que continua a acariciar os seus cabelos, calado durante um belo tempo.

- Que horas são? - Pergunta-lhe, tirando uns fios de cabelo da cara dela e prendendo atrás da sua orelha.

- Deixa ver... - Julie olha para o mini relógio que tem ao lado. - Já são três da tarde.

- Temos de ir. Fomos convidados para a festa da família do Robert.

Levantam-se e começam a arrumar as coisas. De mãos dadas com os miúdos, vão para casa.

- Tio, eu tenho um vestido de princesa para a festa. - Diz a pequena.

- Jamie, eu não tenho nada para vestir. - Lamenta e faz uma careta. - Não sabia dessa festa e...

- Não te preocupes, já tenho tudo tratado. Desde a roupa, até maquilhagem e cabelo.

- Uau... Isso é que é eficiência.

- Admite, o teu namorado é perfeito.

Julie explode numa gargalhada.
Teria mesmo de admitir, James é um namorado perfeito. Dono de uma personalidade única, por vezes intempestiva, e que Julie resmunga que lhe dá cabo da cabeça, mas devem ser raros os homens que são meigos e atenciosos como ele, que não se contém nas demonstrações de afeto. Enquanto estiverem no mesmo local, James sente a necessidade de estar sempre perto dela, de mão dada, com um braço à volta dela, o que for; James tem de sentir Julie.
Passam horas a conversar sobre vários assuntos, as conversas entre eles fluem com uma facilidade impressionante, exatamente como no dia do bar. E basta uma troca de olhares para se entenderem. James devolveu-lhe a bagagem de sentimentos de um novo relacionamento. Aquele poder de se sentir desejada.
Por vezes, Julie receia a felicidade que sente neste momento.

Imersa nos pensamentos, Julie apercebe-se que está, completa e irremediavelmente, apaixonada por aquele gigante de traseiro redondinho.

- Julie, o que se passa? - Pergunta James, estranhando o seu silêncio prolongado e a mudança no semblante dela, enquanto a acompanha ao quarto.

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