Epílogo

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- Scott, querido, espera um pouco. A mãe já abre a porta.

- Mamã, eu quero ir para o baloiço!

Julie sorri e olha para o marido, que devolve o sorriso.

- Meninos, quando sairmos têm de ter cuidado com os outros carros. Quero que olhem e prestem bem atenção.

- Sim, papá! - Respondem em uníssono.

Estão no estacionamento de um parque infantil com os miúdos, e Scott está impaciente para sair do carro.

James abre a porta a Julie, que desce com alguma dificuldade devido ao tamanho da sua barriga, de seis meses de gestação.
Julie abre a porta a Annie e Scott, enquanto James tira Joshua, adormecido, da cadeirinha.

Annie já estava com seis anos, Scott três e Joshua apenas um.

Quando descobriram esta última gravidez, ficaram surpresos. Foi completamente inesperado, principalmente porque Julie nunca pensou que tivesse tamanha facilidade em engravidar, depois de tudo o que passara antes.
A doutora Madison tentou acalmar Julie e disse que, provavelmente, o stress teria sido um dos fatores que não lhe permitira engravidar naquela altura e, agora, depois de lágrimas de aflição, porque Josh ainda era muito pequeno, começava a relaxar e a desfrutar.

James só faltou lançar foguetes com a notícia. Quando notou as diferenças no corpo de Julie, mesmo antes de ela perceber, ficou felicíssimo.

Julie ainda ficou relutante em acreditar, mas foi fazer um teste para tira teimas.
Os dois tracinhos que lá estavam não mentiam. Julie armou um berreiro quando viu o resultado.
James quase se desesperou a tentar acalmar a mulher, e só conseguiu fazê-lo quando se ajoelhou a seus pés e falou para a sua barriga, como tinha feito com as gravidezes dos outros filhos.
Choraram os dois e foi mais uma das melhores coisas que poderia ter-lhes acontecido.

Até descobrirem que vinham gémeos a caminho.

Pois é, Julie voltou a chorar baba e ranho, de todo o tamanho, apreensiva, enquanto James agradecia pela bênção e tentava conseguir acalmá-la novamente.
No fim lá conseguiu, a custo, fazer Julie parar de chorar, chamando-a à razão, alegando que aquilo seria prejudicial para ela e para os bebés.

Depois, como se desligasse um interruptor, respirou fundo e acalmou-se, abraçou o marido e disse-lhe que foi apenas o choque da surpresa.

Tanto tempo a desejar algo que lhe fora negado e, agora, a verdade era que tinha sido abençoada.

Cinco filhos...

E só para salientar que toda a família estava completamente fora de si, com tanta alegria, e tinham Cíntia, a baby-sitter, que era como uma irmã mais velha para Julie, para ajudar com as crianças.

Margot e Richard pareciam mais novos, com tantos miúdos a correr por Silverdale Manor e recusaram, veementemente, que James e Julie comprassem outra casa, porque queriam que eles ficassem a morar lá.

Helen e David foram fazer férias, mas, assim que souberam das novidades, cancelaram tudo e regressaram à pressa.

Alice e Robert esperavam o terceiro filho. Para além de Kevin e Lilly, vinha Cora a caminho.

Sam e Sophia estavam super contentes, mas não pensavam em mais filhos. Os deles eram completamente irrequietos e tiveram que encontrar atividades para conseguir cansá-los. Daisy era uma exímia bailarina e o filho, Jonas, já mostrava arte para futebol, mesmo pequenino. Mas, mesmo assim, ainda tinham energia para estourar os pais. Ah, pois, quando Sam e Sophia eram pequenos já faziam das deles, eram terríveis, segundo os testemunhos da família.
E os pais dizem que eles estão a pagar por tudo o que aprontaram em pequenos.
O karma é lixado...

- Annie, filha, não te esqueces de nada?

- Não, mamã. Já tenho a minha mochila e o meu coelho. - Annie levanta a mochila numa mão e o coelho de peluche na outra. - Scott, tens tudo?

- Sim, mana. - E volta-se para a mãe. - Mamã, podemos ir agora? Eu quero meeeesmo ir para o baloiço, por favorzinho...

- Vamos já, filho. - Diz James. - Dá a mão à tua mãe para atravessar.

James segue com Josh ao colo e Julie vai de mãos dadas com Annie e Scott.

Um pouco afastados, estão uma dupla de seguranças, que James não dispensa desde que foi pai. Carter fica sempre mais perto da família.

Entram no parque, a conversar animadamente, e Scott pede autorização com o olhar para ir para o baloiço. Quando a mãe solta a sua mão, o menino abraça as suas pernas e arranca, parecendo o Flash, a correr para lá.

A alegria de Scott era tanta, que contagiava todos ao seu redor.
Annie sempre foi uma menina calma, com uma sagacidade inexplicável e Josh, por seu lado, e mesmo tão pequenino, era muito mexido.
Sem falar nos gémeos, por nascer, um casal, que pareciam lutar boxe na barriga da mãe.

Sentados numa manta, Julie está sentada entre as pernas de James e encostada ao seu corpo, que acaricia a sua barriga e não tira os olhos dos filhos, que estão no baloiço. Josh está a brincar com umas bolas, perto dos pais.

- Jamie, somos uns sortudos.

- É verdade. Nunca pensei que pudesse ser tão feliz.

- Nem eu... - Julie suspira. - Na verdade, se me dissessem que teria o meu recomeço, eu não teria acreditado.

- Julie, ainda hoje agradeço por teres sido colocada no caminho do meu pai.

- Eu também... - Sussurra, emocionada.

- Eu amo-te tanto, Julie.

- Oh, Jamie, eu também te amo. - Volta a cabeça e beija-o.

- Obrigado, por isso. Obrigado, por me proporcionares-me um recomeço também. - Acaricia a face dela com o polegar. - Obrigado, pelos nossos filhos e obrigado, por me fazeres feliz, todos os dias, mesmo quando me pedes para ir buscar coisas estranhas e fora de horas, para saciar os teus desejos nas gravidezes. - Julie solta uma gargalhada e James acompanha-a.

- Mamã, contas uma história para a gente? - Pede Annie, que veio a correr com Scott atrás.

- A Daisy tinha-me dito que lhes contaste uma porreira sobre princesas e dragões e ratos e minhocas e...

- OK, OK! Já sei qual é. - Julie ri com o entusiasmo de Scott e até o pequeno Josh gatinha para o colo da mãe, para ouvir.

Assim se passa mais uma tarde agradável em família.

Melissa e Thomas nasceram mais cedo do que o esperado, mas o parto correu bem. Depois de uns dias na incubadora, e os pais passarem pela aflição de não terem o ninho completo, têm alta e a família fica completa, a curtir numa bolha de amor.

Mesmo com as cenas habituais dos casais, a adolescência dos filhos, algumas dificuldades do trabalho, enfim... O quotidiano, foram felizes para sempre, à sua maneira, claro!

Fim.

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