Solitude

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"Eu não posso correr mais, eu caio diante de você.
Aqui estou, eu não tenho nada sobrando.
Entretanto eu tentei esquecer, você é tudo o que eu sou. Me leve para casa, eu lutarei por isto"
(October - Evanescence)

•••

Alfheimr, 9 anos atrás.

Dois anos, dois longos anos de espera. Nesse tempo Rey não teve quase nenhuma notícia de Ben. As vezes ouvia comentários de seu tio quando recebia notícias de seu sobrinho sobre como as coisas estavam indo. Sempre tão aflita, esperava pelo dia em que receberia algum recado de seu grande amigo. Mas nada, sempre nada.

Todas as noites quando a dor surgia, a garota seguia em direção à ponta da praia e observava as estrelas antes de dormir. Era tão estranha a sensação de fazer sozinha aquilo que estava acostumada a sempre fazer acompanhada dele.

Seu coração batia mais forte ao pensar na possibilidade de que talvez Ben também estivesse olhando para as estrelas e sentindo aquilo que ela sentia. E doía tanto. Além da preocupação de nunca saber quando realmente ele voltaria, Rey ainda contava com o medo da possibilidade de Ben voltar outra pessoa, que o beijo houvesse mudado tudo entre eles e que talvez ela nunca mais teria aquele Ben, que ela considerava como sua única família, de volta.

Os primeiros dias foram os mais difíceis. Luke notara a diferença na expressão da garota, lhe perguntava várias vezes porque lhe parecia tão triste. Ela evitava o assunto, evitava ter que dar explicações, até o infortunado dia em que Luke, inocentemente, comentou que Ben tinha feito seu primeiro contato, e então quando disse que ele não havia deixado nenhuma mensagem para ela, a garota desabou, e ele descobriu o motivo da sua falta de apetite, da sua falta de vontade de viver.

Ele não sabia mais o que fazer, não havia nada que alguém dissesse que ajudaria Rey a se reerguer, nem quando fora deixada por seus pais no planeta houvera chorado tanto. Após alguns meses e dez quilos perdidos pela menina, Luke resolveu tomar alguma atitude. Pensou em mandar Rey em missão para que pudesse se encontrar com Ben, mas ela própria recusou.

"Mestre Luke, Ben está em seu treinamento para se tornar um mestre. Sei o quanto ele ansiou por isso, sei também que isso passará e eu vou ficar melhor."

"Você está muito fraca, Rey!" Lhe olhou nos olhos. "Não posso deixá-la definhar dessa forma." Ela apertou os olhos. "Por que tão forte, Rey?"

"Ele é como um irmão, mestre Luke." Falou baixo, entre soluços. "Foi minha única família até hoje."

"Nós todos somos sua família, Rey!"

Após alguns meses e com o o costume de viver tanto tempo sem ele, Rey começou a voltar às suas ações cotidianas, ganhou alguns quilos e se reergueu com a ajuda dos novos colegas. Ela tentou muito, se esforçou, e quando se deu conta já haviam se passado vinte meses.

Rey tentava levar uma vida normal, treinara com o mestre Luke, fizera novas amizades e quando se lembrou de fazer a conta, faltavam apenas quatro meses para vê-lo novamente.

Ela respirou fundo e seguiu até a praia, mais uma vez tentando criar algum contato com ele. Seu coração palpitou, a brisa serena batia em seus cabelos e seus olhos se fechavam suavemente.

"Por favor, Ben. Se consegue me sentir mande algum sinal!" Ela implorou com o coração apertado. "Por favor, eu sei que está me ouvindo, eu sinto." Ela andou em direção ao mar e sentiu a onda baixa bater contra seus pés. "Você disse que se eu me sentisse sozinha eu poderia olhar as estrelas pois com certeza você também estaria fazendo isso. Por favor Ben, sinto sua falta."

Herdeiros do Império - CONCLUÍDA Onde histórias criam vida. Descubra agora