21 de outubro de 2007
Acordei 12 horas da tarde, Jonny havia saído mas tinha deixado o almoço em cima da mesa. Sentei para almoçar e lembrei-me de Luan. Sua promessa de voltar e me procurar mexeu comigo mais do que o esperado.
Tentei tira-lo de meus pensamentos o quanto antes, eu não podia me iludir com um soldadinho qualquer, vai ver ele fala isso para todas.
Assim que almocei, lavei os pratos e fui direto para o banheiro, tomei um banho, me vesti e fui para a faculdade.
-A festa foi tão incrível.- Amanda diz animada parando ao meu lado.
-O que?- perguntei despertando de meus pensamentos.
-Aonde essa cabecinha está?- Ela diz batendo o indicador em minha testa.Suspirei lembrando que não devia pensar em você sabe quem, e a olhei.
-O bar ontem estava cheio, só estou cansada.- Digo dando de ombros.
- Ah...- Ela diz se ajeitando em sua cadeira.- Matheus pediu pra ficar comigo ontem a noite.- Amanda diz sorrindo e mexendo suas mãos.Amanda, desde que a conheci me fala de Matheus, ele era um período a mais que nós, e as vezes dava bola para minha amiga, apesar de achar que ele não era o cara perfeito para ela, eu lhe dizia, por livre e espontânea pressão, que formariam um belo casal.
-Ficaram?-pergunto sem muita animação.
-Finalmente, sim.- Amanda responde pondo suas mãos para cima como se dissesse "graças a Deus".
-Trabalho para o dia 26.- O professor Palomero disse adentrando a sala.A tarde na faculdade sempre era cansativa. Após a aula do professor Palomero assisti mais 3 aulas e fui até a biblioteca para tentar antecipar o trabalho que ele havia passado e acabei esquecendo das horas.
Quando cheguei em casa, Jonny estava jogado no sofá assistindo à um jogo de futebol americano, assim que me viu abaixou o volume da televisão e sentou-se me encarando.
- Como foi a aula hoje?- Ele pergunta.
-Chata- Respondo após um longo suspiro.Senti meu celular vibrando e o peguei vendo que havia vários torpedos da minha mãe, que eu ignorava desde ontem. Visualizei todos eles e desliguei o celular, eu responderia mais tarde, após um banho.
Olhei para o relógio pendurado na parede e me dei conta de que já eram 20 horas.
-Tudo bem se eu não for ao bar essa noite? - Pergunto a Jonny.
-Tudo bem, eu dou conta.- Ele diz dando ombros.- Você já comeu?- Ele pergunta lavantando-se e indo até o microondas.
- Não, passei tempo demais na biblioteca.- Respondo puxando a cadeira da mesa sentando na mesma.Jonny esquentou um prato de refeição e me entregou junto a um copo de suco de laranja, se apoiou na mesa e falou:
-O filho dos Santana's parece ter gostado de você.- Jonny fala me encarando.
- Não sei.- Digo fingindo desinteresse dando uma garfada.
-Vocês não se desgrudaram a noite toda.-Ele diz.
-Estávamos apenas conversando.- Dou de ombros.
- Luan é uma pessoa muito boa, sabe?! Sempre atencioso, sempre pensando no próximo...- Ele diz por fim.
-Aonde você quer chegar?- Pergunto olhando para Jonny.
-Não, em canto nenhum.-Ele diz sem jeito saindo da cozinha e logo após escutei a porta da frente se fechar.Suspirei negando com a cabeça.
Lavei a louça e fui até meu quarto. Tomei um banho e comecei a arruma-lo para começar a estudar.
Troquei as cobertas floridas para lençóis brancos e fronhas da mesma cor, fazendo o cheiro do amaciante pairar no ar.
Sentei na cama pegando o celular para responder minha mãe. Enviei-lhe um "Estou bem, não se preocupe" e voltei aos meus afazeres.
Peguei meu caderno e livro indo em direção a escrivaninha. Comecei a estudar mas logo fui interrompida por meus pensamentos. A conversa com Jonny havia me deixando com uma pulga atrás da orelha. Aonde ele queria chegar me falando aquelas coisas?
Escutei meu celular tocando e o peguei, ao abri-lo notei que era um número estranho, não estava salvo.
|Ligação|
-Alô?- Digo levando o celular ao ouvido.
-Lis?!- A pessoa do outro lado fala.
-Luan?!- Digo surpresa soltando o lápis na escrivaninha.
-Sim, sou eu- Ele diz em meio aos chiados.
-Como conseguiu meu número?- Pergunto curiosa
-Um mágico nunca revela seus segredos.-Ele diz rindo.|Luan|
21 de outubro de 2007
Antes de ir para a base, passei o dia todo com minha pequena, tomamos sorvete, assistimos filmes, e comemos brigadeiro. Mas nada disso fez com que nossa despedida fosse menos dolorosa.
-Promete que você volta?- Bruna diz chorando fazendo meu coração se encolher.
-Eu prometo.- Digo deixando as lágrimas caírem e levantando o dedo mindinho e enroscando no dela.Era muito difícil me verem chorar, mas em momentos como esse eu me permitia. Ver meus pais emocionados me deixava com o coração pequeno.
Minha mãe segurava um terço em sua mão direita, e assim que me aproximei a vi estende-lo em minha direção.
-Deus te abençoe, filho.-Ela diz chorando ao me entregar o objeto sagrado.
-Não esqueça de nos mandar notícias.- Meu pai diz fungando.
-Não vou.- Digo abraçando eles.- Eu amo vocês.- Falo puxando Bruna para perto de nós.Escutamos a buzina do ônibus que me levaria até a base e nos afastamos, abaixei minha cabeça limpando as lágrimas e suspirei. Peguei minha bolsa e entrei no mesmo, sentando-me na janela, recusei-me a olhar por ela para não chorar mais ainda.
O ônibus logo deu partida, parando em mais 5 casas a frente para pegar outros soldados. Ao chegar na base tivemos que nos apresentar e cada um seguiu com o batalhão que nos foi destinado.
Sargento Mellcka nos deixou a mensagem que apesar de estarmos em menor quantidade, não deveríamos temer o mal, pois lá encontrariamos profissionais que nos ajudaria a realizar nossa missão.
A viagem até o Afeganistão foi longa, e muito cansativa, chegamos por volta das 19 horas e nos instalamos nos dormitórios. 20 minutos depois nos reunimos para sermos apresentados ao pessoal que lá estava. Médicos, enfermeiros, e várias outros profissionais que ali habitavam.
- Luan, consegui o que me pediu.- Soldado Kleber fala sentando ao meu lado na mesa de refeição improvisada.
Soldado Kleber mexia com informática muito bem, posso até arriscar chama-lo de mestre da informática. Pedi a ele que descobrisse o número de Lis, já que eu havia me esquecido de pedir para ela na noite passada.
- Como tem certeza que é ela?- Perguntei pegando o papel em sua mão.
- Eu usei o nome que você me deu, Jonny Martins, achei o registro do Jonny's, a certidão de casamento, e cheguei no nome dela- Ele dá de ombros.
-Valeu, cara. Fico te devendo essa.- Digo levantando-me e apertando sua mão.Entrei no dormitório onde eu dormiria e peguei meu aparelho celular ligando para o número que Kleber havia me dado.
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Por Um Acaso | Luan Santana
RomanceLuan Rafael, um soldado prestes a servir no Afeganistão, vai para uma bebedeira no Jonny's, um barzinho que sempre frequentava com sua família, conhece Lis, uma jovem universitária, filha do dono do bar. O amor entre os dois era lindo até o destino...