Capítulo 24

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- Por que escolheu psicologia?- Ele pergunta.
- Eu sempre me interessei por essa profissão.- Dou de ombros.
- Já pensou em entrar para as Forças Armadas? Estão sempre a procura de psicólogos por lá.- Ele sugeri.
-Nunca pensei sobre isso...- Digo sincera. - Vou pensar.- falo sorrindo de lado.
- Seria da hora você trabalhar comigo.-Ele fala sorrindo.

Sorrio em resposta e cruzo meus braços para tentar me esquentar. Luan me puxou para mais perto dele me abraçando e esfregando a mão em meus braços.

- Quer meu casaco?- Ele fala olhando para mim.
-Não, não precisa.-Digo negando com a cabeça.
-Luh, eu tô com sono.- Bruna fala coçando os olhos.
- Que horas são?-Pergunto para Luan que se afasta pegando o telefone em seu bolso.
-22:30 horas.- Ele franze o rosto.
- Vamos ficar de castigo?- Bruna pergunta ao irmão.
- Por que?- Luan franze as sobrancelhas.
-A mamãe disse que era pra gente chegar às 22 horas.-Ela da de ombros.
-Acho melhor a gente ir.- Digo levantando.
-Ta bem. Vamos Bubu.- Luan fala levantando com dificuldade.

Bruna foi caminhando em nossa frente chegando no carro primeiro, eu e Luan íamos devagar, na velocidade que ele conseguia, destravei o carro para que Bruna entrasse e resolvi quebrar o silêncio.

-Aonde vai passar a virada?-Pergunto olhando para o chão.
-Parece que meus pais querem ir para o centro da cidade com o resto da família, e espera que eu vá
- Você não parece muito feliz com isso.- Digo o olhando.
-É...- Ele sorri de lado.
- Por que?- Pergunto curiosa.
- Em momentos como esse...pós missão, pós guerra eu digo, eu não tenho muita animação pra essas coisas.- Ele fala olhando para cima.- A guerra mexe muito com a nossa cabeça, Lis, no ponto de questionarmos a nossa vida, se queremos mesmo continuar vivendo. É muita coisa absurda que passamos, muita coisa absurda que vemos e ouvimos. Mas ao mesmo tempo é algo que eu não me imagino sem, eu hoje não me imagino um cara normal, num trabalho normal, ganhando um mísero salário mínimo, chegamos em um ponto que se não tivermos o nosso próprio negócio não somos ninguém, não temos nada a ponto de dizer "poxa, isso é meu, foi o que eu conquistei juntando meu dinheirinho" é assustador, e apesar de tudo, eu amo meu trabalho, eu amo servir para o país, eu amo salvar civis, eu amo toda essa adrenalina da guerra.
-É uma situação difícil, muito delicada.- Falo parando ao seu lado de frente para o carro.
-Pois é...- Ele diz abaixando a cabeça.

Olhei pela janela do banco trazeiro e Bruna dormia apoiada no banco. Sorri ao ver a cena e abri a porta colocando o cinto de segurança nela. Luan tentava entrar no carro e lutei contra a vontade de perguntar se ele queria ajuda. Luan parecia não gostar muito de sentir que precisa de ajuda de todos para fazer coisas simples do dia a dia.

Sentei no banco do motorista, coloquei o sinto e dei a partida. Luan estava muito calado depois da nossa conversa, eu não sabia se isso era bom ou ruim.

-Você deixaria sua profissão de lado?- Pergunto mesmo sabendo a resposta.
-Não, eu não deixaria.- Ele fala negando com a cabeça.
- Eu falo isso porquê eu imagino que sua mãe já tenha pedido, eu vi o jeito que ela ficou no dia que soubemos do atentado, ela estava desesperada por notícias suas, ela chorou muito.-Falo sem desviar os olhos da estrada.
-Ela me pede direto.- Ele dá um sorriso fraco.- Eu acho que não tem uma ocasião que me faria desistir da minha carreira- Ele diz pensando.
-Você pode me ligar se precisar conversar sobre algo.- Digo dando de ombros.
-Obrigado.- Ele dala sorrindo de lado.

Ficamos em silêncio o resto da viagem, Luan vez ou outra olhava para mim e sorria ao ver que eu o olhava o que me fazia corar.

-Obrigada por está noite- Digo envergonhada.
- Eu que agradeço.-Ele sorri.- Não é sempre que eu tenho uma acompanhante tão linda assim.- Ele toca a ponta de meu nariz.
-Você ama me deixar vermelha, não é?- Pergunto rindo.
-Aham.- Ele sorri concordando com a cabeça.

Luan se aproximou de mim, colando nossos lábios e acabando com o espaço que havia entre nós, seu toque de surpresa em minha nuca me causou arrepios fazendo-me aperta-lo contra meu corpo. Eu poderia morar ali, em seus braços, seu beijo poderia não ter fim, e eu desejava a todo momento que o tempo parasse para que eu não precisasse ir para casa.

Nos afastamos e Luan sorriu olhando em meus olhos. Será que ele tem noção do efeito que tem sobre mim? Essa mistura de sensações que eu sinto estando com ele, essa vontade louca de não querer mais solta-lo e não querer que ele fique tão distante de mim...Ah soldadinho, o que fizestes comigo?

- Vou acordar a Bubu.- Ele diz dando alguns passos para o lado e abrindo a porta.

Sem saber direito o que dizer apenas concordo com a cabeça e o olho. Bruna desceu do carro abraçando-me e foi caminhando até a porta sonolenta.

-Boa noite, morena.- Luan diz com aquele sorriso encantador.
-Boa noite, sargento.- Falo sorrindo de lado.
-Avisa quando chegar em casa, tá? Eu sinto muito ter de deixar você ir sozinha a essa hora da noite.- Ele diz sorrindo de lado.
- Eu sei me cuidar.- Dou de ombros rindo.

Luan se aproximou mais uma vez selando nossos lábios até escutarmos a voz de Bruna levando-nos a nos separar.

-Luh!- Bruna fala manhosa.
-Já estou indo, pequena.-Ele diz rindo.-Se cuida.- Ele se afasta.

Dei a volta no carro sentando no banco do motorista. Esperei que eles entrasse dentro de casa e fui em direção a minha, momentos dessa noite rodavam minha mente levando-me a sorrir feito boba.

Cheguei em casa tirando meus sapatos e os colocando no tapete de entrada. Jonny ainda estava no Jonny's pela hora, então fui direto pra o chuveiro, lá fora fazia muito frio deixando a casa no mesmo clima, Jonny havia esquecido de ligar o aquecedor de novo.

Por Um Acaso | Luan Santana Onde histórias criam vida. Descubra agora