Capítulo 31

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Quando voltei para a casa do Jonny já havia anoitecido. Já se passava das 20 horas e pela janela eu via Jonny andar de um lado pro outro na pequena sala que tínhamos.

Desço do carro e caminho lentamente até a porta, eu não queria ter que ver Jonny agora, mas eu morava com ele, o que eu esperava?

-Você está louca? Aonde você estava?- Jonny fala desesperado.
-Aqui está a chave.- Digo estendendo meu braço para ele.
- Lis, aonde você estava? Eu fiquei preocupado, eu já ia ligar pra polícia. Você não atendia o telefone, não recebia torpedos, aonde você se meteu?- Ele exaspera.
-Depois a gente conversa.- Falo desanimada.
-Filha...- Ele fala baixo e caminhando até mim.

Por um segundo eu pensei em recuar. Por um segundo as memórias do que foi dito, "Jonny pode não ser seu pai" veio em minha mente. Mas eu não recuei, eu não disse nada, eu não fiz nada, apenas fiquei plantada no meio da sala sentindo seus braços ao meu redor.

Permiti que as lágrimas caíssem para que só assim eu me sentisse livre, mas ao contrário, só fez piorar a minha situação. Jonny me abraçava apertado sem dizer uma palavra, ele beijou o topo da minha cabeça e me apertou mais contra si.

- Vai ficar tudo bem, seja lá o motivo pelo qual você está chorando...Vai ficar tudo bem.- Ele diz.

As lágrimas desciam feito cachoeira num final de um rio, rápidas e em grande velocidade. Passei meus braços por sua coluna e o apertei, Jonny apenas continuou abraçado a mim, tentando me consolar.

-Não precisa ir ao Jonny's essa noite.- Ele diz se afastando.- Eu dou conta por lá, é segunda-feira.- Ele sorri de lado.

Concordo com a cabeça e seco algumas lágrimas.

- Eu te liguei o dia todinho.- Ele fala.
-Descarregou.-minto.
-Ta bom.- Ele abaixa o olhar.- Eu já estou indo, se precisar de alguma coisa é só ligar.

Balanço a cabeça e vou para meu quarto, eu precisava de um banho para relaxar. Tirei minhas roupas de frio, e adentrei no banheiro ligando o chuveiro.

E mais uma vez me peguei chorando ao lembrar de tudo o que havia acontecido nesta manhã. Mas por que? Talvez eu tivesse me apegado muito a Jonny, eu cesci desejando a todo custo uma presença paterna e agora que eu tenho...A vida é mesmo uma merda. Penso.

Sai do banho secando o cabelo com a toalha e caminhando até o pequeno closet improvisado. Peguei o primeiro pijama que eu vi e me vesti com o mesmo. Liguei o telefone e suspirei ao ver o tanto de ligações perdidas.

7 da minha mãe, 13 do Jonny, 4 de Luan. Pera ai, Luan? Jonny havia contado para ele? Entrei na caixa de torpedos e confirmei as minhas dúvidas, Jonny havia mesmo ligado para Luan.

"Jonny me ligou, quer saber aonde você está, você está bem?"
"Lis, eu tô preocupado"
"Da sinal de vida, pelo amor de Deus."
"LIS, APARECE"

Dou um sorriso de lado e lhe respondo com um "Eu estou bem." Que ele deve ter visto na mesma hora já que o telefone tocou em uma ligação sua.

|Ligação|

-Lis, meu Deus. Aonde você estava?- Ele fala preocupado.
-Oi.- Digo sorrindo de lado.
-O que aconteceu? Você está bem mesmo?
-Sim, eu estou bem.- Pressiono meus lábios um no outro.
-Não some mais desse jeito, Jonny estava preocupado perguntando aonde você estava e eu sem saber o que fazer, nem sair de casa eu posso direito, não faz mais isso, é sério.- Ele fala tudo de uma vez.
-Eu estou bem.- Bufo.
-Você quer que eu vá aí? Eu posso passar aí, te fazer companhia.- Ele sugere.

Antes que eu pudesse responder, as lágrimas tornaram a descer fazendo-me afastar o telefone do ouvido.

-Não precisa.- Digo respirando fundo.
- Eu estou indo aí.- Ele diz.
-Não, Luan, não precisa.- Digo.
-Mau humorada.- Ele diz eu pude imaginar ele revirar os olhos.
-Me desculpa, depois eu falo com você.- Digo.

|Fim da ligação|

Deito na cama e ponho o travesseiro no rosto. Levantei-me e caminhei até a sala aonde havia um retrato de Jonny. O peguei e comecei a olhar as semelhanças que tínhamos.

Tento me convencer que nossos olhos, a boca, e o nariz eram parecidos. Eu precisava saber se ele era mesmo meu pai. E se ele não fosse? O que eu faria? Será que ele sabia das traições?

|Luan|

29 de dezembro de 2007

15 horas da tarde, essa foi a hora que Jonny ligou para mim perguntando se eu estava com Lis ou se tinha falado com ela nesse intervalo de tempo entre 08 e 15 horas. Perguntei o que havia acontecido e o que Jonny respondeu foi apenas um "Ela saiu 08 horas, não disse pra onde, nem com quem, ela não atende o telefone e não recebe torpedos".

Após isso eu me preocupei. Tentei ligar para Lis mas como Jonny havia dito não recebia ligações e nem torpedos, vai ver o celular esteja descarregado. Mas...Por que ela sairia e não avisaria com quem e nem pra onde iria?

-O que aconteceu?- Bruna pergunta sentando ao meu lado.
-Nada.- Digo olhando para ela.
-Você tá estranho, Luh.- Ela põem a mãozinha no rosto.
- Eu juro que não foi nada, só tô cansado.- Dou de ombros.
-Mas nós acabamos de acordar, praticamente.- Ela fala e é a vez dela de dar de ombros.
- Eu sei...- Digo negando com a cabeça.
-O que estão aprontando?- Minha mãe pergunta surgindo na sala.
-O Luh está cansado.- Bruna diz fazendo minha mãe sentar ao meu lado.
-Cansado?- Ela pergunta levantando uma sobrancelha.
-Sim.- Respondo simples.
- Eu tava pensando em chamar a Michelle pra cá, ela pediu pra eu ensinar uma receita pra ela.- Minha mãe diz fazendo com que eu concordasse com a cabeça. -Ela poderia trazer a Bry pra te animar.
- Não, definitivamente, não.- Reviro os olhos.
- Ele não gosto da Bryana, mamãe. Chama a Lis, ele gosta da Lis- Bruna sugeri.
- Ele gosta da Bryana, ele só não enxerga isso.- Minha mãe fala séria.
- Eu tô aqui.- Lembro a elas.-E não, mãe, eu não gosto da Bryana.- Falo pausadamente.

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⏰ Última atualização: May 04, 2020 ⏰

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Por Um Acaso | Luan Santana Onde histórias criam vida. Descubra agora