Capitulo 8

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23 de outubro de 2007

8 horas da manhã ouço a campainha tocar, quem poderia estar batendo na porta dos outros a essa hora da manhã?

Meu pensamento fez com que eu revirasse os olhos e cobrisse a cabeça com o travesseiro numa tentativa falha de abafar o som.

Levantei-me xingando tudo e todas as coisas indo até a porta da frente, ao passar pelo quarto de Jonny notei que ele dormia feito pedra o que me fez murmurar mais ainda.

-Achei que estivesse dormindo.-Amanda diz arrumando a bolsa no ombro.
-E eu estava.-Respondo mal-humorada.
-Ta esperando o que? Vai logo trocar de roupa.-Ela diz abanando as mãos em minha direção.
-Pra que?- Pergunto franzindo as sobrancelhas.- São 8 horas da manhã, Amanda, vai dormir.-Digo revirando os olhos.
-Nós combinamos ontem de irmos ao centro comprar fantasias, lembra?- Ela pergunta óbvio.
-Nós?-Pergunto sem entender.
-Joana está a caminho, já falei com ela. Vai me deixar entrar ou tá difícil?- Amanda fala bufando.
-Eu não combinei nada com ninguém, Amanda.- Meu mal-humor matutino era enorme.
-Você concordou de nós encontrar aqui, as 8 horas da manhã, nem venha.-Ela fala gesticulando com a mão.

Revirei os olhos ao ouvir ela falar mais uma vez que eu deveria ir logo tomar banho porquê tínhamos pouco tempo para ir ao centro já que tínhamos de ir a faculdade.

Tomei um banho e vesti uma calça jeans com uma regata branca e uma jaqueta já que lá fora estava frio. Deixei um bilhete para Jonny avisando que tinha saído e fui com as meninas rua a fora.

Olhamos diversas fantasias e nenhuma me agradou, nada parecia combinar comigo.

-Amiga, vamos de anjo e demônio?- Joana pergunta animada.
-Pode ser.-Respondo dando de ombros vendo ela ir até a atendente sorridente.-Por que Keia não veio?- Pergunto olhando Amanda que se olhava no espelho com uma fantasia de girassol.
-Ela disse que não ia dar pra ir à festa, parece que alguém da família dela foi dessa para pior.-Ela responde dando de ombros.

Vi Joana vindo ao meu encontro com duas roupas em mãos, uma vermelha e uma branca e me encolhi em meu lugar.

Eu não estava nem um pouco animada para essa festa de sábado, principalmente depois de saber que Luan me ligaria.

- Você será a diabinho.-Ela diz me entregando.
-Ela não deveria ser a anjinho?-Amanda pergunta nos olhando.
-Ai que tá, ela é muito quietinha, realmente um anjinho, não teria graça.- Joana responde fazendo Amanda gargalhar.-Vai logo vestir, quero ver como vai ficar.

A roupa não era nada a minha cara, era composta por um sutiã vermelho com um croped vazado com brilho e um calça preta, de falso couro, com cadarço na frente para fechar.

Sai do provador odiando-me por ter aceito ir à essa festa, olhei para o espelho e não reconheci a pessoa que estava vendo. Não parecia eu, nunca que eu me vestiria assim.

-Ficou mara!!-Joana diz batendo palma e sorrindo.
-Eu não gostei.-Digo fazendo uma careta.
-É que está faltando isso.-Amanda diz colocando em meu pescoço uma bijuteria brilhosa.
-Que tal uma peruca vermelha?-Joana fala com a mão no queixo.
-Gente...Isso realmente não combina comigo.-Digo olhando as roupas em meu corpo.
-É pra isso que serve fantasias, amiga.-Amanda da de ombros.
-Eu não gostei. Não vou usar isso.-Digo determinada.
-Quer trocar? Você fica com o anjo e eu o diabinho.-Joana fala compreensiva fazendo-me dar de ombros.

A roupa de anjo já era mais comportado e bonitinho, era composto por um macaquinho branco, tinha mangas a parte com fluflu para que desse a impressão que fosse uma asa e uma auréola para por no topo da cabeça.

Sai do provador olhando-me no espelho e vendo como aquela roupa havia caído bem em meu corpo. Tá que eu nunca uso e cheguei a jurar que nunca usaria essas coisas curtas, mas tinha ficado lindo.

Amanda disse que tinha um salto branco que iria ficar lindo e que me emprestaria, já que eu só uso tênis e sapatilhas. Meu estilo nunca foi tão extravagante, sempre usei calças, moletons e pouquíssimos vestidos com o comprimento um pouco acima do joelho.

Chegamos em casa por volta das 11 horas da manhã, tomei um banho e vesti um moletom amarelo com uma calça jeans preta. Peguei meu material e fui até a sala, Jonny estava na cozinha e sorriu ao me ver.

-Vai almoçar em casa?-Ele pergunta mexendo a frigideira.

Dou de ombros, coloco minhas coisas em cima do sofá e vou até ele.

-O que está fazendo?-Pergunto olhando para as panelas.
-Panquecas com molho branco.-Ele diz cheirando o molho que estava a sua frente.
-Pode ser.-Digo indo pegar os pratos para por na mesa.
-Eu nunca te abandonei por querer, Lis.-Ele fala desligando uma das bocas do fogão virando-se para me olhar.
-Ja deveria saber que iria tocar nesse assunto.-Digo revirando os olhos.
- Você precisa me escutar.-ele diz cabisbaixo se apoiando na ilha da cozinha.

Jonny estava enchendo o saco com essa história de "Você precisa me escutar", eu já não aguentava mais. O que ele poderia dizer? Eu já sabia de toda a verdade. Jonny não era quem aparentava ser.

- Eu vou almoçar na rua.- Digo caminhando em direção a sala.
-Lis, por favor.-Ele fala vindo até mim.
-Eu já disse que não quero falar sobre isso, da parar? Eu nem nem sei o porquê eu topei vir morar com você.-Digo virando para ele.
-Filha...-Jonny diz baixo.
-Agora eu sou sua filha? Por anos eu não fui ninguém pra você, eu passei 10 anos da minha vida imaginando como seria meu pai, pensando no porquê dele ter me abandonado, no porquê dele não querer saber de mim.-Digo aumentando um pouco o tom da voz.-10 anos me sentindo culpada por você não estar comigo.- Sinto as lágrimas descendo e as enxugo passando as mãos rapidamente.

Jonny me olhava com um semblante assustado e ao mesmo tempo triste.

-O que sua mãe te falou?- Ele pergunta quase como um sussurro.

Por Um Acaso | Luan Santana Onde histórias criam vida. Descubra agora