Capítulo 17

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1 hora depois de eu ter acordado da cirurgia o médico voltou oara conversar comigo e fazer novos exames. Descobrimos que na costela estava tudo bem, porém eu poderia voltar a sentir dor naquela região já que sobraram vestígios da bala, mas que não seriam prejudiciais.

Aproveitei para perguntar do soldado William que havia tido queimaduras horríveis no corpo devido o atentado, descobri que o estado dele era estável, estavam tratando todas as bolhas e medicando-o para que não sentisse tanta dor.

O Capitão Nascimento veio conversar com os médicos que atenderam a mim e ao soldado Marven, e nos avisaram que amanhã voltaremos para casa, o que me deixou animado e ao mesmo tempo frustrado.

-Soldado Rafael, nós precisamos conversar.-O médico diz parado em minha frente.-Os exames e os testes que fizemos para ver se a bala deixou sequelas em sua perna...- Ele deixa no ar.- Bom, infelizmente constatamos que o motivo de você estar mancando não é só pela cirurgia recente...A bala não chegou a romper um tendão, o que é bom, mas você precisará fazer fisioterapia para voltar a caminha normalmente. E preciso que você saiba que há uma grande chance de você voltar a sentir dor, mas não será nada grave, a menos que tenha sangramento.-Ele conclui.
-Ah...-Respondo sem saber o que responder.

A notícia me deixou um frustrado comigo mesmo, eu poderia estar salvando civis, salvando os outros soldados que estivessem em perigo ou até mesmo matando os inimigos mas pelo contrário, eu estou deitado numa maca, sem mover a minha perna normalmente e fui dispensado.

-Obrigado por ter me salvado.- Marven fala me tirando de meus pensamentos.
- Não foi nada.-Digo abaixando o olhar.
- Eu ouvi o que o doutor falou, você vai se recuperar mais rápido do que você pensa é logo estará de volta para nos puxar o saco, sargento.-Ele diz rindo fraco.

Solto um suspiro e deito-me na maca. Eu não queria que meus pais soubessem que me feri, e muito menos que eu teria de fazer fisioterapia. Meu pai perderia a visão de que o filho é um guerreiro e não vai a luta para perder. Minha mãe ficaria preocupada e puxando o saco dos médicos. Bruna não me veria mais como um irmão. Todos esses pensamentos vagaram por minha mente causando-me uma tristeza.

....

26 de dezembro de 2007

Estávamos a caminho de Denver, no ônibus do exército que nos pegou no aeroporto e nos levaria para nossas casas. Meus pais não sabiam que eu estava voltando hoje, então seria uma surpresa entanto.

-Valeu, Marcão, tamo junto.- Digo ao descer do ônibus com sua ajuda.
-Valeu, nos vemos em breve.- Ele diz apertando minha mão.

Eu tive que aderir duas muletas para me locomover de um lugar para outro. Minha perna estava travada, ela não se mexia mais como antes. Fui andando com a ajuda delas até a porta de casa, tocando a campainha da mesma.

A porta se abriu revelando a imagem de minha irmãzinha que ao me ver pulou em meus braços, quase me derrubando e agarrou em meu pescoço. Eu estava emocionado por estar de volta, meus olhos se encheram d'água ao ter minha pequena em meus braços de novo.

-Senti sua falta.- Ela diz exugando as lágrimas.
-Eu também senti a sua, pequena.-Digo sentindo algumas lágrimas escorrerem em minhas bochechas.
-O que aconteceu com sua perna?- Ela pergunta enxugando as lágrimas, indo para o chão.
- Eu me machuquei.-Digo sorrindo de lado.- Cadê a mamãe?
-Saiu, me deixou com a Bryana, acredita?-Bruna diz bufando e revirando os olhos fazendo-me rir.
-Vem, vamos entrar.-Digo entrando em casa.
-Isso doi?- Bruna pergunta cutucando minha perna.
- Um pouco- Respondo fazendo careta.
-Quem é, Bruna?- Bryana aparece na sala.

Bryana correu ao meu encontro abraçando-me. Sem saber, ela acabou apertando a região da minha costela que estava machucada fazendo-me soltar um gemido de dor.

-Ai meu Deus, eu te machuquei?- Ela diz espantada. 

-Quase isso .- Digo passando a mão no local fazendo careta.

-Eu sinto muito, não foi a intensão.- Ela diz nervosa.

-Tudo bem, Bry, já passou.-Digo por fim.- Bubu, passa pra cá o telefone, vamos ligar pra mãe.
- Vamos.-Ela responde rindo.
-Dona Marizete vai pirar.- Bryana ri juntando -se a nós.

|Ligação|
-Mãe? Ta aonde?- Pergunto pondo no viva voz.
-Meu filho.- Ela diz animada.-eu tô ajudando seu pai com umas papeladas aqui da loja, por quê?
-Nada, é que eu imaginei que quando eu voltasse pra casa a senhora estaria aqui me esperando, sabe?!- Digo pressionando meus lábios.

Minha mãe passou um tempo calada, acho que pensando se estava certa do que ouviu.

-Você...Não.-Ela responde sem reação.-Você está em casa?- Ela pergunta surpresa.

Faço um sinal para que Bruna falasse e ela concorda com a cabeça e inclina seu corpinho para frente.

- Vem logo pra casa, mamãe, o Luh tá dodói e precisa do seu beijinho pra sarar.- Ela diz fazendo-me passar a mão em sua cabeça e sorrir para ela.
-Dodói? Luan, meu filho, você está ferido?-Ela pergunta exasperada.
-Talvez.-Digo sorrindo de lado.- Vem logo que eu tô morrendo de saudades.
- Eu tô indo, não sai daí.- Ela ordena fazendo-me rir.

|Fim da ligação|

-Vamos esperar.- Digo segurando minha perna e colocando-a em cima do centrinho.
-O que aconteceu com sua perna?- Bryana pergunta olhando para ela.
-Hã...- Digo olhando de rabo de olho pra Bruna.
-Ah, entendi.-Ela responde sorrindo de lado.- O que você tomou, tá mais gato do que quando foi.- Ela fala rindo.

Sorrio em resposta negando com a cabeça. Bryana pelo jeito não havia se tocado desde a ultima vez que conversamos.

-Então, como tem sido na escola?- Pergunto olhando pra Bruna.
-Tô de férias, Luh.- Ela responde dando de ombros.
-Eita.- Respondo rindo.
-Sua amiga já sabe que você voltou?- Bruna perguntou olhando em meus olhos.
- Que amiga?- Bryana pergunta.
-Lis, a nova amiga do Luh.-Bruna diz inocente.
-Ainda não, acho que vou dar uma passadinha lá na casa dela hoje a noite.-Digo olhando para frente.- O que achou dela?- Pergunto ansioso por sua resposta.
-Ela é linda, parece uma princesa.-Bruna diz rindo sapeca.- Ela brincou de casinha comigo.
- Eu também brinco com você de casinha.- Byana fala dando de ombros.
-Sério?- Pergunto sorrindo para Bruna.
- Verdade.-Bruna fala olhando pra Bryana.

Minha mãe entrou junto de meu pai gritando por meu nome. Pedi ajuda para levantar e só então abracei os dois. Meu pai olhou para mim, pôs as duas mãos em meu rosto e falou "Você é um guerreiro", o que fez com que me emocionasse.

Minha mãe me apertou, magoando minha costela. Gemi de dor o que fez com que ela se afastasse e me olhasse assustada.

-O que eu fiz?- Ela pergunta se afastando e pondo suas mãos para cima.

Levantei minha camisa mostrando o curativo fazendo com que ela levasse as mãos até a boca. Meu pai veio até mim e me abraçou.

-Eu achei que...-Digo sentindo um nó em minha garganta.
- Que eu ia mudar a imagem que tenho de você? Nunca.-Ele responde sorrindo.

Por Um Acaso | Luan Santana Onde histórias criam vida. Descubra agora