(POV ANALÚ)
Dias se passaram, semanas, talvez um mês. O tempo era angustiante, eu passava boa parte dele lendo, fugindo de Gabriel. Eu ando tão... sensível? Isso, essa é a palavra. Qualquer coisa está me irritando, me deixando chorosa ou me estressando. Não havia mais sinais dos sequestradores e eu não estava mais aguentando esse lugar. As vezes sinto tanta falta das crianças que meu peito parece que vai explodir. Ah, as crianças, tenho falado com eles todos os dias, as aulas acabaram de começar e Enzo apesar de estar feliz por entrar em uma escola nova, para "gente mais crescida" como ele mesmo intitulou, eu percebia em sua voz o quanto eu fazia falta.
Diferente de mim, Gabriel se enturmou aqui no hotel. A essa altura, todos por aqui sabiam que ele era o Justin Bieber, o estranho era que não o tratavam diferente por isso, o pessoal aqui é simples e preferiam não se meter na vida de ninguém. Ele até tentou me enturmar também más não funcionou, lá estávamos nós, discutindo por isso outra vez.-Não e não! -Eu repetia. -Já disse que não estou a fim de sair.
-É só um passeio, Anna. Você precisa sair deste quarto. -Ele insistia.
-Já disse que não, Gabriel. -Já estava impaciente, aquilo vinha virando rotina. Mau-humor, discussões. Eu estava chegando no limite.
-É só uma volta. Vamos até a cachoeira, não vai morrer se respirar um pouco de ar fresco. -Ele era insistente.
-Será que não? Pode muito bem, ter alguém nos esperando em algum lugar aí fora. Francamente, eu não consigo entender como consegue agir assim nessa situação. -Eu já estava irritada outra vez.
-Me desculpe então. Por tentar aliviar um pouco da sua tensão, de tentar fazer você esquecer por alguns minutos o inferno que estamos vivendo. -Sua voz era irônica e aquilo me fez perder o fio de paciência que havia me restado.
-Inferno esse que você nos colocou! -Pronto, quando notei o peso de minhas palavras eu já as havia dito e sinceramente? Me arrependi amargamente, e ele me encarando daquele jeito só fez eu me sentir ainda mais culpada. -Gabriel eu...
-Não. Não fala mais nada, pode piorar, você tem esse dom. -Disse se levantando da cama onde estava sentado, logo após, saiu me deixando ali com minha culpa.
Por isso eu estava o evitando, eu estou tão estúpida nesses últimos dias que tenho medo acabar brigando com ele e o magoando, como ironicamente acabo de fazer. Eu poderia ir atrás dele, me desculpar e me juntar à seus novos amigos más o desfecho seria ainda pior e tudo, graças as minhas oscilações repentinas de humor.
A quem estou tentando enganar? Sei exatamente qual a razão disso, bom, não é certeza más uns setenta por cento eu tenho. Seria loucura eu engravidar justo agora? Porque eu acho que foi exatamente o que aconteceu. Isso explicaria meu humor, o atraso no ciclo e outras coisas. Más também pode ser só mais um atraso, não seria o primeiro portanto, prefeito ainda manter segredo, da última vez assustei Gabriel à toa.
O celular toca despertando-me de meus pensamentos, finalmente sinal! Ontem à noite eu tentei, más não consegui sinal para falar com as crianças, se não tivesse falado com eles mais cedo, provavelmente não teríamos nos falado ontem.-Alô. -Atendi, a ansiedade era tanta que sequer conferi o número.
-Olá, docinho. -Silêncio. -Olha, realmente é uma surpresa você ter atendido, achei que seria mais difícil fazer contato.
Eu não estava acreditando, precisei me sentar ou do contrário cairia. De todas as vozes aleatórias que eu poderia ouvir do outro lado da linha, aquela seria a última que eu esperaria.
-Nate? -Perguntei como se ainda me restasse dúvidas.
-É bom saber que ainda não fui esquecido. -Ele disse irônico, eu podia até imaginá-lo sorrindo.
-Nate, não sei como conseguiu esse número, más eu preciso desligar. Não é uma boa hora.
-Por que? Aposto que não tem nenhum sequestrador na sua cola agora. -Ele riu e não sei como nem porque, más algo em mim me dizia que ele sabia exatamente do que estava falando.
-Como é que você...
-MAMÃE! -Ouvi outra voz na linha, essa parecia mais distante e estava com medo. Era um grito assustado, como um grito por ajuda. Enzo, eu o reconhecera na hora.
-Enzo. -Minha voz saiu tão baixa que quase eu mesma não escuto.
-Eu mandei ficar de bico fechado seu merdinha! -Nate gritou e havia tanta raiva em sua voz que eu senti medo por Enzo.
-Por favor não faça nada com ele. -Implorei já inundando em lágrimas. Eu senti uma sensação horrível de impotência. -Nate ele é seu filho. -Tentei sensibilizá-lo como se ao longo dos anos que passamos juntos ele tivesse em algum momento mostrado algum tipo de afeto ao filho.
-Como se eu me importasse com isso. -Foi sincero.
-Não o machuque, por favor. -Pausa. -Eu faço o que você quiser. -Prometi em meio a soluços desesperados.
-Chegamos ao ponto. -Totalmente o contrário de mim, ele se manteve calmo.
-O que você quiser, só prometa que Enzo ficará bem. -Pedi e ele fez mais uma pausa, por Deus! Era um silêncio ensurdecedor.
-Perfeito! Sendo assim, preciso que venha me encontrar...
-Tudo bem. -De pronto concordei. -É só me dizer onde.
-Sei exatamente onde está, pegue o carro do seu namoradinho que eu vou guiar o caminho. Não pegue mais nada além do celular. -Pediu.
-Ta bom, eu não levo. -Levantei apressada saindo do quarto. Desci as escadas apressadamente e não sei como não acabei tropeçando. Cruzei com Glória, droga!. Me apressei em secar o rosto antes que ela pudesse notar minhas lágrimas.
-Querida, algum problema? -Me perguntou.
-Não, vou só dar uma volta. -Respondi com o celular ainda em mãos, saindo para fora em direção ao carro. -Nate, ainda está aí? -Perguntei apreensiva já dentro do veículo.
-Sim, achei que fosse entregar tudo.-Ele me ouviu falar com Glória.
-Não com o meu filho em risco. -Admiti.
-Acha que eu poderia matá-lo? Acha que eu seria tão frio que poderia matar meu próprio filho? -Perguntou irônico.
-Deixe-me falar com ele. -Pedi. -Por favor. - Novas lágrimas rolavam pelo meu rosto.
-Não vai ser possível, se quer mesmo vê-lo novamente, venha nos encontrar. Ah, e antes que eu me esqueça, nada de gracinhas!
-Tudo bem. -Concordei tentando me recompor
-Ótimo, se já acabamos com o papo furado. Espero que o carro esteja bem abastecido. -Realmente estava, Gabriel encheu o tanque caso precisássemos fugir outra vez.
-Está. -Respondi.
-Okay, então vamos lá. Vai seguir por esta estrada de terra até o próximo posto, isso vai levar longos minutos então te ligo em breve. -Silêncio.
-Tudo bem e depois? -Perguntei e o silêncio permaneceu, ele havia desligado.
Larguei o celular no banco do carona e sequei as lágrimas.
-Vamos lá, Anna. Você consegue. -Repeti a mim mesma tentando buscar um pouco de auto-confiança.
Liguei o carro, respirei fundo e dei a partida seguindo as ordens de Nate, tendo plena consciência de que talvez fosse o fim.
Continua....
RETA FINAL MOORES!!
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Depois de Você (FINALIZADA) ✔
Romance"Depois de você" vai contar a história de duas pessoas que tiveram uma linda história de amor juntos, de um lado, Analú Portilla Herrera (Danielle Campbell) do outro, Gabriel Saviñón Uckermann (Justin Bieber). Ambos se conheceram ainda crianças, seu...