Querem me matar do coração?

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Um mês havia se passado, Gabriel e Anna estavam de volta ao país de origem e ela ainda estava no estado de coma induzido. Os dias e as noites eram longos na nova casa da família que Gabriel teve de comprar, por ser mais próximo ao hospital importante onde Anna estava internada.

Dulce voltou para casa onde mora com o marido enquanto Maria, ganhou a ajuda de Bia com as crianças na casa nova. A ruiva sabia que Biel estava com a cabeça ocupada na maior parte do tempo e mesmo que ultimamente as crianças estivessem mais calmas pelo ocorrido, ainda seria difícil para a senhora cuidar das refeições e ainda ficar de olho nos três pestinhas, então se ofereceu para ficar uns dias na casa para ajudar.

O estado de Anna preocupante, a dois dias os medicamentos que a mantinha em coma foram suspensos e ela não havia acordado, preocupando não só a família como os médicos que não sabiam o porquê dela não ter reagido.

Biel fora dormir bem tarde na noite anterior como vinha fazendo quase que todos os dias, o mesmo vivia fazendo pesquisas na internet, buscava casos semelhantes ao de Anna para ver se assim encontrava alguma resposta. Ele estava um caco, não saía de casa a não ser que fosse para ir ao hospital ou acompanhar Enzo em uma das seções de terapias que o menino estava fazendo desde que notaram ele mais recluso e tendo pesadelos frequentes com o rosto de Nate e uma "mulher morta". Biel chegou até a cancelar os compromissos da carreira de cantor para se dedicar mais a família.
Aos poucos mesmo com a ausência de Anna, a família tentava voltar aos eixos.

(Pov Gabriel)

Abro meus olhos com dificuldade, tentando me acostumar com a claridade do dia que entra pela fresta da longa janela que há no meu quarto. O toque de chamadas do meu celular é estridente, tenho vontade de arremessá-lo na parede...

-Merda, Anna. -Saltei da cama de pressa em busca do aparelho e quando finalmente o encontrei no chão em meio as minhas roupas, o peguei, atendendo no último toque a chamada. -Sim, pode falar. -Autorizei ao reconhecer que era do hospital. -Sim, vou até aí agora mesmo. Não pode me dizer o que houve? -Perguntei.. -Sim, tudo bem então até mais. -Desliguei depois de nos despedirmos.  Larguei o celular na cama, algo aconteceu com Anna más preferem me dizer pessoalmente.

Estou aflito, não faço idéia do que está havendo e minha mente insiste em apostar em algo ruim. Afastando os pensamentos negativos, dispenso o banho que me custará mais alguns minutos na expectativa e ligo para Bia  vendo que a hora de buscar as crianças na escola se aproxima.

-Pode falar. -Autorizou ela. Coloco o celular no "viva-voz" e o deixo sobre a mesinha enquanto pego qualquer roupa para vestir.

-Vou precisar sair, me ligaram do hospital pedindo minha presença lá. Pode buscar as crianças para mim? -Perguntei fechando o zíper da calça que acabo de vestir.

-Claro. Houve algo com Anna?. -Perguntou preocupada.

-Ainda não sei, não me adiantaram nada. Não fale com as crianças sobre isso ainda, prefiro falar com eles depois de saber o que está se passando. Não quero que criem expectativas e sofram alguma frustração.

-Tudo bem, me mantenha informada por favor. -Pediu.

-Okay, obrigado. -Agredeci e nos despedimos.

Fui até o banheiro, escovei os dentes e lavei o rosto, voltei para o quarto onde vesti uma camisa limpa e desci. Passei pela cozinha onde cumprimentei e expliquei tudo a Maria, que me chamaram no hospital. Depois de recusar (por pressa) um lanche que ela me ofereceu, fui para a garagem onde peguei meu carro e parti para o hospital.

Chegando no enorme prédio, estacionei na primeira vaga que encontrei e subi apressado até o andar dela, no corredor encontrei seu médico. Eu estava prestes a saber a real situação e confesso que estava com receio.

-Doutor. -Chamei e ele caminhou até mim. Suas feições indecifráveis fez um frio percorrer minha espinha.

-Chegou, ótimo. Me acompanhe por favor. -Pediu caminhando em direção ao quarto dela, o segui e a cada passo meu coração batia mais de pressa. 

O Doutor abriu a porta e eu entrei, ele fez o mesmo fechando a porta atrás de nós logo em seguida.

-Acordou.. ela acordou. -Meu sorriso era enorme, aposto. Fiquei estático por um momento a vendo ali, finalmente consciente, me olhando. Apesar de parecer confusa ela estava perfeita, tão linda como me lembrava.

-Quem é ele? -Ela perguntou olhando para o doutor, algo me dizia que ela estava se referindo a mim.

Que porra é essa, uma perda de memória? Como ela não se lembra de mim?  O desespero começava a tomar conta novamente do meu corpo quando ainda a encarando, vi ela voltar a me olhar enquanto crescia um sorriso em seus lábios.

-Pegamos ele. -Ela disse enquanto ria com o doutor.

-Está de brincadeira, querem me matar do coração? -Perguntei fingindo estar bravo, a verdade era que nada poderia mudar meu bom humor, meu bem voltou para mim.

-Não resisti, amor. -Justificou com seu sorriso ainda presente o sorriso que eu tanto amo.

-Ela insistiu e eu não pude negar. -Disse o doutor quando eu o olhei esperando uma explicação. -Vou deixá-los conversar mais a vontade, volto depois para atualizá-los melhor do seu estado, Anna.

-Tudo bem. Obrigada, Doutor. -Ela agradeceu, e então o Doutor nos deixou sozinhos. -Então, vai vir aqui me dar um beijo ou já arrumou outra? -Perguntou. -Sei que fiquei umas semanas no "modo off" más...

Nem a deixei terminar de falar, caminhei em passos largos em sua direção e quando cheguei bem perto, ataquei seus lábios. Minha língua pediu passagem e quando cedida, buscou a sua urgência. Finalizei o beijo com um selinho e abandonei seus lábios quando o ar faltou, e passei a distribuir beijos por todo o seu rosto.

-Eu senti tanto a sua falta, você não tem ideia do inferno que eu passei sem você nessas semanas. Por favor, não sai mais de perto de mim dessa maneira nem em sonho. -Implorei em meio aos beijos.

-Está tudo bem, amor. Eu estou aqui agora e não vou te deixar. -Tentou me tranquilizar. Me fitou acariciando com uma de suas mãos pequenas e delicadas o meu rosto, eu senti tanta falta de seu toque. -E os outros? As crianças não veio? -Perguntou.

-Bia foi buscá-los na escola. Vou ligar e pedir para trazê-los. Ela está morando la em casa para ajudar Maria.

-Pode chamá-los? Quero muito ver todos eles. -Pediu.

-Como eu poderia dizer "não" a você? -Disse e depositei um beijo em sua testa. -Vou la fora fazer a ligação. -Disse e saí.

-E então? -Perguntou com os olhinhos brilhando quando voltei.

-Bia vai trazê-los. -Disse me sentando na beirada de sua cama. -Más como você está se sentindo meu amor? -Perguntei.

-Estou bem. -Respondeu pegando em minha mão. 

-Tem certeza? -Insisti. Sua resposta não me passou confiança.

-Na verdade, não. -Respondeu desviando o olhar do meu.

-Está assim por causa do bebê? -Perguntei e ela me olhou quando segurando em seu queixo, ergui seu rosto.

-Já está sabendo. -Ela disse, os olhos levemente lacrimejando.

-Sim, eu estou. -Acariciei seus cabelos na tentativa de confortá-la. -Está tudo bem, a gente pode tentar de novo depois.

-Disseram que pode ter sido quando pulei do barranco. -A primeira lágrima escorreu pelo seu rosto.

-Meu amor, você não teve escolha. Qualquer pessoa no seu lugar faria o mesmo e Enzo nos contou tudo, de como o protegeu nos braços antes de pular. -Sequei a lágrima com o polegar.

-Nate é uma pessoa tão ruim que eu preferi me jogar de um barranco com meu filho nos braços, a ficar para ver o que ele faria conosco. -Fungou. -Eu nunca pensei que diria isso, más obrigado por ter atirado e matado o infeliz. -Me disse novamente com o sorriso voltando a aparecer, essa situação trazia alívio a ela.

-Olha amor, na verdade. -Cocei a nuca.

-O que? -Seu sorriso sumiu.

...

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