Terapia

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-Na verdade.. -Comecei. 

-Na verdade o que? -Perguntou apreensiva.

-Ele não morreu naquele dia..

-Ele ainda está vivo? -Eu via medo e insegurança em sua voz quando me interrompeu.

-Calma, amor. Ele não morreu naquele dia. Chegou no mesmo hospital onde te levamos la no Canadá, depois de você entrar para um dos quartos na emergência, Bia viu ele chegar em uma maca. -Expliquei.

-No mesmo hospital? -Ela estava em choque em saber que esteve perto dele enquando estava tão vulnerável.

-Sim, más ele não seria capaz de fazer nada contigo. Eu vi com os meus próprios olhos o quanto ele estava pior que você. -Disse e era verdade.

-Você foi vê-lo? -Perguntou surpresa.

-Sim e confesso que fiquei tentado em desligar os aparelhos que o mantinha respirando. -Lembrei.

-Ele ainda está vivo?

-Felizmente não, parece que deu algum problema com ele e o mesmo não aguentou. -Cada vez que falava de Nate, um misto de ódio e indignação me consumia por inteiro.

-Está bem. -Respirou fundo. -Não quero mais falar sobre isso, como andam as coisas em casa?. -Perguntou e quando fiz menção em respondê-la a porta se abriu. Mia e Lucas entraram correndo com Bia logo atrás sendo arrastada pela mão por Enzo.

-Mamãe!!. -Mia e Lucas disseram juntos enquanto subia na cama para abraçá-la.

-Crianças, vão devagar para não machucá-la. -Pedi.

Enzo precisou da ajuda de Bia para subir na cama e assim que o fez se juntou aos irmãos e a mãe no abraço.

-Ai meu Deus! Eu achei que você ia ficar vegetando para sempre. -Bia disse, delicada como sempre.

-Não fale besteiras. -Pediu Biel.

-O que foi? Já deveriam estar acostumados com meus comentários. -Respondeu a ruiva. -Agora com licença pestinhas é a minha vez. -Pediu e quando meus filhos deram espaço, foi a vez dela abraçar minha namorada.

-Você e seus comentários, Bia. -Disse Anna.

-Eu sei, também senti sua falta. -Disse a ruiva antes de se afastarem.

-Fiquei sabendo que está ajudando Maria a cuidar dos meus filhos, está cuidando deles direitinho, né? -Perguntou.

-Claro, deixo eles acordados até tarde, comer besteiras antes das refeições e nem precisam escovar os dentes antes de dormirem. -Brincou e Anna fez cara feia.

-É claro que não e verdade, ela só está te amolando, amor. -Eu disse.

-Como se você visse alguma coisa, passa o dia enfurnado naquele seu quarto, nem sequer toma banho. -Rebateu a ruiva e meus filhos riram, a tempos não os via rir daquela forma, sem preocupações.

-Me expliquem isso direitinho. -Pediu Anna.

-Papai fica o dia inteiro no quarto com o computador dele, quando a gente perguntava ele dizia que procurava mais pessoas que não acordava como você, mamãe. -Mia explicou.

-É e ele mal come, por isso está magro assim. Hoje ele é só pele, osso e tatuagens. -Bia disse fazendo todos rirem, inclusive a mim.

-Eu só estava tentando ajudar. -Me defendi do olhar acusador de Anna.

-Se matando? -Perguntou.

-Não exagere, são só uns quilinhos a menos. -Eu disse.

-Ele nem sai mais com a gente, a última vez que saiu com um de nós foi para levar Enzo a terapia. -Dedurou Lucas.

-Enzo está fazendo terapia? -Perguntou Anna, com o olhar... diferente.

-Sim, mamãe. Eu gosto, o Doutor conversa comigo e meus pesadelos vão embora. -Contou o menino.

Anna não sabia o que dizer, abriu a boca más não saiu uma só palavra. Tanto Enzo quanto os irmãos, esperavam uma resposta ou até mesmo alguma reação que eu sabia que não viria, ela precisava de tempo para digerir a informação e eu precisava dar esse tempo a ela.

-Certo, já que dizem tanto que eu não faço mais nada com vocês, vou leva-los até a cantina do hospital para comerem o que quiserem. -Sugeri sabendo que jamais negariam.

-Eba!! Eu quero bolo de chocolate. -Mia pulou da cama empolgada.

-Eu quero sorvete. -Enzo disse descendo também da cama acompanhado por Lucas.

-Também quero sorvete. -Lucas disse.

-Tudo bem para você, mamãe? -Perguntei olhando para Anna.

-Tudo bem, só não exageram. -Pediu e então saímos.

(Pov Gabriel Off)

-Sei que quer entender tudo sobre a terapia de Enzo, então vou lhe explicar. -Disse Bia se sentando na beirada da cama da amiga.

-Por favor. -Anna pediu.

-Na primeira semana que ficou internada, Enzo continuou como sempre, era como se nada tivesse acontecido. Más depois de voltarmos aqui para o México, ele passou a conversar menos com a gente, se isolava e dizia que não tinha nada quando perguntavamos. Biel e eu achamos que era por causa da sua ausência, então esperamos mais um pouco e aí vieram os pesadelos. -Contou.

-Ele chegou a contar com o que sonhava? -Perguntou.

-Na verdade não era o quê, e sim quem. Ele tinha pesadelos com Nate, não nos contou o que ele fazia nos sonhos más ele chegava a acordar todo suado de tão apavorado que ficava. -Disse a ruiva, Anna sentiu como se espetassem seu coração.

-Foi por tudo que ele presenciou, Nate gritava bastante e chegou a nos ameaçar diversas vezes. -Lembrou Anna.

-Falando nisso, quero te perguntar uma coisa. Como foi que Lorena morreu? Foi você quem atirou nela?

-Não. Ela se tocou que eu poderia estar grávida e ficou furiosa, ameaçou me matar, aí Nate chegou e... bom, atirou nela antes que a mesma atirasse em mim. -Contou.

-Sinto muito por ter perdido o bebê, Biel também ficou arrasado. -Confortou.

-Eu imagino. -Suspirou a morena. -Por que perguntou de Lorena?

-Acha que Enzo a viu morta? -Perguntou.

-Não tenho certeza, más eu pedi para ele fechar os olhos quando passamos pelo corredor onde ela estava. -Disse Anna.

-Eu acho que ele não te ouviu. Além de ter sonhos com Nate, ele chegou a sonhar com uma mulher morta. -Disse a ruiva e Anna passou a mão em seu rosto, era frustrante saber pelo que seu filho mais novo tem passado na sua ausência.

-Os pesadelos pararam mesmo? -Perguntou lembrando do que o pequeno disse.

-Sim, ele não teve mais. Dormi com ele a duas noites atrás por que ele pediu e depois dele pegar no sono, só acordou no dia seguinte.

-Que bom, agradeço por estar cuidando deles tão bem. -Anna sorriu fraco, sabia que podia contar com Bia para tudo.

-Está tudo bem. São como se fossem minha família, todos vocês até mesmo Maria que já é como uma mãe postiça. -Brincou.

-Você e seu dom de fazer amizades com todos em todo canto. -Disse e ambas riram.

Depois de Você (FINALIZADA)  ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora