SETE

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Thiago Gonçalves

Ver minha cidade de cima é algo que eu nunca me acostumo, sempre me dá um frio no estômago e um calafrio. Talvez seja o medo de altura, não sei, mas eu também tenho que assumir a beleza que é a vista daqui de cima.

Eu tenho esse helicóptero a algum tempo, se usei mais de umas cinco vezes foi muito. Marcelina que me disse pra comprar, eu deveria ter negado, mas sempre gostei de brincar com coisas assim.

Mas esse barulho, o fato de chamar uma puta atenção de toda a cidade faz com que eu não goste tanto assim. Além do fato de eu ter que ficar a mais de um par de dezenas de quilômetros de distância do chão.

Eu olho pro lado e encontro meu pai com uma cara de semi-pânico, eu devo ter a mesma cara, do lado do meu pai está a Marcelina tirando fotos dela mesma e da paisagem.

Se eu não estivesse em um quase pânico também poderia tirar algumas fotos. Mas também não tenho a quem mostrar de qualquer forma. Minha memória me permite pintar a imagem qualquer hora dessas.

Quarenta minutos depois estamos chegando a grande cidade de São Paulo, o tal cara marcou num prédio no centro da cidade e eu sou grato, já que é bem mais fácil pra chegar lá já que descemos no mercado do papai.

— Eu não venho aqui há algum tempo. - meu pai diz assim que pousamos — Tenho que vigiar minhas finanças de perto, filho, nunca se sabe quando somos apunhalados pelas costas. - meu pai não sabe ser discreto, Deus que me livre

— O senhor vai visitar o lugar agora? Temos um horário. - Marcelina diz e meu pai apenas dá de ombros

— Estamos duas horas adiantados. - ele apenas fala antes de descer do helicóptero atrás de mim — Vem comigo? - eu afirmo mas por ir mesmo e não por gostar disso

Caminhamos pelo heliponto até chegarmos ao elevador acompanhados de um segurança. Muita gente não entende o porquê de tanta segurança mas meu pai meio que é um homem bem rico.

Bom, ele não era até eu conseguir vender minhas primeiras telas. Éramos uma família normal, meu pai vendia cesta básica, minha mãe tinha um salãozinho dentro de casa e éramos felizes. Somos felizes.

Quando eu ganhei meu primeiro milhão eu tinha vinte anos e não tinha muito com o que gastar. Com a ajuda do Arthur, que é meu advogado, eu investi uma parte desse dinheiro, a outra eu comprei um mercado pro meu pai.

Ele surtou na época, era um mercado pequeno mas o maior da nossa cidade. Ele foi tão bem em administrar o lugar que o mercadinho se tornou um hipermercado com filiais em muitas outras cidades.

Esse é o principal mercado mesmo sendo uma filial, meu pai deixa ele nas mãos da minha tia Cristiane, que também cuida muito bem do lugar. Ele visita o lugar algumas vezes por mês, pouquíssimas pessoas sabem que meu pai é o real dono do lugar, acham que é minha tia.

Tia Cris é uma mulher alta, com porte elegante e que sabe se comportar muito bem como dona do lugar. Ela é formada em administração e largou o emprego numa empresa incrível só pra tomar conta do "negócio" da família.

Ela nos espera com os braços abertos no andar administrativo do mercado. Ela me abraça apertado, como se não me visse a muito tempo, e é verdade isso. Não a vejo desde o Natal e já estamos em junho.

— Você tá mais gato do que eu me lembrava! - tia Cris me faz rir

Ela é do tipo tradicional de tia, que pergunta como estão as namoradas, que faz a piada do "pavê-ou-pacomê". Como só tenho ela de tia ela faz o papel do tio chato também. Eu amo a tia Cris.

Thiago - Série Homens Perfeitos #3Onde histórias criam vida. Descubra agora