Thiago - Série Homens Perfeitos #3

VINTE E DOIS

Thiago Gonçalves

— Vocês precisam estar prontos em meia hora, a assistente social já deve estar vindo. - meu cunhado diz assim que o almoço termina e eu seguro a mão da Júlia indo com ela até nosso quarto

O dia foi mais surpreendente do que eu sonhei. Nem mesmo os meus sonhos mais insanos me prepararam para esse dia. Júlia está aqui. Com as mãos grudadas na minha.

Júlia, a minha Júlia, ela está aqui!

Meu coração ainda não se recuperou de vê-la dormir na nossa cama ou dela ter aceitado se casar comigo pelo bem da Sol. Mas eu posso me iludir e pensar que, pelo menos, um por cento dela ainda gosta de mim, não posso?

Júlia parece aérea ainda. Ela mal comeu e o que comeu foi bem no automático. Sei que ela e minha mãe tiveram uma conversa séria a sós mais cedo, mas não sei de nada sobre que elas conversaram mas sei que isso afetou ela.

— Minhas coisas vão ficar aqui? - ela pergunta quando entramos no nosso quarto

— Até o quarto principal ficar pronto. - ela franze a testa

— Como assim? - eu tiro o relógio do meu pulso e caminho para o closet

— O quarto do andar de cima tá em reforma, a gente se muda pra lá em um mês, no máximo. - eu me viro e a vejo com a sobrancelha levantada — Você tem carta branca pra fazer do jeito que você gosta, na verdade só falta você decidir algumas coisas para a obra começar. - ela afirma e entra na parte dela do closet

O lugar não ficou muito grande porque foi dividido pra nós dois, mas ainda tem um bom espaço entre nós dois. Há duas poltronas grandes nos separando e eu estou detestando esse espaço.

— Vou tomar banho. - ela só comenta e já anda em direção ao banheiro me deixando sozinho no closet

Eu bufo encarnado a porta por onde ela passou. Pego uma muda de roupa e sigo até o quarto onde deixo minha roupa sobre a cama. Júlia não demora muito pra voltar pro quarto e eu babo quando vejo ela enrolada na toalha, mas também sinto meu rosto esquentar com minha vergonha.

Meu banho é mais demorado do que esperava, leva mais tempo para eu conseguir acalmar meus ânimos. Júlia me espera sentada na cama penteando o cabelo e isso me deixa feliz e ao mesmo tempo cheio de vergonha.

Será que ela me ouviu no banho? Deus, por favor não.

— Só um minuto, eu me arrumo rápido. - ela não esboça nenhuma reação e isso me preocupa muito mais do que se ela fizesse um escândalo

Eu termino de me arrumar rápido como prometido e caminho até a cama me sentando ao lado dela.

Preciso saber o que está passando pela cabeça dela, aprendi com minha mãe e irmã que uma mulher calada é bem mais perigosa do que uma histérica.

— Me conta. - ela me olha com a testa franzida

— Contar o quê? - eu reviro os olhos e ela ri levemente — Você e essa sua mania de revirar os olhos a cada cinco frases. - eu sorrio dando de ombros

— Vai, boa tentativa em tentar me distrair, mas eu realmente quero saber. - ela suspira profundamente — O que minha mãe te falou que te deixou desse jeito?

— Sua mãe? Tia Nenê não falou nada demais, apenas disse que estava feliz que eu estava de volta e me explicou tudo o que aconteceu. - eu deveria ter feito isso, ela precisava ouvir isso da minha boca, mas fico feliz que minha mãe tenha feito isso

— E...? - ela dá de ombros

— Foi bom saber de tudo do ponto de vista dela e, mesmo que eu me negasse a ouvir tudo, tia Nenê me obrigou a ouvir ela. - eu afirmo sentindo tudo estranho dentro de mim — Só que eu estou meio exausta, sabe? Foi um mês extremamente cansativo, agora isso tudo. - ela faz um gesto com a mão apontando todo o quarto — Eu sei que é para uma coisa muito boa e eu não posso encontrar palavras pra expressar o quão feliz eu estou, mas é demais pra mim agora. Pra minha mente no caso. - eu afirmo entendendo ela