DEZ

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Júlia Pinheiro

Minhas mãos estão suadas, eu as coloco embaixo das minhas pernas e respiro fundo. Não que isso ajude muito com a minha ansiedade, não quando eu estou prestes a conhecer o alvo da minha matéria e estou sentada bem no meio da sua sala.

Esse lugar é enorme, enorme mesmo, cheio de separações, salas e mais salas, janelas por todo o lugar, pequenos objetos que custam mais do que meu rim, mas ainda sim eu tenho a sensação de estar em casa. É completamente insano, eu sei, mas me sinto em casa.

Eu sinto vontade de sair andando pela casa e minha curiosidade quase me impulsiona a isso, mas o cara de dois metros de altura no canto que mantém os olhos em mim me assusta como um inferno e eu nem sou doida de me levantar.

Quantos seguranças esse cara deve ter? Eu nunca vi esse segurança em si, mas aposto que ele vivia rondando a casa e já me viu algumas vezes, por isso não para de me encarar.

— Senhorita Pinheiro? - eu tomo um susto leve mas não deixo isso transparecer quando olho para o outro segurança que entra na sala

Esse sim eu já vi, era ele que estava dirigindo quando quase bati meu carro no do pintorzinho de merda, graças a esse incrível motorista que a Mimosa não tem nenhum arranhão. Bom, não nenhum novo, só os mesmos de sempre.

— Oi. - eu abro um sorriso pequeno, não quero que ele ache que quero algo a mais aqui, sou profissional e isso aqui é assunto de trabalho

— O doutor te espera no atelier. - eu arregalo os olhos levemente

Eu ouvi falar que poucas pessoas entraram em seu atelier, ninguém além do círculo íntimo do pintor e eu já tô começando bem.

Eu me levanto e ajeito meu vestido antes de seguir os passos do segurança/motorista. Eu tenho que apressar meus passos já que ele tem as pernas maiores que a minha e eu estou de salto.

Tô começando a rever o porque eu decidi vir de salto. Lógico que minha melhor amiga que escolheu minha roupa, na verdade ela meio que me deixou tudo separado mais cedo enquanto eu estava na pracinha da cidade com a Solzinho, quando cheguei em casa ela já tinha escolhido tudo e deixado sobre a minha cama.

Jamille as vezes, ou quase sempre, tem um jeito bem dominador. Tenho até pena do Arthur.

Pensar no Arthur me faz pensar no Thiago e não é uma coisa que eu queira nesse momento. Não porque eu não queira pensar nele, mas porque eu não posso.

Thiago é a minha kriptonita, não que eu seja nenhuma "Supergirl" mas ele é. Pensar nele me deixa fraca, meu peito dói e eu fico com falta de ar. Se eu não sou esse que isso é amor eu acharia que estava tenho um infarto.

Eu até preferia ter um infarto a amar esse cara, não que ele não me mereça é justamente ao contrário. Eu não mereço o Thiago. Ele sempre me amou, sempre esteve lá por mim e eu nunca, nunca mesmo, me dei conta disso até ser tarde demais.

Por isso eu não o procuro, não falo sobre meus reais sentimentos pra ninguém. Eu não posso trazer ele pra minha vida confusa, ele está bem pelo que eu sei e não seria justo com ele depois de todo esse tempo eu dizer que o amo. Mesmo que eu faca isso.

— Aqui estamos. - o segurança/motorista abre uma porta de madeira escura e eu tenho que forçar minha visão para ver o local pela pouca iluminação — O doutor já virá, apenas não mexa em nada senhorita. - eu afirmo me sentindo uma criança errante

Eu devo ter cara de quem apronta porque vivem me dizendo pra me comportar ou não mexer em nada. Eu hein, eu já sou grandinha, tenho dezoito ano!

Thiago - Série Homens Perfeitos #3Onde histórias criam vida. Descubra agora