Thiago - Série Homens Perfeitos #3

DEZESSETE

Thiago Gonçalves

Eu continuo a bater meus dedos sobre minha perna nervosamente enquanto o André desliza com o carro pela estrada em direção a minha casa.

Acabei de assinar um contrato milionário que me fez o segundo artista plástico mais rico do Brasil. Não que isso seja o que eu queira, não mesmo, mas esse reconhecimento é bom afinal. O contrato me fez dono de algumas galerias de artes e também de uma pequena escola de artes na minha cidade. Não é o que eu imaginava, foi bem mais do que isso.

— Sua irmã ligou mais cedo, senhor. - eu deixo de batucar minha perna e o olho

— Outra vez? - ele afirma e eu bufo

— O seu celular descarregou a algumas horas. - eu franzo a testa — Não colocou pra carregar, não foi? - eu nego

— Nem lembro da última vez que fiz isso. - ele ri e gira o volante em direção a minha casa — O casamento já começou? - eu pergunto vendo a lua enorme já no céu

— Sua irmã só está te esperando. - eu respiro fundo — Já fiz tudo o que pude e o que o senhor pediu para que seu contato com a Júlia seja o mínimo possível.

— Obrigado por isso. - é um resmungo mas é tudo que posso falar agora

O carro para na garagem, não posso dar bobeira agora, Júlia pode me ver como o Best mas sem máscara. E eu realmente não quero isso agora.

— Senhor... - André diz quando a porta da garagem está se fechando e eu o encaro com a testa franzida — Lembra do outro assunto? Da menina Sol? - eu afirmo — Está resolvido.

— Você já conseguiu a adoção dela? - ele afirma outra vez e eu sorrio

— A assistente social virá aqui para visitar a casa outra vez, da última vez a Júlia não estava e, como ela está listada como mãe da menina, a assistente quer conversar com ela. - eu afirmo já pensando no que eu vou ter que fazer pra explicar isso — O senhor precisa de mais alguma coisa? - eu nego

— Não, André, obrigado. - eu abro a porta do carro e saio do mesmo indo em direção ao meu quarto

Eu pego o caminho mais privado, exatamente o que meus empregados usam e chego em meu quarto o mais rápido que posso. Para minha total surpresa, eu ouço o som de uma música no meu closet e quase corro em direção ao banheiro pra me esconder de quem quer que seja.

— Best? Amor, é você? - eu sinto meu coração parar por um segundo, nem sei se é o medo de ser pego assim sem a máscara ou é por ela me chamar de amor — Desculpa a invasão é que eu borrei meu batom quando comi uma coisa lá na sua cozinha e vim aqui pra arrumar. - eu afirmo mas só então lembro que estou trancado no banheiro e ela não pode me ver

— Tudo bem amor, eu vou tomar banho pra adiantar. - eu tiro minha roupa e me enfio dentro do banheiro

Demoro um pouco e só saio quando ela se despede. Eu me arrumo rápido colocando o terno que ficou separado pra mim pela minha irmã e calçando o sapato preto. Quando estou passando meu perfume eu tomo um susto quando ouço a porta bater outra vez.

— Amor, tá aqui ainda? - eu fico em pânico por dez segundos procurando algo pra me esconder

— Eu tô no closet mas não vem Júlia, eu estou sem a máscara. - ela é curiosa, aposto que vai vir aqui mesmo que eu pedi para que não venha — Por favor...

— Tudo bem, eu não vou. - eu respiro fundo — Mas eu quero te ver antes do casamento. - eu também quero e quase me viro na mesma hora, mas respiro fundo

— Minha máscara está no criado mudo, pega pra mim por favor. - ela não leva mais do que dois minutos para fazer isso e me entrega comigo ainda de costas para ela