DEZENOVE

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Júlia Pinheiro

Eu limpo o suor que escorre por minha testa e respiro fundo. Odeio vomitar, odeio ficar doente, odeio que eu esteja doente no meio da minha primeira viagem internacional. Minha sorte é que já estou no vôo de volta para São Paulo.

A semana passou rápido demais, me meti em tantas encrencas que só não fui presa por sorte e também porque a Luizy Levine é a menina mais fofa do universo. Ela tem uma história linda de superação e eu chorei quando ela, finalmente, me contou tudo o que ela já passou.

Lógico que isso foi quase no último momento que eu tinha. Ela estava super ocupada com o trabalho da ONG onde ela é madrinha - tudo bem que tive várias fotos incríveis dela e do marido lá, mas isso me atrasou muito -, no hotel ela não quis me ver. Tanto que eu fui quase expulsa de lá de tanto insistir em falar com ela. Mas eu não sou de desistir tão fácil e a ganhei no cansaço. E, claro, depois de ter feito uma merda de ter me encrencado.

Eu tentei escalar as janelas do hotel até o quarto dela - o que não deu certo, óbvio - e quase fui presa mas a Luizy me ajudou e decidiu me conceder a entrevista pra eu sair logo da vida dela.

Senhorita? - a comissária de bordo bate na porta do pequeno banheiro onde eu estou a uns dez minutos — Você está bem?

— Não, né. - eu reviro meus olhos e dou descarga no vaso sanitário — Já tô saindo. - eu lavo minhas mãos e jogo água no meu rosto

Minha imagem no pequeno espelho me diz que estou com uma cara horrível. As olheiras estão ainda mais acentuadas, além de não dormir bem a algum tempo agora estou com cara de morta-viva. Sou uma linda zumbi afinal de contas.

Eu saio do banheiro ainda me sentindo um pouco tonta, mas caminho até meu acento e prendo o cinto de segurança. O notebook aberto a minha frente me diz que eu tenho que trabalhar mas só quero dormir pra ver se esse enjôo passa.

O vôo dura mais tempo do que eu queria, vou ao banheiro mais vezes do que meu corpo aguenta mas mesmo assim não me entrego. Deveria, não tenho motivos nenhum para continuar, mas me sinto em falta com a Luizy e é por ela que termino minha matéria.

Quando, finalmente, o comandante avisa que já estamos chegando. Eu desligo o notebook e fecho meus olhos. Só queria poder dormir mas meu corpo não concorda com isso.

Saio do avião lentamente, sentindo meu corpo pesar em cada passo que eu dou. Minha sorte é que a minha mala não é grande e que não preciso demorar muito para sair do aeroporto.

Eu sinto a brisa bater em meu rosto assim que piso fora do aeroporto. Pessoas vem e vão numa rapidez digna de São Paulo e eu nao sabia que isso já não me agrada mais. Achar um táxi parece uma maratona e tenho a sensação de que vou cair a qualquer momento. Se eu não tivesse tomado as vacinas necessária eu acharia que tinha contraído alguma doença.

— Dona Júlia. - eu nunca fiquei tão feliz em ouvir a voz do André — A senhora está bem? - eu sinto o braço dele me apoiar no momento em que minhas pernas falham um pouco — Vem, eu vou te levar pro hospital. - eu nego

— Não precisa, é só cansaço. - ele não acredita nenhum pouco, na verdade nem eu acredito nisso — Vamos fazer o seguinte, eu te deixo me dar uma carona mas só se você me levar pra pensão. - se eu ainda tivesse um lugar lá já que sumi por uma semana sem dizer pra dona Rose pra onde eu ia

— Vem, eu te levo lá. - ele me ajuda a andar porque de repente minhas pernas estão fracas demais e eu não consigo andar até o carro — Senhorita Júlia, eu não acho que seja apenas uma virose isso. - eu reviro meus olhos

— André eu te respeito muito e sou grata pela carona que você vai me dar, mas é só. - ele afirma e abre a porta do carro para mim, eu deslizo sobre o banco de couro e o cheiro do mesmo me faz franzir o nariz

Thiago - Série Homens Perfeitos #3Onde histórias criam vida. Descubra agora